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O Pequeno Curumim - 4.º Dia da Imersão em Constelações Sistêmicas com Olinda Guedes

O Pequeno Curumim - 4.º Dia da Imersão em Constelações Sistêmicas com Olinda Guedes
Anna Soligo
set. 11 - 4 min de leitura
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Sim, querido Curumim, eu vejo você!

Sinto a sua solidão, a sua saudade e a saudade de todos os que ficaram ao seu redor.

E ao quarto dia de imersões, eis que surge aos nossos olhos uma história tão linda!

O tema solidão nos levou a um sentido tão amplo da palavra...

Em alguns anos de estudo que já tenho com a Mestre Olinda, e atuando como consteladora, tenho aprendido que muitos dos papéis e inclusive, os que representamos, trazem algo que ressoa com a nossa própria história.

Tenho feito algumas pesquisas sobre o povo indígena, em especial sobre os "bugres", como a sociedade chama.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Bugre

Nesses estudos, tenho descoberto como os nossos ancestrais indígenas sofrem realmente de solidão.

Em muitos dos atendimentos que realizo aqui na minha região, tenho observado as sequelas que a colonização têm deixado nos sistemas indígenas, afinal, tenho o sangue dos "bugres" correndo aqui nas minhas veias.

Os indígenas, povos nativos do Brasil, que viviam aqui desde quando os primeiros europeus chegaram, sempre foram tidos como pessoas feias para a sociedade e termos como: "Você tem cabelo de Bugre, nariz de bugre, pele de bugre...", trouxeram por muitos anos, certa vergonha aos seus descendentes, que não faziam nem questão de se  identificarem como tal.

Então, esse esquecimento todo tem gerado uma grande ausência dentro dos sistemas, uma saudade tão grande de tudo aquilo que vem sido esquecido: costumes, crenças, religião e, especialmente, a plenitude do pertencimento, que significa ser aceito tal como é.

Além da saudade que, no aparente do aparente não se explica, existe também outro tipo de dor, de ausência, pois tratados como "estranhos", como escória, como não pertencentes aos padrões sociais de beleza e cultura, os indígenas de muitas tribos foram violados não só em seu direito à terra, mas à família.

Os pequenos curumins, arrancados de suas famílias como escravos. As mães, pais e irmãos enlouquecidos sem entender o que ali acontecia, imunes ao ódio e à falta de humanidade dos dito "humanos", que caçavam e caçoavam das suas presas, obrigando meninas tão novas, a contrair matrimônio com europeus solteiros e bem mais velhos do que elas. Pequenas crianças que nem sabiam, nem haviam descoberto a sua sexualidade. De livres e pés no chão, "pegas a cachorro" no mato, laçadas igual a animais, e expostas como um grande feito perante as sociedades locais.

Não me admira que em nosso país, e aqui no Paraná,  e na cidade onde eu vivo, que por sinal até um nome indígena leva, hajam  tantos casos de esquizofrenia e de autismo, como pudemos observar ontem, no último dia de imersão.

Tenho atendido muitos casos, onde até mesmo, após a captura das crianças, aldeias inteiras foram dizimadas, queimadas, para que as famílias não tivessem como fazer represália aos desumanos que lhes tiraram os seus bens mais preciosos. 

Certa vez, uma cliente relatou durante a constelação, que o trisavô fora morto após ter a filha tomada da sua tribo.

Situações e segredos que muitos dos nossos pequenos carregam no coração.

O pequeno Curumim de ontem à noite, trouxe alento àquela saudade, àquele sentimento tão grande de solidão e vazio, ao coração de muitos que puderam acompanhar o movimento das constelações.

Estava lá, batendo à porta física, mas na verdade, batia à porta do meu, seu coração, dizendo: Eu também pertenço!

Quanta alegria você trouxe aos nossos corações pequena criança!

A liberdade perdida, esquecida, a inocência dos pequenos índios, que têm a sua beleza, a sua luz!

Ontem você me trouxe de volta, e junto com a sua linda presença de criança, a minha dignidade, a alegria de ser quem eu sou! 

Senti orgulho dos meus cabelos grossos, dos meus olhos grandes, e que meu pai sempre dizia serem "olhos de jabuticaba". Orgulho do meu batom vermelho, e da liberdade de poder andar descalça, e de gostar das coisas simples.

Quanta cura você nos trouxe!

A você, seus pais, seus antepassados... A minha profunda reverência e gratidão!

 

 


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