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RELAÇÕES CONJUGAIS E A CRIANÇA INTERIOR REVELADA NAS ATITUDES DOS NOSSOS PAIS

RELAÇÕES CONJUGAIS E A CRIANÇA INTERIOR REVELADA NAS ATITUDES DOS NOSSOS PAIS
Maria Angélica Pires de Souza
mar. 18 - 6 min de leitura
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Concluindo o módulo III da formação real me vejo feliz porque muitas fichas caíram em minha vida.

Confesso que algumas com uma intensidade tão grande que recompus alguns pensamentos.

As reflexões trazidas foram tão marcantes que compreendi muitos sintomas apresentados por minha família.

O meu pai era filho de família humilde de trabalhadores da terra nos sertões do Ceará, segundo as histórias seus antepassados eram descendentes de portugueses.

Estudou até o quarto ano, mas era um homem culto.

Lia muito, segundo ele essa prática era presente em sua vida desde a infância. Isso foi perpetuado pois em nossa casa construiu uma biblioteca muito valiosa para nós e faleceu com um livro na mão.

Além da leitura sabia muita matemática, se comunicava muito bem e desde cedo não ficou trabalhando no campo como seus irmãos. Se aventurou a ir para a cidade em busca de trabalho.

A procura por novos horizontes fez dele um excelente homem de vendas.

Viajava muito, até ganhou prêmio internacional da América Latina por ser o melhor vendedor de seguros de uma empresa nos anos de 1950. Essas suas qualidades deram a ele a oportunidade de conhecer pessoas mais influentes no município onde morava.

Era um homem criterioso, muito responsável e segundo ele, palavra dada era palavra empenhada. Assim com seu exemplo moldou em nós o jargão, honestidade e palavra dada acima de tudo.

Como cônjuge ao chegar em casa após as viagens exigia tudo arrumado mas, confesso que nos afazeres domésticos nunca o vi ajudar.

Se enfeitava muito, sempre gostou de roupas impecáveis e no que lembro não via afetividade entre ele e minha mãe.

Na verdade, se amavam  mas tinham vergonha de mostrar seu amor.

Meu pai apesar de ausente devido ao trabalho tinha uma excelente relação com todos os filhos, nos amava e encorajava a construirmos um futuro de sucesso.

A minha mãe, era também descende de antepassados portugueses e era uma mulher linda e muito trabalhadora, desde pequena junto com meu avô ajudava a ele nas atividades da fazenda.  Ele tinha algumas propriedades e a minha mãe apesar de mais jovem que outros irmãos conduzia a organização das atividades na fazenda pois ele acreditava muito nela como gestora.

Ficou noiva cedo e desistiu do casamento quando soube que o noivo tinha dançado com uma moça numa festa que ela não tinha ido.

Por causa do término do noivado, logo conheceu meu pai que como vendedor ia a fazenda mostrar seus produtos.   Minha mãe cursou até a quarta série, sabia muita matemática, era uma poetisa. Escrevia poemas lindos que serviram de inspiração para vários filhos que são poetas.

Dizia que o poder das letras era maior que qualquer arma, pois com ela, as letras, se podia expressar o mais íntimo do nosso coração.

Assim, lutou muito para que a nossa família fosse para a capital onde, segundo ela, teríamos a possibilidade de concluir um curso superior.

Essa estratégia foi alcançada, todos nos formamos, e essa construção era para ela como um troféu. Minha mãe foi uma guerreira, uma flor, uma águia. Pelos filhos voou alto e todos agradecemos pela opção que fez por nós.

Como cônjuge via minha mãe sobrecarregada pela prole ser muito grande, 17 gestações, 12 nascidos vivos e por ter exercido em muitos momentos o papel de pai e mãe.  

Lembro dela dizendo que o amor é fidelidade e que essa quebra anula o amor, hoje compreendo suas posições e sei que em sua fala expressava as suas verdades interiores, antes uma verdade dura que nos mostra saídas, do que mentiras afáveis que nos aprisionam.

Ao rever os conteúdos o que faz o amor dar certo, as parcerias, o equilíbrio entre dar e receber, os pilares de um relacionamento, divórcio e alienação parental e especialmente o amor inocente, o amor da criança que existe em nós vejo que a minha mãe, ao terminar o noivado por suposta infidelidade também pode ter sofrido essa experiência no casamento com o meu pai.

Conforme Bert Hellinger (2006)," [...] entramos em um relacionamento com tão grandes expectativas e esperamos que, sentindo-nos antes incompletos e imperfeitos, por meio deles nos tornemos perfeitos e completos”. 

E se as expectativas não são alcançadas nos frustramos, no caso da infidelidade o mesmo autor ainda afirma que o mais prudente é resolver as dúvidas enquanto casal com moderação uma vez que a fidelidade deve ser vivida não como presunção de um ser dono do outro, mas de viver a fidelidade por amor um ao outro.

Agora me dou conta que minha bisavó materna ficou viúva muito jovem e talvez essa experiência de abandono e orfandade tenha chegado a minha mãe por meio de emaranhamentos.

Assim, fico feliz porque agora compreendo cenas muitas vezes escondidas de lágrimas da minha mãe vista lá na minha infância e quando algum de nós se aproximava ela dizia:

- Amém o pai de vocês, eu amo vocês.

Ao lembrar dessas passagens, vejo que a minha mãe usou da prudência e moderação para resolver seus problemas conjugais, trazidos talvez do luto precoce da sua avó.

Vejo também que meu pai talvez por ser de família mais humilde queria se sentir olhado desde criança e essa carência pode o ter  conduzido a se firmar como uma pessoa que se relacionava bem com todos, construindo assim novas amizades.

A ficha caiu.
Gratidão meus pais!

 

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