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CARTA AOS ANTEPASSADOS

CARTA AOS ANTEPASSADOS
Vanessa Aparecida da Silva
abr. 1 - 28 min de leitura
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Queridos antepassados,

Eu vejo todos vocês. Vocês fazem parte de mim e eu de vocês. Eu honro-vos e agradeço pelas vidas que deram! Gratidão pelas vidas que geraram. 

Foi graças  vocês que eu recebi também o Dom de Viver!

Sabe meus queridos ancestrais, esses dias tenho experimentado uma tensão, ansiedade, uma angústia, coração disparado e uma sensação de pressão no peito. Sensação de sufocação. Travei ao escrever esta carta, eu custei escrever. Sinto uma sensação que a suas histórias carregam muito sofrimento  e de muito emaranhamento. Sinto que as dores que eu carrego estão emaranhadas na história de vocês.

As dores que meus pais carregam estão emaranhadas na história de vocês. Sinto que as  leis do amor em nosso sistema foram violadas e ainda tem se repetido. Sinto que a lei da ordem , a lei do equilíbrio, a lei do pertencimento foram interrompidas em diversos momentos trazendo muitas dores no nosso sistema. Meus antepassados, sinto muito, por favor me perdoe, eu te amo, sou grata!

Preciso dizer a vocês que em alguns momentos sou invadida por um misto de dores. Invadida pela dor da solidão, da angústia, do desamparo, da ansiedade, do medo, da insegurança, do desamor, do desvalor e da rejeição que vêm invadir a minha alma, me trazendo uma experiência insuportável. Confesso que às vezes me sinto uma criança não nascida. E outras vezes me sinto como uma criança no ventre lutando para sobreviver.

Uma criança que quase não nasceu. 

Um ser que fez a experiência de quase morte, um ser que queria morrer para ter alívio dessa dor.

Meus amados antepassados, por mais que o tempo passado nos distância, sinto ao mesmo tempo que uma força maior nos conecta e nos aproxima. Posso dizer que essa força me ajuda a persistir, lutar para continuar vivendo e não apenas sobrevivendo sentindo-me paralisada diante dessa dor emocional e espiritual.

Confesso que o sentimento de solidão, a rejeição, a agonia, a tristeza e a desesperança muitas vezes me deixou sem forças para continuar vivendo, era uma dor muito desagradável, sofri demais e pensei em desistir de continuar vivendo.

Parece que nada cessava essa dor. Foi até que consegui enxergar sinais de luz. 

Foram surgindo algumas pessoas iluminadas em minha vida, que me encorajaram e  me deram força para retomar o meu caminho na vida. Mas às vezes tive recaídas e muitas. Recaí muitas vezes, custava a levantar, mas fui capaz de superar e me reerguer,  graças à luz dessas pessoas e a minha sede de acompanhá-las para descobrir a fonte que abastecia o iluminar dessas pessoas.

Confesso que ainda, que tem momentos que sou tomada por uma sombra de dor.

A sombra da ansiedade, um estado de tensão, um medo de que “vulcão” da depressão possa entrar novamente em atividade. Mas como a Olinda Guedes costuma dizer “precisamos sentir a dor para nos curarmos.“ E escrever essa carta está sendo uma experiência de sentir a dor.

Pois eu quero me libertar dessa dor para ganhar força para desbravar a vida, desbravar a luz, buscar sentido para viver e me colocar a serviço da minha missão nesta vida.  

Meus amados antepassados,  que me perdoem por começar essa carta falando de mim, mas eu vejo a dor de vocês emaranhada na minha história. Eu vejo a dor de vocês, mas essa dor é de vocês!

Eu sinto muito, por favor me perdoe, eu  te amo, sou grata!

Eu acolho a minha própria dor para dar um próximo passo, o passo de querer, desejar e me permitir me colocar na jornada da cura. Ao ver a dor de vocês, sinto arrepios, desconforto no meu estômago,  mesmo tentando separar o que é meu e o que é de vocês, eu ainda  vejo a minha dor se misturar com a dor de vocês. 

Ao escrever essa carta para vocês, me vem a imagem da minha mãe contando da experiência do meu parto, ela fala que eu nasci pelos pés (ou seja virada), e que a minha vinda foi aterrorizante e traumatizante, que ela sentiu dores por muitas horas. para mim também foi traumatizante, sim eu sofri trauma de nascimento. Hoje tenho muita dificuldade de desfrutar dos prazeres da vida.

