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CARTAS PARA A MINHA CRIANÇA INTERIOR - SEMANA 3 - PARTE 1

CARTAS PARA A MINHA CRIANÇA INTERIOR - SEMANA 3 - PARTE 1
Isolene Schmitz
dez. 24 - 5 min de leitura
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Carta 15

Enfim criança, você já não precisa mais ir para a escola, e mesmo que quisesse, não conseguiria pois teria que ir para outra escola a oito quilômetros de distância. Não havia ônibus, bicicleta ou qualquer meio de transporte por aquelas estradas.

Mesmo que você tenha se esforçado tanto para ter a maior nota, agora só resta trabalhar na roça de sol a sol, com plantação de fumo.

Em um dia de sol forte, teve que aplicar veneno no fumo alto, e devido a sua estatura, se intoxicou. A dor de cabeça foi tão forte que até a consciência você perdeu. Sequer sabe como foi para casa. Devido a isso, até pouco tempo atrás não podia nem sentir o cheiro de perfumes porque estes lhe causavam mal estar.

Sim, você sobreviveu apesar de tudo, nunca perdeu a esperança!

Por você ser uma pessoa tão trabalhadora, o seu irmão lhe deu um presente: uma viagem de ônibus para praia. Uau! Conhecer a praia... Nem dormiu aquela noite, foi a primeira vez que passou por uma cidade vendo todas as luzes acessas, e ainda nem sabia o que era energia elétrica.

Quando avistou o mar, aquele céu de azul infinito, falou que queria ficar ali para sempre. “A palavra tem poder”. Usufruo dessa beleza há 34 anos, brincando com filhos e netos na areia.

Carta 16

Criança, vejamos mais algumas cenas deste filme que está nas ultimas partes. Já podemos avistar uma pequena luz no fim do túnel.

Ainda bem que você aprendeu muito cedo a lei da semeadura e nunca perdeu a fé. Com isso, clamava a Deus que mostrasse o caminho e a sua missão. Como conhecia a frase “nada é coincidência, tudo é providencia”, começaram a aparecer anjos na sua vida.

Morou numa casa de veranista para cuidar dela sem precisar pagar aluguel, pois vivia uma fase difícil, era natal. Dia 27 de dezembro chegou à dona da casa.

Sim!

A dona da casa era uma professora, aquela me ensinou o que nunca aprendi na sala de aula... ensinou aquilo que eu ouvia falar desde muito pequena: amor ao próximo! Trouxe presentes para a família toda, roupas, alimento, produtos de limpeza. Fiquei lá por 7 anos. Admirava-a. Sempre tomava banho de sol com um livro na mão. Trabalhei em outras casas de veranistas e conheci outra mulher que também apreciava a leitura.

Pensava, que sonho ficar lendo...

No ano de 1993 eu li o meu primeiro livro: “O poder infinito da sua mente”.

Carta 17

Esse livro foi uma ferramenta incrível que transformou a minha vida, me tirando de um momento de grande tristeza, pois tinha perdido um lindo tesouro... minha  terceira filhinha. Aprendi que temos dois caminhos, amor ou dor.

Durante a dificuldade surgiu a oportunidade. Me senti confiante e capaz. Resolvi sair da pobreza. Comecei a sonhar!

Além de trabalhar muito, comecei a dedicar grande parte do tempo para estudar a bíblia, fazer teologia, dedicar-me aos trabalhos voluntários, ser catequista, participar e coordenar grupos de reflexão e de liturgia, trabalhando nas festas da igreja, nas reuniões políticas, até me candidatar a vereadora, sempre envolvida em movimentos comunitários.

Foram anos de realizações, festas de natal e final de ano com a casa cheia... Em alguns anos desta época foram feitos muitos pães e cucas, e o dinheiro foi guardado dentro de uma fronha de travesseiro, pois não dava tempo de ir ao banco depositar.

Carta 18

Por este motivo não tinha tempo para pensar em você criança, e foi colocando em pratica aquilo que havia aprendido desde pequenina, amar o próximo, só que se esqueceu da continuação da frase que é “como a ti mesmo”.

Esqueceu de si mesma, não respeitou os limites do seu corpo que implorava por descanso e lazer. Aprendeu que é um preço muito alto a se pagar, pois nenhum dinheiro paga o que acontece depois de dez anos nesse ritmo, quando o corpo chega ao limite... Com muitos problemas de saúde e com a certeza dos profissionais que você pararia em uma cadeira de rodas.

Se você quer viver com qualidade para de fazer tudo o que você esta fazendo e esquece-se de trabalhar. Que desespero! O que vou fazer da vida se só aprendi a trabalhar e novamente tive que aprender com a dor, pois voltaram as crenças que era castigo de Deus porque quem nasce pobre, morre pobre e que o rico não entra no reino do céu.

Com isso quase perdi a vontade de viver, afinal de que adianta ter uma casa bonita se não consigo cuidar dela.

Hoje eu sei que isso tudo foi lealdade a mamãe, pois estava exatamente com a idade que ela partiu dessa vida. Recebi um presente lindo do universo, descobri que seria avó pela primeira vez. Nasce uma criança, nasce uma esperança!

Novamente a professora Marli que me motivou a estudar veio me visitar e disse que ela tinha voltado a estudar e a fazer pós graduação, depois dos 60 anos, para sair de uma crise de depressão.

Aprender traz alegria de viver.

 


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