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CONSTELAÇÕES ÉPICAS – GENITORES E PAIS

CONSTELAÇÕES ÉPICAS – GENITORES E PAIS
OLINDA GUEDES
fev. 15 - 36 min de leitura
010

 

OLINDA GUEDES  - AULA BÔNUS 4

Tenho percebido ao longo de meus aniversários o quanto o silêncio é ouro.

O quanto mais cuidadosos nós precisamos ser, não só com o silêncio, mas também com as palavras.

Quanto maior a nossa memória de orfandade e de abandono menos nós suportamos o silêncio.

Vocês se lembram do tempo que era quase impossível silenciar na vida de vocês?

Eu lembro como era na minha vida.

Não era difícil só ficar dentro de um espaço onde o silêncio era o lema, era difícil para a minha mente ficar em silêncio.

É  um aprendizado, é uma cura.

Quanto mais nós curamos o órfão em nós, a memória de orfandade em nós, mais nós conseguimos nos sentir em paz com o nosso ser, mais nós ampliamos o nosso estado de presença e a gente nunca mais fica sozinho, mesmo estando dentro da nossa solitude, não estando acompanhado por nenhuma outra pessoa.

Nós, nos sentimos mais e mais presentes, à medida que nós curamos a memória de orfandade em nós, isso é tão importante.

Talvez seja a principal ferida que a humanidade precisa curar.

A memória de orfandade que mora em todos os sistemas.

Todos os sistemas, seja orfandade pessoal, seja transgeracinal, seja orfandade de fato ou  emocional.

Se engana quem pensa que a memória de orfandade, ela existe somente em função do falecimento precoce dos pais na vida de um filho.

Esta talvez seja a forma mais fácil de lidar. A orfandade transgeracional, sofrimentos que a humanidade carrega em função dos órfãos de pais vivos.

Você já deve ter ouvido este termo, não é?

A pessoa que não recebe cuidado, amor e atenção.

Nós temos falado com muita frequência sobre isso aqui na escola real. Quantos ainda estão à espera dos pais, quantos ainda nunca experimentaram o amor, o cuidado do amor, o amor parental.

Quantos e quantos. Por isso, aqui na escola real, nós diferenciamos totalmente, pais e genitores.

Ninguém caiu da árvore, ninguém nasceu de uma árvore. Portanto temos genitores.

Mesmo que a sua genitora chame Aurora e os eu genitor chame Oceano. Todos temos genitores, todos temos uma origem numa figura feminina e numa figura masculina.

Isso não significa que todos temos pais.

Ali no ambiente do nosso curso no saber sistêmico em um dos módulos, eu faço essa pergunta:

- Que idade você tinha quando os seus pais nasceram para você?

 Isso é uma pergunta muito importante, não para a gente responder com a mente, mas essa é uma pergunta importantíssima para a gente poder curar a nossa vida.

Os nossos pais nascem para nós, primeiro quando nós os encontramos, não tem como os nossos pais nascerem para nós, se eles não existem. Ontem eu falava sobre da importância da filosofia para um terapeuta, isso aqui é lógica, é dialética.

Você chega num terapeuta, num constelador e ele fala assim:

- Você precisa se reconciliar com o seus pais?

Ai, como é que faz se você não tem pais?

Entenderam?

Por isso que muitas constelações, intervenções terapêuticas não resultam ou resultam pouco, porque é como se tivesse operando em cima de uma ilusão.

Nós não consertamos um carro se um carro não existe, não e mesmo? Nós não vamos consertar um pneu, sem tem o pneu ali.

Antes de algumas compreensões, nós precisamos ter outras.

É fundamental nós nos reconciliarmos com nossos pais.

No item um, é fundamental nós nos reconciliarmos com a nossa orfandade e curar as nossas feridas de orfandade.

Encontrar país para nós, é sermos filhos.

Nós precisamos antes de curar o vínculo com os nossos pais, nós precisamos ter esses pais.

Na maioria das vezes, nós precisamos fazer um processo de ordenação, colocar as coisas nos lugares certo.

Lembram do princípio da ordem?

Genitores no lugar de genitores.

Mas eu vivo em conflito com genitores?

Então, o primeiro passo é resolve os conflitos com essas pessoas.

Mas, Olinda, o meu conflito é, porque que eles não cuidaram de mim? Porque que eles não zelaram?

A dor da criança ferida, essa terapia precisa ser a terapia da conversão, a terapia do perdão, da compreensão, do discernimento.