Tem momento que não tenho vontade de viver.

Tem momentos em que me refugio, que quero sair de cena. Não sei se é pelas dores que a minha mãe passou, mas às vezes tenho a impressão que ela guarda resquícios disso, ela carrega muita raiva de mim. 

Percebo ainda que minha mãe me coloca para baixo o tempo todo, sinto-me em muitos momentos abusada emocionalmente, rejeitada, criticada e invalidada por ela. Vocês meus antepassados por parte de mãe certamente sofreram muito, principalmente as mulheres. Queridas mulheres do meu sistema, eu vejo a violência e recriminação que sofreram.

A minha mãe também que veio de vocês sofreu muita violência, abuso e rejeição.

Por mais que a situação da minha concepção, gestação e nascimento não foi favorável, eu nasci e vim ao mundo. E assim acredito que a minha história se converge com a de muitas vidas, bem como a história de vocês meus queridos antepassados. Vocês também experimentaram muita dor e desolação. Honro a todos vocês pela minha vida mesmo vivenciando momentos tão difíceis. Peço perdão pelos momentos que vos desonrei negando a minha própria vida, desejando não querer mais continuar vivendo. Sinto muito meus queridos antepassados, vocês experimentaram na pele o quão é intensa essa dor.  Essa dor me deixa sem forças e impotente, porque é difícil de suportar. Eu sinto muito, por favor me perdoe, eu te amo, sou grata.

Sabe meus queridos antepassados, a minha relação com a minha mãe sempre foi muito tensa e conflituosa. E abusiva.  Para conseguir sobreviver nessa situação eu reagia aos abusos emocionais da minha mãe. Reconheço que para mim é muito difícil conviver com ela. É difícil aceitá-la como mãe.  Talvez eu poderia dizer, ela foi a mãe que me foi entregue pela vida, é a mãe real que recebi de vocês, hoje posso reconhecer o quanto eu me frustrei diante da imagem ideal que eu tinha dela. 

As lentes que eu conseguia enxergá-la também falavam muito de mim, percebo que sou uma filha real, que vivenciou o desamor, a desproteção, o desamparo, inúmeras situações aversivas, traumáticas e desagradáveis.

Eu vejo vocês mulheres que não receberam amor de mãe. Eu vejo você minha mãe que também não teve amor de mãe, de uma mulher que pudesse zelar, cuidar, acolher e dar afeto. Meus antepassados, eu vejo que a minha mãe não recebeu amor de vocês,  ela não pôde me entregar amor. Vocês meus antepassados também não receberam amor suficiente.

Vejo uma escassez de amor.

Vocês também precisavam lutar pela sobrevivência. E para vocês também não foi fácil sobreviver na escassez de amor. Meus amados antepassados eu liberto vocês da escassez do amor. Eu sinto muito pela dor de vocês! Eu vos perdoo! Eu vos perdoo!  Eu dirijo a vocês todo amor em abundância!

Sabe meus antepassados, minha mãe me demanda muito energia emocional, me sinto muito sugada com isso. E todas as vezes que ela percebe o meu movimento para sair dessa dinâmica, ela reage com manipulação emocional, me atacando com críticas, humilhações, subjugações e vitimismo. Às vezes sinto uma raiva da vida, uma raiva de mim e uma impotência de não conseguir sair desse emaranhamento tóxico. Tóxico, porque me faz muito mal. 

 Meu avô materno, confesso que fico confusa ao me dirigir a você. Não consigo nomear o que sinto. E o que sinto não é algo agradável. Mas, sinto no meu coração que posso chamá-lo de avô. Sabe meu avô nas narrativas que me contaram sobre você, me contaram que  era de uma família com posses, era um jovem bonito, solteiro, trabalhador, esbelto, aventureiro, inexperiente, austero, intransigente, imprudente e com personalidade dominadora.

Meu avô, eu vejo você com as suas luzes e sombras!

Eu vejo um homem alto, magro, cabelos escuros, humor  instável, comportamento agitado e inquieto.

Eu vejo você meu avô menino, uma criança carente de afeto, também com dor da rejeição. Eu vejo você meu avô se relacionar com a minha avó de forma bruta, com interesse carnal, para satisfazer suas necessidades de sexo. 

