Na última sexta-feira, após eu ter facilitado uma Constelação Épica, demorei a dormir. O que ficou mais evidente durante a constelação foi a orfandade de pai. Essa orfandade reverberou em todos que lá estavam, inclusive em mim.
Quando eu era criança, meu pai, que é médico, trabalhava em plantões de 24 horas aos domingos. Ficávamos eu, minha mãe e meu irmão em uma casa grande. A minha mãe trancava a porta do corredor, que dava acesso aos quartos para nos proteger. Mesmo assim, eu tinha medo. Sentia a falta do meu pai em casa. Ficava um vazio…
Não me lembro de expressar esses medos a alguém, mas, provavelmente, eu captava, também, o medo de minha mãe. Afinal, ela estava sozinha cuidando de duas crianças pequenas. Não era fácil.
Após a constelação de sexta, tive o insight de que a ausência do meu pai me remetia à ausência de tantos homens do meu sistema que foram para a guerra. Ai, que dor, que vazio… Nós não sabíamos como esses homens estavam na guerra: vivos, mortos, famintos, amputados, isolados… não sabíamos se voltariam… e, caso voltassem, não sabíamos como voltariam…
O que nos restava era rezar e esperar pelos Milagres.
Não me lembro se eu rezava quando meu pai estava no plantão. Provavelmente sim.
Querido papai, agora eu sei!
O meu medo era o medo de tantas mulheres do nosso sistema!
Imagino que, para o senhor, não tenha sido fácil.
Para os homens do nosso sistema, também não foi.
Eu vejo a dor dos que foram.
Eu vejo a dor dos que ficaram à espera.
Eu dou um lugar para cada um de vocês em meu coração.
Eu incluo essa dor.
E acrescento Amor.