Ninguém dá o que não tem.

Ninguém dá o que não recebeu.

Por isso eu chamo esse trabalho de constelações épicas.

É como se fosse um trabalho de herói, como se fosse um trabalho de ir no âmago do sofrimento, com toda coragem, com toda fragilidade, que existe.

Ir até o ponto que existe a dor e o sofrimento e a partir de ali trazer a solução.

Então eu vou precisar olhar para esse homem que é o meu genitor e para essa mulher que por ventura é a minha genitora, aquela que entregou o material genético, o material biológico necessário, eu vou precisar dizer a eles:

- Muito Grata! Vocês não puderam me dar nada a mais que isso.

Mas sem isso eu não teria um corpo físico, não é.

Vem todo o corpo de dor.

Porque às vezes a pessoa está tão dentro das noites escuras do seu sistema, que ela poderá estar dentro de uma experiência que se chama ignorância.   É a experiência de nós ignorarmos.

Tem muita gente que não sabe ainda, que o nosso maior desejo, maior aspiração é ter a forma física.

É estar num corpo físico, muita gente ainda está na ignorância, não lembrou disso.

Nunca escutou isso, nunca sentiu isso.

Vive dentro de um estado de pecado.

O que é o estado de pecado?

É o estado de violar a consciência divina que há em nós.

Quem aqui já sentiu a experiência de eu realmente queria nascer?

Então nós precisamos sair dessa experiência, dessa ilusão que foi imposta para nós, a ilusão é que são os pais que decidem acerca de quantos filhos eles querem ter, isso é uma ilusão.

É uma presunção nossa.

Porque o fato é que são as crianças que querem nascer.

Somos nós que decidimos nascer.

Imagine que é como se nós estivéssemos numa energia pura maravilhosa e de lá nós contemplássemos o mundo e contemplando o mundo a gente vê que o mundo é tão bonito.

É feio, mas é bonito.

É triste, mas pode ser alegre.

Imagina que nós olhamos esse mundo materializado de matéria, e a energia tem uma força natural de querer tomar uma forma física.   Isso é uma condição da energia.

Ela quer se tornar matéria, quer se amplificar e aí nós experimentamos, nós enxergamos oportunidades.

Dentro da condição de energia nós não temos julgamentos, nós aproveitamos a oportunidade que está.

Gosto de acreditar nas coisas bonitas.

Dizem que não cai um fio de cabelo ou uma folha de uma árvore senão tiver a permissão divina.   Vocês gostam de acreditar nas coisas bonitas também?

Fico imaginando essa grande consciência divina quando autoriza essa energia que somos nós a tomar a forma física em situações inóspitas, muito desafiantes.

Só nós olharmos para a vida de nossos irmãos que certamente nós que estamos aqui somos muito privilegiados, só o fato de nós estarmos aqui no sábado de manhã ou ter escolhido estar aqui, já significa que nós somos seres muito privilegiados.

Imagina os nossos irmãos que nunca terão contato com essas informações, com essas possibilidades.

Contudo eles estão tendo a oportunidade divina de experimentar a forma física.

Nós vamos compreender quando nós temos essa conversão, a informação que toca o coração e faz a gente olhar e dizer.

Que bom que eu pertenço a essa família.

Não esse ego, é essa consciência divina.

Escolhi e que fui permitido que eu pudesse ter uma experiência humana.

Talvez eu esteja me aprofundando muito nesse assunto.

Nós enquanto terapeutas, precisamos expandir a nossa consciência para essas compreensões.

Porque então chega a pessoa e ela tem genitor e genitora, fica óbvio e ela não tem experiência, ela tem uma orfandade funcional e ai nós começamos a perguntar e a pessoa vai descrevendo um pouquinho da história que ela conhece e nós logo observamos que ali a orfandade começou a várias gerações.

Há várias gerações o amor foi interrompido e que ninguém entrega aquilo que não tem.  Poxa! E agora?

Como que eu vou ajudar essa pessoa?

O primeiro movimento de ajuda, para a gente ajudar é a compaixão, nós precisamos ter empatia com o nosso cliente, dizer e compreender do fundo do nosso coração. É verdade, se eu tivesse no lugar dessa pessoa também estaria sofrendo dessa forma. Segundo lugar, nós precisamos ajudar essa pessoa a compreender que ninguém dá o que não tem.