Eu vejo você minha avó! Você gostava de se relacionar com meu avô, gostava muito dele, mesmo sendo maltratada  com agressões físicas e verbais. Vejo um relacionamento abusivo entre vocês.  Eu não julgo vocês pois era essa a forma de relacionamento que conheceram. Eu sinto muito, me perdoe, eu te amo, sou grata. Eu respeito a história que vocês viveram!

Eu honro vocês e a todos que vieram antes! 

Minha avó, eu vejo que você gostava do meu avô de forma intensa... Uma intensidade que extrapolava a realidade, que impedia de cuidar de si mesma, respeitar a si própria e  chegando às vezes ao ponto de deixar de lado as suas responsabilidades.

Eu vejo você minha avó, uma pessoa que também não teve suporte necessário, sem amparo da família, uma mulher carente de afeto, buscando a perfeição para caber no mundo do outro, fazendo tudo para agradar e ter a atenção dos outros. Minha avó, eu vejo também a sua decepção/frustração com meu avô que te fez promessas, abusando da sua esperança de encontrar alguém que a acolhesse e a amasse.

Eu sinto muito, por favor me perdoe, eu te amo, sou grata!

Eu vejo o senhor meu avô, numa época que era inadmissível um rapaz solteiro com um futuro promissor assumir compromisso com uma criada, uma mulher viúva e com 9 filhos, que 7 deles que não vieram de você. Havia muito preconceito. Eu vejo o senhor meu avô com medo do que iriam falar de você.

Minha avó, eu vejo a sua dor dilacerante da exclusão e da rejeição. A rejeição  de mulher-mãe com uma bebê pequenininha para cuidar, mais uma vida que trazia dentro do seu ventre e outros filhos que tivera no relacionamento anterior. Minha avó, eu vejo seu sofrimento, eu sinto desalento, agonia, aflição e desespero. Duas vidas interrompidas. 

Meu avô, a narrativa que ouvi dessa história, era que a sua filha (minha mãe) já estava com quase 1 ano, o senhor não queria assumir a minha avó, a minha mãe e o mais um filho que minha avó carregava seu. E que ao saber que minha avó carregava no ventre mais um filho seu,  você a assassinou e ainda matou essa vida ela carregava no ventre. Meu avô porque essa crueldade? Essa história é um terror. Sinto que um suspense e segredos velados. Há muita coisa que eu desconheço. Meu querido avô, eu gostaria de saber, o que aconteceu? Eu não consigo acreditar que tudo isso foi intencional. 

Foi dado veneno para minha avó tomar com ela grávida de mais um filho que carregava seu? Sabe meu querido avô, a  minha mãe ainda carrega  tanta raiva de você, sinto que ela transfere essas emoções negativas que carrega em relação a você para mim, quando nos desentendemos ela dirige essa raiva para mim.

Minha querida avó, eu  vejo a sua dor, chego a sentir todos os tipos de dores que vivenciou e uma dor dilacerante no peito, em baixo da barriga e nos braços. A sensação que tenho é que a história de vocês deve ter algum segredo encoberto. Minha avó, não conheço a sua história, as suas origens, de onde vieram, o que gostavam, experiências que viveram. Meus bisavós maternos, os que vieram antes de vocês, eu gostaria de me conectar com vocês... Quem foram vocês?  

Minha avó materna, a minha mãe dizia que falavam para ela você era uma mulher simples, bondosa, santa e caridosa. Sabe minha avó, a minha mãe sempre repetia para mim que não puxei a senhora, que herdei as características do meu avô que assassinou a senhora. Sinto-me tão triste com isso. Estamos tão emaranhados que ainda não conseguimos nos reconhecer. Os acontecimentos trágicos que estamos emaranhados, nos impedem de reconhecer a nossa essência e o que carregamos de bom.

 Minha querida  avó eu não conheço a sua história, a dos meus tios e dos seus antepassados, quero muito conhecer e compreender para deixar o amor fluir. E mesmo assim eu vejo vocês! E vocês me importam! Vocês fazem parte do meu sistema familiar!

Eu quero compreender o meu sistema! Eu quero conhecer um pouco de quem era você? Como era? Como era o seu jeito? Como foi criar seus filhos depois que ficou viúva? O que aconteceu que ficou viúva? Como foi a sua vida? Como foi a sua infância? Qual é a sua origem? Quem foram seus pais? De onde vieram? Mesmo sem conhecê-los eu vos honro e vos amo! Sinto muito pelos sofrimentos que carregaram.

