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CONSTELAÇÕES ÉPICAS

CONSTELAÇÕES ÉPICAS
OLINDA GUEDES
jan. 24 - 10 min de leitura
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                                                                                    Olinda Guedes - Aula bônus – Parte 1.    

Quando fiz meu curso de psicologia, naquela época, o afeto era proibido e a espiritualidade mais ainda, a gente não podia declarar o nosso amor.

Saber data de aniversário de cliente era terminantemente proibido; também não era permitido o afeto à humanidade.  Espiritualidade muito menos, eu vivi isso dentro dos meus aprendizados.

Sou filha de Dona Carmelita e de Seo Cizinho e nós sempre aprendemos que em Roma, como os romanos, que se você está fazendo algo, está aprendendo, você tem que ser obediente àquilo que estão lhe ensinando e foi assim. Sempre procurei andar de acordo com os critérios estabelecidos.

O amor nunca sai da gente e aquilo que aprendemos em nossa família e que vêm de berço, desde que a gente decida, é sempre maior do que aquilo que o mundo tenta tirar da gente.

Então agora, por volta dos meus cinquenta anos, eu já decidi ser eu mesma e pensei: desde que eu não ofenda ninguém e deixe claro à pessoa meu respeito ao seu direito de ir e vir; que, como se diz o livre arbítrio, se a pessoa não está se agradando ela tem o direito de se retirar.

Ninguém precisa ler na cartilha de ninguém.

Penso que sempre podemos caminhar junto com aqueles com quem nós temos afinidades e aqueles com quem não temos tanta afinidade, não precisam ficar junto, incomodados.

Pode procurar o seu clã, o seu grupo.

Aqueles que falam uma linguagem comum, que agrade o coração da pessoa e ninguém tem que ofender ninguém, nem se sentir ofendido e nem ofender.

Porque não existe só um time no mundo, assim é.

Nós, Terapeutas  da Escola Real, falamos uma linguagem de transcendência.

Quando encontrei Jung, a minha grande paixão, foi saber que ele tinha essa visão de transcendência e na sequência, nas minhas pesquisas, eu estudei um autor maravilhoso, chamado Victor Frankl.

Ele foi um estudioso, prisioneiro de guerra. Não teve o privilégio de viver assim tantos anos quanto Hellinger, contudo o que importa é que também ele sobreviveu aos campos de concentração.

Esta terapia é chamada Logoterapia -  terapia do sentido de vida. Nasceu dentro dos campos de concentração.  Recomendo a obra dele.

É uma coisa belíssima e para eu oferecer para vocês aqui, no mundo digital, eu recomendo essa obra dele.

Ele falava que, quando a pessoa tem um sentido para viver, ela tem o recurso fundamental para superar qualquer adversidade.

O primeiro ponto para  ajudarmos uma pessoa, não importa o problema, não importa qual é o desafio que ela esteja vivenciando, qual o problema que ela traz para constelar, a intervenção terapêutica que você predominantemente trabalha é identificar, trazer à tona, deixar muito consciente, vivo no coração dela  é o sentido de vida.

Olinda, como vou fazer isso?  

O como é a sua formação terapêutica que deve lhe dar.

Nas entrelinhas, no além do aparente, sempre convide essa pessoa a recuperar o seu sentido de vida, oferecendo estímulos de contextos que recuperam o sentido de vida. Depois, com suas ferramentas terapêuticas, você pode desenvolver de forma exclusiva, como ajudar as pessoas a encontrar o seu sentido de vida.

Como é que nós recuperamos o sentido de viver?

Deixe o espaço, o seu contexto, o seu local de trabalho, mais sistêmico possível, mais macio, mais bonito. Não um bonito sofisticado que afasta as pessoas.

Estou falando de um belo simples, que não constrange, que não exige erudição, mas também que não vai despertar o corpo de dor logo de cara. Claro, nunca vamos deixar a nossa pessoalidade,  levamos quem nós somos também para nossas profissões.

O seu consultório precisa ser o mais afetivo possível.

Como seria você traduzir isso para o seu ambiente de trabalho? Pense, anote, sinta.

Todo profissional que ajuda, terapeutas, coaching, médicos, psicólogos não podem atuar como tribunal, porque cada vez que nós atuamos como tribunal, afastamos a pessoa da possibilidade de cura.

Precisamos ter muito cuidado, como Consteladores, para não atuar como julgadores, como tribunal. Porque se fizermos isso, já não temos condições de ajudar,  temos que nos retirar da relação de ajuda.

Nós não somos juízes, não somos um tribunal e a pessoa está ali para ser ajudada e não para ser julgada.

Até me embarga um pouco a voz. Não é fácil ser mãe de muitos filhos. Bem, alguns aqui de vocês também saibam que eu tenho tido muito desafios... e aí o Rian veio na cozinha falar que um irmão tinha desfeito a cama do outro, pego a roupa do outro e que estavam gritando:

- Mamain!