Não será esse genitor, essa genitora que vai entregar para essa pessoa o amor de mãe ou o amor de pai, senão o fez até agora, muitos já até faleceram, estão só dentro da relação afetiva e de memória, não terá. Como nós vamos precisar fazer para ajudar essa pessoa a agradecer por ter recebido só o essencial?

Só o essencial? você pode estar se perguntando...

- Exatamente.  Você agradece pelo essencial. Sem isso, não haveria vida num corpo físico. Entenderam?

O essencial essa pessoa recebeu daquelas pessoas e agora o que ela faz? Agora, se ela consegue agradecer e se ela consegue perdoar.

Perdoar porque aqueles adultos desperdiçaram uma das maiores experiências que o ser humano pode ter nesse planeta, nesse mundo, nesse universo, que é o amor de pai, o amor de mãe.

Tanto é que a gente chama Deus de pai, Deus de Mãe.

A maior experiência que a gente pode ter é quando se pode ser pai e quando a gente pode ser mãe, por isso para pessoa seguir para diante quando a pessoa tem apenas genitores e que tem uma orfandade funcional é realmente liberar o perdão.

É lembra que um dia, que o próprio Cristo disse:

-Pai, perdoa, porque eles não sabem o que fazem.

Olha que lindo que é isso.

A ignorância priva as pessoas das maiores felicidades.

A ignorância priva as pessoas da felicidade, da saúde e da prosperidade.

A ignorância é a mãe de todos os sofrimentos.

Viram como é importante o conhecimento?

Todos os conhecimentos que são factíveis, possíveis da gente colocar em prática.

Não aqueles conhecimentos que a gente não sabe o que fazer com eles, mas todo o conhecimento que nos ajuda a ter uma vida melhor, uma melhor gestão do nosso orçamento, uma melhor organização da nossa dieta.

Que nos trazem sabedoria e que nos levam para o mais, que abrem as portas para os milagres e a pessoa diz assim:

Nossa! Minha vida parece um milagre, porque não era para ser assim, as pessoas encontram comigo e falam:

Fulano você é de muita sorte.

Eu penso, acho que eu tenho muita sorte mesmo.

Nós vamos analisar e observar a vida dessa pessoa e vamos perceber que foi uma pessoa e não é que ela tem exatamente tantos diplomas e tantos certificados, não, porque essa pessoa colocou em prática as pequenas coisas que ela foi ouvindo, os pequenos conhecimentos e ela foi praticando.

Então, essa condição em primeiro lugar de nós sermos gratos, esse movimento sistêmico da gratidão, ele é fundamental, mas a gratidão não existe sem a compreensão.

Sem a compressão a gratidão ela é só uma palavra, só uma possibilidade.

A medida que nós compreendemos, conseguimos dar um passo além. Qual é o passo além?

Agora eu estou livre, eu libero e estou livre.

Olha que coisa bonita.  A verdade vos libertará.

Eu agradeci o essencial que eles me entregaram, pela condição, pelos elementos masculinos e necessários para que eu tivesse uma forma física.  Essencial.

Agradeci.

Pai, perdoa porque eles não sabem o que fazem.

Pai me ajuda a perdoar.

Porque eles não sabiam o que faziam.

Pouco a pouco o coração vai sendo preenchido por gratidão.

As feridas vão cicatrizando.

A dor vai transformando em amor, em pérola.

E aí, o que a pessoa está pronta?

Pronta para curar a sua orfandade, está pronta para dar o seu passo decisivo.

É como se ela estivesse sido aprovada, admitida em função dos seus resultados para ir para as olimpíadas. Entenderam?

Essa é a fase fundamental de conseguir agradecer os genitores pelo essencial. 

Como que eu vou esperar que eles me entreguem alguma coisa que eles não receberam.

A pessoa está pronta para encontrar os pais na sua vida.

Para encontrar o amor na sua vida. Viu?

Como é que isso é possível?

É tão possível, tão simples, que parece um mistério.

Porque ao emanar o perdão, ao encontrar a gratidão de forma tão plena, naturalmente, essa pessoa já sai da orfandade.

Ela não é mais órfã, é simplesmente um ser e pronta o para tomar o amor do pai e o amor da mãe.  Olinda de qual pai, de qual mãe?

-Não, sei. Você quem sabe.

Ai, Olinda. Engraçado, depois que eu perdoei, chegar nesse estado de consciência, de constelação e agradecer os meus genitores pela vida, eles me entregaram.