Eu vos perdoo e sou grata por pertencer a história de vocês. Vocês são parte da minha história passada e eu sou parte da história presente de vocês!

Quanto a sua história, meu querido avô paterno, minha mãe conta que sua família tinha posses. Meu avô, eu vejo a minha mãe inconformada por não ter participado da partilha da herança que você deixou. Parece que depois que o senhor morreu foram atrás para incluí-la, mas a mãe adotiva dela não permitiu. Minha mãe, eu vejo a sua dor! Eu vejo o seu desejo de pertencimento! Eu vejo a  sua expectativa de que os seus irmãos paternos tivessem consideração e fizessem uma doação espontânea da herança. Minha mãe, seus irmãos paternos não eram dotados de generosidade. Eu sinto muito pelo vínculo enfraquecido que tivestes com os seus irmãos. Eu sinto muito pela sua dor e frustração.

Meu querido avô paterno, eu vejo você!  Eu te amo! Eu sou grata!

Não tenho dúvida que minha mãe queria ser vista e reconhecida pelo senhor e  pelos irmãos que o senhor deu a ela. Acredito que esse desejo de ter direito a herança, está para além da questão material, o que a minha mãe queria/quer é o pertencimento. Pertencer ao amor do senhor meu avô e dos meus tios. Sabe meu avô, quando eu era criança lembro-me que minha mãe teve pouco contato com o senhor e com os meus tios.

Sentíamos como se fôssemos invisíveis.

Sentíamos um nada. Sentíamos aquilo que a minha avó sentia, como se não tínhamos voz e rosto, só o nosso corpo era explorado para servir os poderosos ou quem tinha a força física e material como poder. Além do sentimento de não pertencimento no seu sistema, parece que a nossa condição de vulnerabilidade social era um abismo que nos distanciava ou uma trava nos olhos das pessoas que não queria nos ver. Talvez arrogância e ignorância sejam a palavra, para denominar essa barreira nos olhos das pessoas. 

Sinto a dor desse processo de exclusão e rejeição no meu sistema. Essa dor tem momentos que vem manifestada por raiva e angústia. Hoje, minha mãe com filhos estudados, superou a condição de miséria, aquele lugar que muitas pessoas não se viam no nosso lugar, agora esses meus tios e outros parentes nos enxergam. Hoje querem que a minha mãe participe do sofrimento deles, esses ditos familiares procuram minha mãe só para compartilhar os problemas e o sofrimentos que estão enfrentando.

Ao escrever essa carta eu consigo reconhecer a minha raiva, mas sou capaz de ressignificá-la,  pois consigo encontrar força dentro de mim para dizer eu vos perdoo, sinto muito, eu vos amo e sou grata.

A experiência de me sentir invisível para alguns membros do meu sistema, me permitiu olhar para dentro de mim mesma e  a dar o primeiro passo para dizer “eu me vejo a minha dor e agora posso ver as dores presentes no meu sistema familiar.” Esse é meu maior aprendizado!

Meus queridos antepassados, ainda me sinto perdida e sem referência porque não sei nem por onde começar porque tenho pouco conhecimento da linhagem de vocês, quem foram vocês? como eram vocês? Quais são as suas origens? Mesmo tendo pouco conhecimento, eu vejo que vocês fazem parte do meu presente e estão emaranhados na minha vida.

Quero conhecê-los para libertá-los.

Quero a alforria da linhagem de vocês. Quero a alforria da linhagem dos meus pais. Quero a alforria da minha linhagem. Precisamos nos libertar desse emaranhamento! Preciso sair desse emaranhamento! Quero emancipar a nossa história! Quero emancipar a minha história! Quero viver! Quero também ser livre para viver a minha história. Vocês fazem parte do meu sistema! Mas a experiência que viveram é de vocês!

A dor que experienciaram é de vocês!

Não quero reproduzir, copiar, usufruir, usurpar… A maior herança que quero carregar de vocês é apenas a força do amor, da sabedoria e da superação para enfrentar os desafios da vida. Conheci a história dos meus avós paternos, e nada da história dos bisavós, tataravós e dos que vieram antes.  

A senhora minha avó materna morreu deixando a minha mãe bebê, ela foi adotada com aproximadamente um ano de idade, por um casal, uma mulher negra e de um homem mulato, família numerosa de filhos. Também não sei precisar a quantidade de irmãos adotivos. Nisso, minha mãe teve o registro de nascimento anulado porque esses pais civis a registraram no nome deles. Meus caros avós civis, sinto que preciso agora incluí-los no meu sistema, vocês são meus avós adotivos. 

