Uma manifestação de inclusão!
Na constelação doutro dia uma expressão tão bela e profunda me comoveu, e a comoção não foi exclusiva.
A sala abriu-se com a presença de um jovem casal, muito zeloso e simpático, que com todo o empenho em buscar entendimento a um sintoma do filho primogênito, ainda uma criança, cuja situação vinha provocando angústia no casal tão cheio de vida, tão cheio de desejo que a vida do pequeno se torne plena, sem sintomas que possam ofuscar essa percepção.
Na condução da constelação, a representação de uma ancestral mostrou que não houve a oportunidade de uma vida plena em gerações passadas. A dimensão do esquecimento, ou pior ainda, da exclusão, se manifestava, naquele contexto, como a expressão do sintoma que a pequena criança manifestava como sendo um apelo ao olhar mais distante. Um olhar que ultrapasse vidraças e permita olhar para aquela ancestral que muito pouco foi olhada, seja em seu tempo como em outros tempos.
A exclusão é uma dor, talvez das mais intensas, porque não lhe é dada a possibilidade de expressar, de ser vista, sentida e, sobretudo, de ser incluída...
O grande mestre, ao expressar, em certa ocasião em que se desenhava um cenário de exclusão, a frase: “Deixai vir a mim as criancinhas”, me parece contextualizar o papel sagrado de que todo ser humano tem o direito da inclusão.
Ao expressar um sintoma que permite lembrar a ancestralidade, é necessário perceber o recado que o sintoma traz. E por meio dele, vislumbrar o quanto que ao olhar para a nossa história, alguns episódios podem ser percebidos por meio da sensibilidade e da pureza da criança. O sintoma não é maldito, ele é bendito por aquilo que revela, e ao revelar, não se justifica mais a sua presença.
O que é injustificável são as exclusões, que os sintomas, ao seu tempo, buscam reparar e incluir.
Que a sabedoria dos nossos avós nos permitam ver o presente como superação, e do passado, o reparo a qualquer exclusão cometida. Amém!
Marisa de Souza e Nilceu Deitos