Olinda, a vida ela é feliz, a cura é uma alegria.

Você não está mais órfã, mesmo.  Porque se você já perdoou aqueles que te causaram algum dano.

Se você já consegue agradecer pelo dom que eles te fizeram, você não está preso nesse estado de infelicidade.

Agora você está neste estado de amor, de bem-aventurança.

E qual é? É o estado de ser filho, é o estado de pertencimento.

Vocês podem estar se perguntando, talvez não seja nem necessário a pessoa tomar de forma arquetípica, a natureza é minha mãe ou uma madrinha ou um padrinho, talvez nem isso seja necessário.

A conversão tira a pessoa da orfandade. Viram?

O pentecostes tira a pessoa da orfandade.

As vezes nós precisamos de algumas fontes e Deus deixou muitas oportunidades de pontes.  Vocês como terapeutas, são oportunidades de ser pontes entre o amor necessário no coração da pessoa e o amor que ela pode obter da vida, do universo, de Deus, dos pais.

Cada vez que nós atuamos de forma amorosa, de forma gentil.

Lembra dos 3 Ps: Permissão, Proteção e Potência.

Cada vez que nós entregamos para pessoa o nosso carinho, a nossa presença:

- Olá! Como você está? Nossa! Você está me mandando um oi e nem pude acertar a sessão passada ainda, estou sem dinheiro para pagar a próxima sessão e você está me perguntando como é que eu estou?

Quer dizer que você me quer bem?  - Sim. Eu te quero bem.

Não é porque você me remunerou ou que você não remunerou que o meu amor não flui para você, isso é experiência de amor de graça. 

Amor de graça a gente tem de pais funcionais, de pais e de mães funcionais.

Por isso a experiência terapêutica é uma grande oportunidade de cura de orfandade, quando o terapeuta sabe e quando o cliente se abre.

Tem estas duas necessidades, elas precisam se encontrar.

O terapeuta estar aberto, estar disponível, saber agir de forma amorosa, de forma gentil, de forma sabia e o cliente também aceitar.

Eu aceito que o seu amor é genuíno, eu aceito que o seu amor é verdadeiro, eu aceito que aquilo que você me oferece vai além da remuneração, vai além do contrato profissional, porque é nisso que nós acreditamos aqui na nossa escola real, a nossa atitude, a nossa postura enquanto terapeuta não pode ser regida pelo dinheiro.

O dinheiro faz parte do princípio do equilíbrio, da reciprocidade.

Nós não vamos conseguir ir lá no mercado e dizer:

-Olha! Eu atendi 100 pessoas, vocês por favor me dão uma sexta básica para eu alimentar os meus sete filhos?

Talvez uma pessoa maluca ou muito caridosa fizesse isso, mas de todo modo nós sabemos que existe uma moeda em relação a reciprocidade.

Uma moeda cultural, estabelecida entre nós, mas ela não é a única moeda que abre ou fecha portas.

Ela é uma das moedas.

Mas a moeda mais importante para abrir o caminho da cura é o amor do coração do terapeuta.

É o eu vejo você.  Eu já passei por isso.

Não existe isso de terapeuta iluminado, o terapeuta ele é terapeuta porque ele nunca teve sofrimento na vida dele, ele já nasceu pronto, agora ele é um terapeuta, ele sabe consertar a vida de todo mundo.  Isso não existe.

Só Deus, e mesmo assim ele foi bastante criticado.

Sabemos muito bem de que nós enquanto terapeutas, passamos pelas noites escuras, somos lapidados e temos que ser mesmo.

Temos que fazer todos aqueles exercícios da formação real, da formação master, tudo que você encontrar no seu caminho, fazer terapia para ir se curando, quanto mais nos curamos, mais conseguimos compreender a dor do outro.

Nossa! Eu também já passei por isso. Eu também já sofri assim, eu também encontrei um coração generoso que me ajudou, eu também um dia meu coração curou.

Que bom que essa pessoa está chegando aqui.

A nossa única responsabilidade, temos várias, mas a nossa maior enquanto terapeuta nesse âmbito, é estar um passo adiante do nosso cliente.

O cliente só vai chegar onde você chegou, ele não vai além.

Lembra sempre disso.  Por isso que a gente tem que estar um passo adiante, porque se for para ficar no mesmo lugar é melhor ficar em casa.

Estar sempre um passo a diante, é o nosso compromisso de cura, o grande compromisso de cura.

