"Um dia, recém formada, liguei para uma Universidade.
Num telefone público, fichas caiam toda hora. Naquele tempo as coisas eram muito mais difíceis. Eu era bastante jovem também. Faltava em minha sacola o traquejo dos anos e sobrava a certeza da esperança. Conversei com a coordenadora. Ela ficou muito animada.
Já estava praticamente em sala de aula, imaginando minha linda turma de alunos entusiasmados com a vida, com a Psicologia, com a Terapia.
Existe coisa mais linda do que ensinar e aprender sobre Felicidade?
Então, ela perguntou a minha idade. - 22 anos, respondi.
Silêncio.
Desfaz a sacola.
Não, não você não pode saber tudo isso. Precisa primeiro fazer mestrado, é muito jovem.
- Não vou poder começar dar aulas, então? Eu faço mestrado, não há problema.
- Não, você é muito jovem. Primeiro precisa estudar.
- Óh, eu queria tanto!
Assim, foi. Caiu a ficha. Que bom que não fui aceita para dar aulas numa universidade. Hoje leciono onde quero.
Gratidão por ter me considerado insuficiente para tal cargo, então.
A docência é uma de minhas paixões. Até no consultório.
Meus clientes lêem, assistem filmes, estudam. Juntos encontramos soluções.
Aos cinquenta e um anos, volto para a Escola.
Então, com Edgar Morin, Sócrates, Santo Agostinho, Bert Hellinger, Marianne Franke-Gricksch, sob a orientação da minha aluna, agora minha professora-orientadora Carla Vestena e apoio de tantos outros.
Não porque preciso do Mestrado para ser professora, mas porque amo estudar e ensinar o que aprendo.
No dia da entrevista para admissão no Mestrado convidei meu pai e irmã (representando minha mamãe que já está no céu) para criarmos um ambiente constelatório.
Fiquei muito emocionada o tempo todo.