A prisão de ventre, como as próprias palavras dão a entender, é uma prisão e, logo, uma retenção de algo.
E, no social, para que haja o movimento de prender, de aprisionar, é necessário que exista um poder com essa capacidade: retenção.
No ciclo natural do crescimento, todos nós passámos por três fases de desenvolvimento, tendo sido a primeira, a “fase oral”, a segunda a “fase anal” e a terceira, a “fase genital”.
O caso em consideração, a fase em causa é a “fase anal”, que se caracteriza pelo exercício do controlo dos esfíncteres, o qual vai permitir, ao bebê, o exercício do poder sobre os pais.
Quem já teve filhos, ou esteve muito por perto de um bebê nessa fase, experimentou, por vezes, vivências de desespero quando este, chorando com dores de barriga não faz nada, isto é, não alivia a barriga e só chora, para desespero dos pais que não sabem o que hão de fazer, pois sabem do que se trata. Ora, exatamente quando está sem a fralda é que ele se decide a fazer no chão ou sobre a cama, ou não faz no vaso e faz na fralda quando acabou de colocar, por exemplo.
Com grandes manifestações de alegria e movimentos das perninhas, exerceu a sua capacidade de controlo sobre o meio ambiente que, neste caso é, na maioria das vezes, o/a cuidadora.
É uma fase que, se bem resolvida, se faz sentir, por exemplo, numa boa gestão econômica em lugar de, num avarento “tio patinhas”, quando deficientemente resolvida.
A “prisão de ventre” é, assim, uma dinâmica de poder, de jogos de força inconscientes, que poderá ser uma resposta ao meio ambiente, uma situação reativa que, ao tornar-se consciente, tenderá a ser resolvida.