Contudo esse amor e empatia, esse não medo de amar, isso é uma característica da nossa escola real.

Não temos medo de amor aqui, cuidamos do coração da gente, um dia alguém nos amou. Não ficamos atuando de forma mecanicista. Agente atua de forma terapêutica, de modo sistêmico. É assim que a gente atua, de verdade. Então se a pessoa chega e ela não sente ainda, essa plenitude que nós conseguimos sentir, ou que muitos de nós já conseguimos sentir. Agradecer a esses genitores, que eles foram, Deus falou, vocês serão genitores dessas crianças aqui.

Fico imaginando o que Deus pensou, quando ele mandou todos os meus filhos por meio daqueles genitores e genitoras.

Ele deve ter falado:

-Tem uma mulher lá em Curitiba, Piraquara, uma pessoa que desde os 3 anos,4 anos de idade, para ela ser mãe e eu venho trabalhando ela intensamente.

Enquanto ela está lá se trabalhando e eu trabalhando nela, eu vou usar vocês.

Porque eu uso todos, eu vou dar oportunidades para vocês parirem porque uma dessas crianças vai ser filho dela.

Acho que foi assim que Deus deve ter pensado, porque senão cai nem uma folha de uma árvore que não seja de permissão de Deus.

Então Deus escreve certo até onde nem linhas há.

Mas até a pessoa chegar nessa compreensão às vezes ela precisa do nosso amor como terapeutas.

Por isso vocês já me viram falando aqui.

Não sei Edna está aqui hoje, mas ela é uma das pessoas que eu falei isso:

-Se você quiser e precisar pode me chamar de mãe, pode me tomar de mãe, mas é difícil, não é fácil também, não vai pensando que é só melzinho na chupeta, porque ser filho não é só essa coisa de ficar recebendo amor de graça.

Ser filho significa que você tem que amadurecer, não é mais uma criança, um bebezinho, uma criança recebe o amor de graça, mas quando nós crescemos, tornamos jovens adultos, a gente tem liberdade também.

Os nossos pais não vão ficar correndo atrás da gente para pagar o nosso IPTU, nosso IPVA, dizer, estude para prova, amanhã você tem prova. Existe uma condição de sermos adultos, mas nós podemos ser bons uns para os outros, podemos destinar o amor parental uns para os outros desde que autorizados estejamos.

Isto é responsabilidade.

Por isso constelações, elas têm uma fundamentação no trabalho da analise transacional, que vocês já devem ter ouvido falar. O trabalho da analise transacional é um trabalho que foi desenvolvido por um terapeuta chamado Eric Berne, quando ele dizia pra pessoas:

-Se você precisa, você pode tomar alguém na condição de seu pai, na condição de sua mãe para você curar a sua criança ferida.

Então o trabalho da análise transacional, ele é inspirador e constelatório.

Tanto é que Hellinger ao conhecer a analise transacional, ele entendeu que ele poderia colocar representantes para tudo isso que nós temos e para tudo que nos falta e curar a nossa vida.

Então a gente pode, se a gente fez esse primeiro passo em direção a curar a nossa orfandade, nós podemos tomar pessoas, seres humanos, terapeutas, religiosos, missionários, pessoas com quem nós temos algum vínculo de afeto, de respeito, de admiração para serem as pontes desses pais, essa energia de pai e de mãe que nós necessitamos.

Vocês compreenderam até aqui?

Em primeiro lugar nós precisamos curar a orfandade em nós, porque as vezes a pessoa fica imaginado que ela está pranteando pelos seus filhos, mas na verdade tem um pranto anterior que ela precisa curar, que o pranto de não ter sido filha ainda.

Nós precisamos trabalhar bastante de como nós organizamos a nossa fala, a nossa compreensão, a nossa expressão.

Professora Olinda uma pergunta: (Danubia)

Minha mãe teve dois abortos, um antes da minha irmã, outro antes de mim e quando estava me esperando teve sangramento, mas ela disse que não foi como no aborto. Será que tive também gêmeos? Porque quando a senhora falou se queria vir para vida, me emocionei bastante.

Então feche os seus olhos Danubia.

Inspira profundo e suavemente, inspira profunda e suavemente.

Olha para um primeiro irmão, que você teve antes da sua irmã e que viveu tão poucos dias.

Diga a esse irmão:

- Você está vivo no meu coração, ou agora no meu coração você renasce.

