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É POSSÍVEL TRANSFORMAR AS NOITES ESCURAS EM FLECHAS DE LUZ

É POSSÍVEL TRANSFORMAR AS NOITES ESCURAS EM FLECHAS DE LUZ
Liana Utinguassu
dez. 1 - 6 min de leitura
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Sobre as noites escuras da alma dos nossos antepassados e minhas noites escuras

Este é um tema profundo demais porque eu busquei, ao longo de minha vida, aos meus ancestrais dentro da nossa raiz indígena. Foi uma longa peregrinação que soma mais de 30 anos. Muitas questões foram se descortinando dentro do chamado ancestral.

Em nossa família temos, como milhões de brasileiros, misturas portuguesas, espanholas, indígenas, africanas... A minha identificação com a base indígena é intensa e assim me assumo como tal.

Compartilho o que descobri sobre a mamãe, a sétima de oito filhos, e sobre o papai, que ficou conosco por pouco tempo, falecendo em 1972, aos 45 anos, eu tinha apenas 10. Todos vivemos a primeira grande noite escura das nossas almas quando ele se foi.

Muitas questões começaram a vir à tona.

Eu era pequena e percebia as noites escuras de cada um da nossa família. O nosso pai vivia muitas noites escuras porque muitas vezes eu escutei conversas dele com a mãe sobre dificuldades financeiras, tristezas, frustrações...

Eu não queria escutar, mas acabava escutando, pois eles falavam da sacada do apartamento e o meu quarto era próximo. Eu sabia que aquela noite seria difícil para mim também.

As vezes os pais falam certas coisas que na visão das crianças ecoavam de forma catastrófica! Nossa irmã do meio tinha manifestações bem complicadas. Presenciei muitos estados de “desequilíbrio” emocional dela, muitos destes com ameaça à sua própria vida. A nossa irmã mais velha vivia muito distante mas sempre pronta à punir à mim de alguma forma. Eu observava muita amargura nela, mas com dez anos eu não entendia porque ela não me amava.

Ela me trancava em quarto escuro e porão do prédio, junto aos ratos.

Vi muitas noites escuras da mãe, sobretudo após o falecimento do pai. Quem se destacava com um sintoma muito sério, a nível mental, emocional, era a nossa irmã do meio. Vivi com ela muitas noites escuras. Eu mais me preocupava com ela do que comigo. Tinha tanto receio de perder toda a minha família após a morte do pai!

Recordo que um dia ela minha irmã bateu as portas do armário com muita força e saiu porta à fora dizendo que iria se atirar debaixo do primeiro carro. Não pensei duas vezes e fui atrás dela. Sentamos à beira da calçada e ela me disse:

Volta!

Eu respondi:

Não! Se você for, eu vou junto.

Graças à Deus ela ficou tão brava comigo que o seu amor por mim falou mais alto, afinal, ela sempre "manifestava" que ia me cuidar.

Nossa mãe e as minhas irmãs estavam tão distantes, pareciam viver em outros mundos. Eu crescia um tanto solitária, pois só me recordo que a mamãe ficava olhando para um espaço vazio e minhas irmãs mal se dirigiam a mim. Nisto, eu também atravessava minhas “noites longas” e escuras mas tinha meu mundo "imaginário", onde a amiga árvore era a minha grande protetora.

O que predominava em mim, era sempre querer fazer algo por elas, então abracei um peso e responsabilidade que não eram meus. Eu era a menor.

Fui descobrindo ao longo dos anos sobre a vovó materna e a sua trágica e intrigante história. A mamãe contou-me que a sua mãe só batia de relho nela, que a acusava de muitas coisas...

Esta mesma vó faleceu internada em um “sanatório” e a minha mãe sempre deixava "reticências" quanto à estes fatos. Só conseguiu elaborar algo sobre tudo que de fato acontecera com sua mãe, agora, aos meus 58 anos e após eu constelar sobre minha avó materna. Em uma Constelação com Cavalos tive todas as respostas de que precisava e na mesma semana, soube a verdade dos fatos. Minha avó não era louca! Foi tratada por nosso avô desta forma porque ele estava envolvido com outra mulher.

Não o julgo, acolho, compreendo e sinto por todos eles.

Também descobri o quanto o papai sofria por dívidas, por não conseguir estabilizar-se em seu trabalho. Estava sempre em escassez... Imagino o quanto suas noites foram difíceis! Imagino o que o levou tão cedo de nossas vidas...

Voltando à nossa irmã do meio...Ela passou a vida manifestando todas as “enfermidades” possíveis. Ela sempre se debatia, sofria tanto! Se auto flagelava.

Naquela época eu sentia tanta tristeza por ela, medo de perdê-la, medo de perder todas elas.

Nas aulas com a professora Olinda eu tenho constelado à cada texto e compreendo aonde e com quem esta verdade aconteceu no nosso sistema.

Nossa mãe sofria demais por tudo! Só trabalhava, chorava, e eu, a menor, sempre ficava perto dela, escutando suas lamentações e buscando auxiliar do modo que podia, tentando trazer alegria à ela.

Longas noites escuras.

Dando um pulo, já adolescente, eu seguia observando as angustias, os medos, as culpas, as vergonhas das minhas irmãs e da mamãe. Tudo era motivo para sempre sofrer e repetir a dor da perda. Minha infância, adolescência e fase adulta sempre foram, com relação à nossa família, sucessivos momentos de boicote à felicidade.

Nunca entendi tudo isto e fui buscando, gradativamente meus caminhos. Me sentia tanto uma sobrevivente no ninho quanto uma estranha...

Hoje, aos 58 anos, após uma travessia de mais de 30 anos em mergulhos profundos para minha própria cura, agradeço às noites escuras que vivi direta e indiretamente. Sobretudo por acreditar que todos podemos ser felizes.

Sigo com mais amadurecimento neste assunto mas me vigio para não retornar àqueles momentos tão tristes, sabendo me posicionar.

Muito tenho descoberto sobre os nossos avós maternos e paternos e foi por querer inseri-los que fui atrás da ancestralidade, das histórias.

Agradeço aos nossos ancestrais e antepassados e sobretudo à família que também gerei, meu filho, neto, minha nora, ao meu atual companheiro e também ao pai do meu filho. Sou grata por ter vindo nesta família que me ensinou tanto.

Liana Utinguassu

  • Escritora;
  • Terapeuta Alquímica;
  • Aprendiz eterna na Arte de Viver.

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