Sabe meus avós adotivos, durante toda minha vida eu via as manifestações de dor da minha mãe, decorrente da violência e da rejeição que ela viveu com vocês, e que talvez carregava dos seus antepassados. Minha mãe eu vejo a sua dor… Sentiu excluída e desprezada, passou por maus tratos e violência de todos os tipos, que  deixou muitas marcas na sua vida, na sua pele, no seu corpo, na sua mente e na sua alma. Eu sinto muito, eu te amo, eu te perdoo e eu sou grata. Eu te honro! Sou grata a você pelo amor que conseguiu me dar.

Sou grata a você pela minha vida! Sou grata pela sua força!

Meus avós adotivos sou grata a vocês por tudo que conseguiram dar a minha mãe, mesmo com poucas condições. Eu vejo vocês! Eu vejo a dor de vocês! Eu vejo a dor dos que vieram antes de vocês! Eu honro todos vocês! Eu sinto muito, eu vos perdoo, eu vos amo e sou grata. Houve muito sofrimento.

Vocês também carregam marcas profundas de sofrimentos, perdas, de violência e maus tratos.

Mas, está tudo bem, eu não condeno vocês. Eu os aceito como são. Eu quero vos dar a alforria! Quero que vibrem no perdão, na paz e no amor. Eu não conheço a sua história, dos que vieram antes de vocês, mas quero conhecer, quem são de onde vieram, para poder ter mais recursos para traduzir a minha vida para a linguagem de felicidade. Afinal, vocês fazem parte do meu sistema. Vocês fizeram o suficiente: foi por vocês que a minha mãe recebeu a vida!

Minha avó adotiva, eu vejo você! Tenho algumas memórias de quando criança tive contato com você. o seu jeito de ser era diferente de como minha mãe falava de você. A senhora era uma pessoa geniosa, mas era boa. Hoje eu te vejo como se eu olhasse para um retrato.

Esse “retrato” que tenho da senhora parece que foi muito jogado, mal guardado, desleixado, a imagem agora está distorcida, manchada. Mas, acredito que tem outras imagens/memórias melhores e mais nítida, que dão uma sensação boa de olhar.

Talvez seja até uma raridade encontra um “retrato” melhor, mas existe e pode te representar melhor. Lembro agora de uma frase que diz “ninguém é tão ruim que não possa fazer o bem. Nem tão bom que não seja capaz de fazer o mal”. Minha vó adotiva, eu te perdoo, você fez o suficiente! Você foi o suficiente para a minha mãe! Eu honro você e os que vieram antes.

Meu avô adotivo, eu não te conheci. O retrato que carrego de você também está com a imagem distorcida, agora está distorcida e manchada. Vejo um homem mulato, magro, alto, cabelos e olhos castanhos escuros… Um homem desligado, cansado, fadigado, insatisfeito, exaurido, desgastado, esgotado mentalmente, cabeça cansada, sofrido, com problemas com álcool para anestesiar a dor.

Te vejo ainda um homem insatisfeito no relacionamento e com a vida.

Te vejo contaminado com as lamúrias que escutava da sua companheira, te vejo desanimado da vida. Escutava muita reclamação, lamúria e acusações. Por outro lado, mesmo desgastado e desanimado  com a própria vida, tentava reagir, tentava sobreviver e ajudar os filhos a sobreviverem inclusive a minha mãe.  Era um homem com muita bondade no coração.

Meu avô, me sinto grata por incluir você!  Meu avô adotivo, eu te perdoo, você fez o suficiente! Você foi o suficiente para a minha mãe! Eu honro você e os que vieram antes. Esses que vieram antes te amaram! Eu vejo a sua dor, o desejo de sumir. Eu vejo que você recebeu amor suficiente e esse amor suficiente te ajudou a enfrentar os grandes desafios da vida. Sou grata aos seus ancestrais por te ensinar a amar, amando você! Gratidão pelos gestos de amor e proteção que conseguiu dar para a minha mãe.

Eu honro você!

Agora eu me dirijo aos meus avós paternos. Meus amados avós paternos, eu vos honro e vos amo. Quero muito conhecer a origem de vocês. Como era o jeito de vocês? De onde vieram? Eu vejo vocês, eu os vejo trabalhando na roça sentindo uma imensa satisfação de mexer e cultivar a terra. Eu vejo vocês com uma conexão sagrada com a natureza.