Olhe, então para a sua irmã e diga a ela;

-Agora eu tenho dois irmãos.

Olhe também para uma irmãzinha que viveu tão pouco tempo.

 Ela teria nascido antes de você.

Contudo aconteceu um aborto e ela também partiu tão cedo.

Então você olha para todos eles, para o seu primeiro irmãozinho que partiu cedo. Você olha também para sua irmã que felizmente nasceu, você olha para sua outra irmãzinha que também partiu tão cedo e diz a eles:

-Agora eu vejo vocês.

Agora todos vocês fazem parte, cada um com sua história.

Inclusive com abortamento que faz parte da história de vocês dois.

Finalmente você se sente dentro de um pequeno espaço, que agora nós sabemos que é o ventre de minha mãe e sente que ali tem mais um irmãozinho. Um menino. Provavelmente.

Respire suavemente e quando você sentir você diz:  

-Agora eu vejo vocês. Agora eu sinto e somos dois.

Somos um casal de gêmeos, e você sente profunda, suavemente, verdadeiramente as características desse irmãozinho.

Os traços, tom de pele. Tudo, tudo. Inspira profundo e suavemente, e diz a eles:

-Sim, o seu corpinho físico não pode seguir para adiante, contudo você mora no meu coração e agora eu sei. Agora eu sei.

Então eu tenho agora o primeiro, depois a minha irmã, depois mais uma irmãzinha antes de mim e um irmãozinho junto comigo. Sim.

Até aqui nós somos em cinco.

Queridos irmãos. Muito, muito grata. Agora eu sei.

Eu sei o que por vezes eu procurava, agora eu sei o que, agora eu percebo porque tantas vezes eu percebia que algo estava por vir ou que haviam espaços que precisavam ser preenchidos.

Sim, agora eu sei.

Querido irmão, muito, muito grata. E se eu chamo Danubia querido irmão, você poderia ter também um nome de um grande e bonito lago. Querido irmão.

Esses medos que existem de ir para o novo têm a ver com os nossos antepassados experimentaram ao sair do lugar onde eles estavam e ir para o novo.

Muitas vezes o novo não foi assim tão incrível, quanto eles experimentaram, por isso que nós imigrantes digitais temos medos, que nós estamos naquelas memorias deles e é verdade.

Agora nós estamos tendo oportunidade de cura e dizer:   

-Agora com lucidez, com maturidade a gente vai para o novo, lá é tão maravilhoso? Não.

Lá tem muitas oportunidades? Tem.

Mas é só mais um lugar a gente só vai ampliar os nossos horizontes, a gente não vai abandonar nada do que estudou até agora.

Nós continuamos na energia do encontro, nós continuamos presencial, com o caderninho na mão, ou seja, nós não quebramos nenhuma ponte. Ou seja.

Queridos antepassados, agora nós ampliamos a nossa pátria, a nossa unidade, agora nós não vamos para lá e encontrar o inimigo o perpetrador ou a solidão.

Não. Nós vamos para lá e agora nós vamos viver de verdade a comunhão.

Eu desejo que esta seja a experiência da escola real, aqui no online, porque essa tem sido a minha disposição, eu também sou uma senhora de 50 anos e não nasci no mundo digital.

E isso nos une, muito mesmo e nos dá a possibilidade de nós curarmos também esses irmãos perdidos, ignorados, sofridos, mortos nas travessias.

A vida ela é repleta de significados de oportunidades constelatórias. Estar nesse curso é uma oportunidade de muitos de nós. Talvez para alguns não, porque é só um click, para mim eu tenho certeza que é.

 É um ir além, é um ter coragem de me abrir, eu que venho de uma família, que viveu muito na condição de vítima.

O meu avô costumava dizer:

-Boca calada não entra mosca.

Imagina eu aqui no mundo digital, me expondo, quero dizer agora é uma constelação entre mim e meu vovó.

Preciso dizer:

-Querido vovô, é verdade todos precisamos ter cuidado com aquilo que falamos.

Mas nós estamos seguros, graças a Deus.

Nós podemos abrir o nosso coração, pedir ajuda.

Quantos tem dificuldade por isso que eu sempre digo. Peçam ajuda. Não deixe de pedir ajuda.

 Me mantenham informada, eu quero saber se vocês estão devidamente ajudados, orientados.

Se sentindo bem. Porque isso é fundamental para ajudar o nosso coração, para não refazer traumas.