Levantei e falei na minha cabeça:

- Não vou pegar o chinelo, porque chinelo deixa filhos 'bardosos' , cheio de manias, de maus hábitos.

Estava realmente brava. 

Os oito ou onze passos que separavam a cozinha da sala foram suficientes para acalmar meu ânimo.  Cheguei, fiquei olhando bem para eles, respirei e fiquei ouvindo, escutando-os. Dialogamos!

Subi para o ático e as palavras surgiram brilhantes em meu coração:

É assim que a gente constrói a confiança: com diálogo, com escuta, paciência, respeito!

Não ganhamos confiança dos filhos julgando, agredindo, gritando, xingando e arbitrando.

Só é possível ajudar se ouvimos, com respeito e paciência, dialogando, refletindo, orientando.

Foi lindo!

Tem como você pensar em ser um curador e ser um julgador, ao mesmo tempo? Não, não tem.  Entenderam o que estou falando? Por exemplo: atuar, no mesmo instante, como um juiz e como um constelador. 

Quando o cliente chegar para você, necessita ter o máximo de estímulos afetivos positivos: o filtro de barro, a floreira na janela, água aromatizada com folhinhas de manjericão, a sala preparada para as pessoas chegarem, enfim as pessoas sabem do seu carinho, almofadinha com crochê, tudo aquilo que lembra o amor da mãe.

Isso faz com que o cliente se sinta seguro e se sentindo seguro, ele vai muito rápido recuperar o sentido de vida dele. Olha que lindo! Como é bonito.

Eu teria vontade de dizer, queridos alunos, eu acho que não vou mais dar aula agora, porque eu acho que eu já entreguei tanta coisa de proveito, vocês poderão trabalhar durante uma semana nesse assunto e a gente volta a conversar na semana que vem, é claro que a nossa aula vai até o meio dia ainda, mas é de muito proveito isso que nós estamos falando aqui, não é mesmo?

Por que eu começo essa aula falando de tudo isso?

Porque esse tema de Constelações Épicas é um tema que toca o nosso coração, que toca diretamente violação de direitos humanos, toca vidas, vidas de inocentes.

Para mim é fácil eu sair defendendo os inocentes. Eu defendo os inocentes com unhas e dentes. Esse é um tema que exige muito de nós.

Porque esse é um tema que trata de inocentes. Vamos voltar ao início da nossa aula, quando eu falo de transcendência de espiritualidade, porque eu não vejo outra forma de tocar nesses assuntos, que não tocando a transcendência.

Que não tocando a condição de destinos, não tocando um entendimento espiritual da vida.  Não vejo outro modo. Porque em primeiro lugar é necessário o perdão e aí tocamos num vespeiro.

Vespeiro? Qual?

Porque não foi isso que Bert Hellinger ensinou. Bert Hellinger sempre disse que o perdão pertence a Deus e nós, entre humanos, a gente tem apenas a condição de se desculpar. 

Se alguém falar: isso que a Olinda ensina  não é o que Bert Hellinger ensinou.  Você simplesmente concorda. Porque Hellinger realmente não ensinou assim.

Sei disso, estudei com ele. Todo o professor, todo autor tem direito de pensar, de filosofar e de criar a própria decisão ou métrica, então ele criou assim, está certo.

Mas não é porque ele criou dessa forma que eu, enquanto profissional, devo concordar absolutamente, porque a ciência existe para nos orientar, não para tomarmos como uma religião, no sentido absoluto. Discordo disso e concordo quando  penso que o perdão é um ato divino.

Agora discordo de ensinar e de dizer para as pessoas que só Deus perdoa e que entre nós, nos desculpamos.  Porque existem circunstâncias da vida que precisamos do amparo do coração divino, do coração de Deus que habita em nós.

Deixar a voz de Deus se expressar por meio do nosso coração, senão vamos viver chateados, aborrecidos e não vamos também libertar os nossos irmãos.

Certa vez,  quando  aquela mulher que todo mundo estava querendo apedrejar, uma pecadora, chega o Mestre, chega o Cristo e olha para todas aquelas pessoas e diz:

- “Quem daqui não tem pecado pode atirar a primeira pedra”.

Olha que lição, o Mestre como  sábio.

Quem daqui não tem pecado, atire a primeira pedra, na sequência, ele emana o perdão. 

O que é o perdão?

Fico arrepiada e emocionada de dizer isso a vocês. Vá e não peques mais!

Naquele momento houve o perdão, ele a perdoou e ela se converteu. Isso é o perdão.

O não julgamento humano é a única forma possível de perdão.

Vá e não peques mais.  Entenderam?

 

Baking Love

 

 

 

 

 

 

 


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