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CONSTELAÇÕES ÉPICAS - MEU PAI, MEU HERÓI

CONSTELAÇÕES ÉPICAS - MEU PAI, MEU HERÓI
Vivian Cristina Mateus Dias
mar. 30 - 4 min de leitura
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Durante a aula de constelações épicas, foi dito bastante sobre a orfandade e isso me tocou muito, me trazendo alguns insights e olhando para minha infância.

Meu pai é Delegado de Polícia e, desde pequena, eu tinha muito medo, medo por ele, pela minha família. Ele foi ameaçado algumas vezes e eu entrava em pânico com medo do que pudesse acontecer, mas, ao mesmo tempo, eu o via tão firme e forte, como se nem medo ele tivesse. Acredito que, muitas vezes, ele não tinha mesmo. Eu é que sentia medo por ele. Rezava todas as noites pedindo proteção e me lembrava de uma frase que ele sempre dizia e diz até hoje: "assombração sabe para quem aparece". Hoje, para mim, faz muito sentido e eu entendo.

Uma vez, quando eu era muito criança, o carro particular dele quebrou perto de uma comunidade. Da mesma forma que polícia reconhece um meliante de longe, eles também reconhecem um policial. Neste dia, deram exatos 37 tiros na direção dele, não acertaram nenhum. Ele se protegeu atrás do carro, que teve 37 perfurações por munição. Também revidou e, graças a Deus, saiu ileso fisicamente.

Esse foi apenas um episódio, dentro de 30 anos na polícia.

 Apesar de ele e minha mãe sempre separarem as coisas, nunca envolverem a mim e minha irmã nesses assuntos, nós sentíamos quando algo estava acontecendo. E eu sabia do risco que ele corria e do quanto eu era importante para ele.

Lembro-me também de que ele trabalhava em plantões no começo e das vezes que ele passava dias trabalhando sem voltar para casa. Se voltava, era de madrugada e eu nem o via. Ele, em diversas vezes, ligava para minha mãe e falava assim “Fá, faz uma mala para mim porque eu precisarei me ausentar” ou então era “Fá, separa um terno bem bonito que o caso é de repercussão e eu precisarei dar entrevista. O meu sujou”.

Mesmo não gostando nadinha de se expor na mídia, era assim que eu o via, e enchia meu coração de orgulho.  

Sempre me senti protegida e achava encantador o brilho nos olhos de amor pela profissão. E ele amava. Seu maior amor foi por investigar homicídios, e não é porque ele é meu pai não, mas ele é fera nisso. Solucionou diversos casos, dentre eles, muitos de repercussão, até mesmo internacional.  Mas esse brilho foi se apagando de uns tempos para cá e a vontade de trabalhar na polícia não era a mesma.

Ele levou um golpe financeiro do primo dele (meu padrinho de batismo, uma pessoa que foi criada como irmão). Depois, houve mudança de governo e seu salário foi reduzido, a mídia foi massacrando o trabalho da polícia, dentre outros fatores. Ele não se sentia mais útil e valorizado, não tinha mais energia, voltava para casa estressado. Dizia que na polícia tinha muita inveja e que acabou sendo prejudicado por esta.

Olhando para tudo isso agora, percebo que meu pai era meu herói e que hoje está perdido, desde que o herói dele se foi, o meu avô.  Afinal, eu cresci com medo de perder meu herói. De certa forma, eu perdi, mas posso trazê-lo de volta. 
Apesar da distância da infância, meu pai sempre esteve no meu coração e na minha admiração. 

Me incomoda vê-lo sem esse brilho e perceber essa orfandade que o machuca.

Agora eu entendo, olhar além do aparente.

Gratidão.

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