Quantos de nós temos traumas de escola, não foi nem de antepassados, foi da escola.

Então aqui não.

Todo o ambiente precisa ser curativo.

Uma das primeiras coisas que eu gostaria que todos os meus alunos se curassem por estar aqui na escola real é alguma dor que por ventura tenha do seu período de escolarização ou da escolarização dos pais ou dos seus avós.

 

Pergunta (Maria Silvia)

Tive um aborto espontâneo na primeira gravidez, durante muito tempo me sentia culpada pois não desejava engravidar. O que posso fazer hoje em beneficio dessa criança não nascida e dos outros três filhos nascidos e adultos?

 

O que essa pessoa precisa fazer pela pessoa, não é pela criança.

É por ela, não é pelos outros, é por nós.

Ela vai fazer por ela.

Essa criança ainda precisa nascer por ela. Essa é uma criança que não nasceu para ela, ela apenas engravidou e essa criança.

Esse embrião, enfim, esse feto, teve a sua vida interrompida, “espontaneamente” e aí ela teve outros três filhos.

Ouviram como ela relata para nós?

Ela está deixando de usufruir, de viver uma experiência materna, que é uma experiência mais incrível que o ser humano pode ter em relação a uma criança.

Em tese, seria o primeiro filho dela.

Então, apesar de ser, dessa criança, desse bebê não ter nascido devido ao abortamento espontâneo, mesmo assim, quando a cliente ou o cliente não desejava aquela criança, deve ter um arrependimento, uma compreensão de que não é de que o meu pensamento ou o meu desejo, provocou o abortamento, mas o pensamento de rejeição é um pensamento que fere o sistema, viola o primeiro princípio sistêmico que é o pertencimento.

Eu consegui me fazer clara, assim, tocando num certo vespeiro, porque esse assunto é sempre um belo vespeiro, de modo que vocês pudessem me entender e me acompanhar?

O que uma pessoa deve fazer numa circunstância assim, ela deve se arrepender, compreender e se arrepender daqueles pensamentos, daqueles sentimentos.

É compreender e se arrepender. Que pena! Que eu não pude desejar, que estava numa circunstância difícil.

Cada um sabe de si. E aí tomar essa criança como filho.

Ou então dizer:

-Eu sinto muito! Eu vou carregar esse sofrimento de simplesmente ter entregue a vida e não conseguir tomar como filho eu vou ter que me perdoar.

Mas eu não quero tomar como filho. Entende o que estou falando? Não quero, não quero! Aqui não vale o não posso, o não posso é por exemplo os avós das minhas crianças.

Eles não podiam, eles não tinham nem condições de cuidar deles, eles foram perante o juiz e disseram:

-Nós não podemos, não temos condições. Olha, que bonito que é.

A genitora da Nina:

-Não é que eu não quero, eu não posso.

Eu não tenho condições, eu moro no sertão, não tenho alimento nem para mim, como é que eu vou ter condições de dar assistência para essa bebê com tanta necessidade.

Mas existe uma liberdade com todas as ações que são as nossas escolhas para dizer eu não quero.

É bonito isso? É bonito ser verdadeiro.

Eu não preciso ter essa pessoa embaixo dos meus pés sendo rejeitada, desamada quando eu não quero.

Senão quer,  deixe para quem quer ser pai, ser mãe.

Tem bastante gente que tem a consciência que sabe, que essa é a coisa mais maravilhosa desse mundo e que não deixa passar essa oportunidade.

Igual a mim: se eu ganhasse na loteria eu iria ter mais filhos ainda. É uma coisa mais deliciosa do mundo.  Agora tem gente que não vê isso como um valor, não percebe e tudo bem.

Não é obrigado. 

Isso é um respeito até para com aquela pessoa.

Vou deixar alguém te cuidar, alguém te zelar, porque eu não quero, não quero ficar trocando fralda, falando para menino escovar os dentes milhões de vezes, falando para cortar unha. Ensinando a rezar, a respeitar a natureza.

Pergunta: (Flavia)

Bom dia. Essa eu descobri isso numa constelação eu não tinha noção, que eu tinha engravidado, foi um susto muito grande na época, tive oportunidade de plantar três florzinhas que na época o terapeuta sugeriu, eu fazer um jardim para elas.

Pareceu que eram três meninas e foi uma dor muito grande e na hora veio a consciência que foram poucos dias de atraso, foram poucas vezes que eu tive isso.

Eu dei três nomes.

