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RELAÇÕES CONJUGAIS E RELACIONAMENTOS ENTRE PAIS E FILHOS

RELAÇÕES CONJUGAIS E RELACIONAMENTOS ENTRE PAIS E FILHOS
Derly Ferreira Assunção de Almeida
fev. 10 - 5 min de leitura
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PAI – Meu pai querido, não sei muito de sua infância. Sei apenas que ajudava seu pai com a venda de leite e que certa vez após uma chuva colocou água da enxurrada para aumentar os litros e junto com seus irmãos vendeu e ficou com um dinheirinho para comprar guloseimas.

Certa vez também encontraram galinhas doentes e venderam como boas e foram descobertos por seu pai. Brincava muito e apanhava também, sua levadices não eram marginais, tanto que ninguém da família se tornou um. Eram sem maldades. Teve uma mãe muito amorosa e um pai trabalhador e muito honesto.

Desde novo trabalhou e ajudou com metade do salário a sua mãe. Mesmo após ter se casado ainda ajudou sua mãe algumas vezes.

Sempre generoso, foi avalista várias vezes, chegando a perder imóveis por isso. Ainda assim continuou a ser avalista, ajudando várias pessoas, inclusive filhas e netos.

Como esposo foi sempre muito gentil, gostava de ver minha mãe sempre muito bem arrumada. Gostava das coisas boas, trabalhou muito (dois empregos). Carinhoso porém muito genioso e dependente da minha mãe, gostava que tudo lhe fosse dado na mão.

Um pai que podíamos contar para qualquer coisa. Sempre preocupado conosco e com os netos.

MÃE - Mãe, mamãezinha, não sei muito de sua infância também. Sei que brincava com seus irmãos, aprendeu costura ainda pequena e trabalhou cedo também. Quis ser filha de Maria, chegou a ganhar os estudos da Irmã de Caridade que gostava muito de você. Sua mãe só iria contribuir com o enxoval, mas sua mãe não permitiu porque o outros filhos não iriam ter a mesma oportunidade de estudar. Quis ser médica ou advogada mas se tornou costureira e mãe de sete filhas, sendo que uma morreu durante a gestação.

Nasceu de uma família muito pobre e neta de alemães que vieram fugidos da guerra.

Sua mãe, viúva do primeiro casamento (ficou casada durante três meses, o marido machucou no dia do casamento a perna e morreu três meses depois), já estava muito à frente de sua época e ajudou financeiramente seu pai com serviços de funilaria, fazia consertos de panela, formas de doces, etc. Nos contou que as vezes não havia nada para comer e aparecia como um milagre algum serviço para sua mãe.

Seu pai era barbeiro e bebia o que lhe dava medo e insegurança.

Era muito unida com seus irmãos. Sempre a tia querida dos sobrinhos e curou muito umbigo de bebês pela família afora.

Sempre foi muito respeitosa com as escolhas das filhas com relação aos companheiros, mesmo quando não gostava, sempre respeitou e tratou muito bem, tanto que mesmo após alguns divórcios os genros continuaram com um carinho e respeito por você.

No relacionamento vocês primaram pela sintonia do casal e só presenciei uma discussão aos meus 18 anos, quando meu pai já estava aposentado e começou a beber um pouco além do social.

Meu pai sempre muito desprendido das coisas, gostava de agradar todo mundo. Adorava te ver bem vestida, bonita e feliz. Era um pouco sonhador e irrequieto, sempre envolvido com algum projeto novo... um sítio, criação de pássaros.

Tenho certeza que muito do casamento ter dado certo foi porque você abriu mão de muitas coisas, se anulou e viveu os sonhos de meu pai muito mais que os seus próprios. Evitava discussões e sempre fez de tudo para agradar meu pai.

Mas sempre vi você feliz ao lado dele.

Então eu me dou conta que tive uma infância muito abençoada, feliz, com muito amor, sem preocupações.

Apesar do dinheiro não ser farto, era muito bem administrado por minha mãe. Os natais eram muito gostosos e os presentes eram maravilhosos, ganhávamos bonecas e um saco de balas.

Papai nos acordava as vezes de madrugada para vermos os cometas.

Mamãe fazia comidas deliciosas. Tínhamos nossas tarefas de arrumar a casa e ajudar a mamãe.

Eu sendo a caçula sempre não precisei correr muito atrás, tudo era feito para mim e me percebi um pouco imatura quando adulta.

Também tive um pouco de ilusão quanto ao parceiro, achando que ele seria um príncipe, sem defeitos, porque não vivenciei brigas e discussões dentro de casa.

Hoje compreendo que minhas inseguranças, meus medos, minha falta de posicionamento, vem muito por esse cuidado excessivo.

Essa vontade de ajudar ao próximo, muitas vezes tirando o que é meu para contribuir com alguém que precise, me faz lembrar meu pai.

A vontade de agradar a todos e não ficar mal com ninguém me lembra minha mãe que sempre primou por isso. Muitas vezes não me posiciono nas situações cotidianas.

Percebo que sou feita desses retalhos, pedacinhos de cada um da minha família, que convivi e convivo. Tenho feito um esforço para me tornar um ser humano melhor e mais feliz. Muita gratidão meus pais, por contribuírem para que eu me tornasse quem sou.


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