Minha amada vovó Jacy, gostaria de lhe dizer que sinto tanto a sua dor pela perda de seu filho, Gilberto.
Eu tinha só três meses, quando ele se foi, mas ficou na minha memória inconsciente tudo registrado e consegui, algum tempo atrás, tornar consciente essas memórias em um treinamento que fiz de PNL Programação Neuro Linguística.
Eu vi você é a sua dor, registrei a tal ponto essa memória, que até os passos das pessoas que andavam naquele assoalho de madeira, no dia do velório conseguia escutar.
Hoje entendo o por quê, o barulho de alguém andar no assoalho era desconfortável.
Assim pude perceber e ter um insight, que não era o barulho do assoalho que me dava o desconforto.
Na verdade, no registro da minha memória inconsciente, o barulho foi escutado em dia de dor, tristeza e de um amor interrompido.
Como o campo informa, tive que passar por muitas dores, a ponto de não suportar, ter surtos psicológicos, queria perder o meu filho também.
Sabe, vovó, através dessa dor, hoje estou aqui estudando constelação sistêmica, magico, não?
Em minha cabeça, estou tendo tantos insights, que mais parece uma panela de pipoca estourando.
Então vovó Jacy, você enfartou tão jovem, por que seu coração não aguentou tanta tristeza e eu por lealdade do pertencimento, inconscientemente fui leal a você em muitos comportamentos, tanto no amor, como na dor, exemplo: quando eu estava em surtos que meu filho ia morrer, aonde tinha imagens dele dentro de um caixão, hoje eu sei, que não era e nem é meu filho, era o seu filho.
Imagina, vovó, a dor que eu vivi nesses surtos, mas hoje eu sei, que a dor é sua, e foi você quem enterrou seu filho, fui leal a sua dor.
Assim, inconscientemente, mesmo que na dor, estaria mais perto de você.
Minha tia, também teve teve de passar por isso, tendo seu filho atropelado, como o seu.
Mas por ser leal a sua dor, o campo movimentou para que eu pudesse estar aqui aprendendo sobre constelação sistêmica, para me curar e prosseguir em minha missão.
Vovó, serei eternamente grata a você, do tempo que vivíamos juntas.
Sinto muito, por minha mãe e você que tiveram tantas divergências, mas agora, não é mais necessário vocês me disputarem, por que eu amo as duas.
Eu amava estar na sua casa, por que lá não escutava gritos, eu escutava elogios, aliás, mais insights caindo ao escrever essa carta, é que os seus elogios eram que eu sabia limpar bem uma casa, lavar roupas, etc.
E para honrar estes elogios, percebo hoje, o por que de aos 13 anos sai da casa dos meus pais e fui limpar a casa de outras pessoas.
Também descubro agora, escrevendo essa carta para você, que eu sei por que aconteceu minha exclusão escolar, eu tinha apenas 8 anos quando você morreu, não conseguia mais aprender, como isso sai da escola e fui ser babá.
E, também vovó, foi através da constelação que descobri o por que eu sentia um desconforto, quando via carro velho, com homens grisalhos e fumantes, foi um dia que constelei, vovó, cheguei em casa, como se fosse do nada, mas hoje sei que era o campo informando.
Recebo uma mensagem, de uma pessoa se identificando que era quem estava com teu filho no dia do acidente, fiquei anestesiada e perguntei se o homem que atropelou meu tio era como o que citei acima, e ela disse:
- Meu Deus! Você não estava lá, e só tinha 3 meses quando ele morreu.
Então, vovó, veja quanto movimento esta acontecendo para curar nosso sistema familiar.
Tudo isso foi por desejar o pertencimento, de alguma forma, o que era consciente eram os momento de amor, mas a dor, era a lealdade inconsciente.
E graças a essa dor, do amor interrompido, e por minha lealdade a você que me dava tanto amor, carinho, afeto e elogios, estou aqui estudando e evoluindo.
Te amo minha amada vovó Jacy, por ano enterrei você dentro de mim, mas agora podemos conversar novamente, prometo te enxergar de novo, e ser grata por esse grande movimento que recebo, de bênção e de amor de quem você foi aqui.
Por que agora para mim é consciente, você tem a sua história e eu tenho a minha.