Mas assistindo agora as aulas, me veio isso, na aula passada dessa incompatibilidade das duas famílias, me veio na tua fala dessa questão de eu não ter desejado.  Como eu tenho uma doença sistêmica.

Essa questão ficou sempre de eu não poder ter filhos.

Então realmente, eu acredito que não era um desejo e isso reforçou com um medo grande de ter filhos com problema.  Com essas aulas veio um pouco uma culpa as vezes de não ter desejado, de não ter dado esse espaço para essas vidas.

E ao mesmo tempo de elas não querer nascer. Pode ser delas ter sentido a minha rejeição. Hoje é um vazio, misturado com uma culpa.

Olinda: E você gostaria de ter filhos? Ou não?

Flavia: Eu acho que não.

Na época que eu tive a informação que não poderia engravidar por tomar medicamentos, o médico faz todo a gente falar que não vai engravidar. Na época eu chorei muito.   Lembro que foi muito desesperador ter essa informação e ter que falar isso.

Mas como eu não me casei.

Ter filhos, também se tornou algo, que eu não dei espaço na minha vida.

Como se fosse algo vergonhoso aparecer gravida, não dei espaço.  Então acredito que não tive esse desejo porque eu nunca tive essa coragem também.

Olinda: em que área que você trabalha Flavia?

Flavia: Sou psicóloga.

Olinda: Você faz clínica?

Flavia: Faço clínica.

Olinda: Você teria alguma pergunta para mim agora ou foi só um compartilhar?

Flavia: Eu havia feito a pergunta e se elas não quiseram nascer. Mas conforme você foi respondendo outra colega me veio essa questão mesmo de eu não ter desejado filhos.

De fazer esse pedido de perdão mesmo para essas meninas. Mesmo tendo dado um lugar para elas. Acho que falta mesmo mais arrependimento por não ter tido essa coragem e desejar mesmo ser mãe.

Olinda: 

Houve alguma mulher dentro do seu sistema, que foi constrangida ou que sofreu muito por ter tido sozinha os filhos ou que o companheiro abandonou e que elas tiveram que ter filhos sozinhas?

- Enfim, eu não tenho conhecimento, mas a minha mãe, teve um aborto depois de mim, que eu descobri a poucos dias, eu fui fazendo perguntas, ela não confirmava e ai eu pedi para minha cunhada que é um pouco mais firme fazer essa pergunta, quando a gente estava fazendo a árvore genealógica e a minha mãe acabou falando, que ela acha que fez esse aborto, eu deveria ter uns sete, oito anos e ela disse que devido a todas as circunstâncias que ela vivia com o meu pai, já era uma situação de abandono mesmo, porque o irmão antes de mim que duvidou que era deles.

A minha gravidez ela quis muito.

Porque o meu irmão antes de mim, morreu num acidente, depois ela quis muito engravidar e engravidou de mim.  Mas depois o casamento estava muito difícil, era um casamento de violência doméstica, meu pai é alcoolista e ela teve em uma das voltas do casamento ela engravidou dessa criança, eu até dei o nome para ele conforme você respondeu a colega gêmea para poder incluir ele também no sistema.

Então teve essa questão de sentir-se sozinha, acho que com a minha própria mãe.

Olinda: Me vem uma frase para vocês falarem para suas filhas, você poderia?

Flavia: Sim. Posso.

Olinda:   -Queridas crianças.

Antes de vocês nascerem, eu preciso parir a mim mesma.

Os meus pais carregaram uma orfandade e eu ainda estou à espera do amor chegar.

A minha mãe não era adulta, emocionalmente falando, o meu pai também não.

É como se eles vivessem uma relação de orfandade, quando eu penso o meu pai abandonou a minha mãe, se confirma essa relação de orfandade porque cônjuges se separam, entretanto, pais não abandonam filhos.

Eu ainda sou uma pequena criança, ali por três ou quatro anos eu preciso ainda ter o meu papai e a minha mamãe.  Preciso de pais no meu coração ou de uma mãe no meu coração, eu ainda não tive isso.

Ninguém dá o que não tem. Eu sinto muito.

Sinto totalmente, por todas a mulheres oprimidas, por todas as crianças oprimidas.

 E também por todas os homens oprimidos.  Como você fica agora?

Flavia: Muito agradecida. Olinda!

Olinda: Muito grata, minha querida. Eu vejo você.  

O amor sempre traz de volta.  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


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