Costumo levantar cedo.
Desde criança sou o tipo matutino. São palavras eruditas. A vida prega algumas peças. Virando os cinquenta, volto à academia, e eis que vem o velho mundo. Ops, o novo mundo.
Tinha lá uma tarefa. Valia pontos. Não fiz porque não entendi. Perdi a nota? Certamente. Acho que assegurar a verdade é mais valioso. Depois que perdi os pontos pensei: - Era essa a pergunta: qual é a pergunta possível aqui?
Então, dizem que Deus ajuda quem cedo madruga. Experiencio isso! Deus gosta muito de mim e tem dado certo. Durante um tempo eu pensava que Deus estava era me testando: - Quando meus filhos chegariam? Poxa vida, quero tanto ser mãe!
As pessoas, na tentativa empática de me consolar, diziam:
- Deus sabe de todas as coisas.
- Não se preocupe, de certo não era para ser.
- Deus deve estar te dando algum livramento.
Meu avô materno José Francisco Neves dizia: - Para palavras loucas, orelhas moucas. Segui seu conselho, mas, algumas vezes, as palavras soltas ao vento me balançaram... Ficava aborrecida.
Logo olhava na caixinha de enxovais e via os sapatinhos, fraldinhas, coisinhas de mãe que espera e pensava: - Há de vir.
Veio... vieram todos. Diversos números de calçados, tons de pele, cor de olhos...
Hoje quando chego cedinho no ático, espaço lindo onde trabalho, meu filhotinho Hugo José está dormindo delicioso num cantinho que chamamos de "casulo", um lugar de repouso, de cochilos diários.
Tem coisa mais linda? Tem sim, senhor. Ele diz: - Queria ter nascido desde bebezinho da senhora.
Te amo, filho!
Amo vocês, filharada linda!
Sou a mãe mais feliz do pedaço.