É tão gostoso sentir isso. Um casal unido, mas que o coração fora partido com um grande perda, que foi o assassinato do meu tio Antônio afogado com areia num rio. Foi uma morte precoce, um filho que era muito especial para minha avó. Ainda teve a perda da tia Antônia, que morreu jovem também, mas não conheço a causa da morte.

Essas perdas abalaram a relação de vocês.

Meu avô querido, eu te vejo um homem com traços/fenótipos de português, estatura alta, com rosto largo, pele rosada, cabelos castanho escuro, olhos azuis. Um homem com jeito encantador, contagiante, agradável, brincalhão, afetuoso, simples, piedoso, profundo, galanteador, conquistador, despojado, bem humorado e trabalhador.

Meu avô, essas suas características de galanteador e conquistador, te levou a cair nas tentações e atitudes de infidelidade a minha querida avó. Ela sentiu o coração quebrado. Ela sentiu a confiança dela traída por isso. Você era uma pessoa popular e ela tinha ciúmes. Meu avô, te vejo ainda uma pessoa leve, desprendida, calma, despreocupada. Vejo que quando o meu tio morreu minha avó ficou abalada e sem chão, ela sentiu desamparada, sem apoio, como se você não importava com a perda do tio Antônio, com esse acontecimento trágico e com a dor dela.

Meu avô, você deve ter percebido que ela ficou diferente com você, ela foi se distanciando, ficando desgostosa da vida, perdendo a vontade de viver, a sua luz foi enfraquecendo e definhando. Meu avô, eu vejo a sua dor,  o senhor sentiu muito com esse distanciamento, mas não entendia achava que ela não te amava mais, mas ela sempre te amou.

Eu sinto muito pela sua dor! Eu honro a sua história! Eu honro a história e a vida dos que vieram antes de ti.

Gratidão pela sua vida e todas as vidas que vieram antes de ti que chegaram até a mim! Eu vejo que meu pai, meus irmãos tem muitas características que se conectam com o que você foi.

Minha avó paterna, eu vejo você! Eu vejo uma mulher sábia com herança de fenótipos indígena, de pele morena, estatura média, com cabelos corridos e fino, cabelo preto misturado com grisalhos, olhos puxados de cor castanho escuro. Mulher iluminada, com jeito manso, bondosa, afetuosa, generosa, dedicada, séria, serena, sensata, reservada, piedosa.

Eu vejo você minha avó como uma mulher forte, uma mãe que zelava e cuidava dos filhos, comprometida com as tarefas da casa e com o cuidado com o marido. E que esquecia de si para cuidar dos outros. Eu vejo minha querida avó que você sofreu muito com os  filhos homens que bebiam. Você rezavam muito intercedendo pela proteção divina a eles. 

Meus queridos antepassados houve muita exclusão, violência, assassinatos, abortos, filhos não nascidos, filhos natimortos e sofrimento no nosso sistema. Dentre os que tenho conhecimento: da minha avó materna junto com o bebê que carregava no ventre (aborto, homicídio, suicídio???), meu tio assassinado afogado com areia, meu pai com a primeira esposa tiveram aborto espontâneo e filhos natimorto inclusive colocaram os nomes dos meus irmãos mais velhos de Adão e Eva, dizem que meu pai teve filhos fora do casamento e não assumiu esses filhos, perdi um irmão por parte de mãe assassinado quando ele tinha 19 anos com arma de fogo.

Membros do sistema com problemas com uso abusivo de álcool.

Meus antepassados, sinto muito, por favor me perdoe, sou grata pelas vidas. Estou disposta desbravar a jornada sistêmica para conhecer a história do nosso sistema, ser um instrumento de cura no meu sistema e na vida das pessoas que passar pela minha história, vejo que esta é a minha missão. Para isso, conto com a força do amor de da sabedoria de todos vocês.

Peço ainda a permissão para conhecer a história da linhagem de vocês, que também é a minha linhagem para que eu possa nos libertar dos emaranhamentos e possamos todos deixar a vida fluir no amor.

Aguardo os sinais de vocês!

Eu me permito acessar essas memórias do meu sistema para fazer a jornada da cura. Estarei aberta e atenta para fazer conexões nesta jornada daqui para frente!

A todos vocês, a minha gratidão!

#MOD01 #pertencimento #leisdoamor #cartaaosantepassados #amor

 

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