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A BELA ADORMECIDA - UM OLHAR SISTÊMICO PARA O CONTO

A BELA ADORMECIDA - UM OLHAR SISTÊMICO PARA O CONTO
Lorenna Gomes Do Nascimento
abr. 4 - 3 min de leitura
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Ao ler o livro “Ah, que bom que eu sei”, de Brigitte Gross e Jakob Schneider, vi que existem muitos contos de fadas que descrevem diversas dinâmicas acerca da nossa vida e da relação com nossos familiares.

Sobre a Bela Adormecida, percebi que a dinâmica do conto refere-se a uma antiga amada ou noiva do pai, nunca da mãe, mesmo se for um homem que o tenha como conto preferido da infância.

Não é de se estranhar, já que a trama se volta muito à relação da “rainha má” com a princesa Aurora, uma relação que, percebo, diz muito sobre o não incluir a antiga parceira do pai e, enquanto essa inclusão não ocorre, a filha “paga” o preço da exclusão.

Desta forma, a filha representa a antiga parceira do pai, não conseguindo se relacionar com outras pessoas, pois já tem um companheiro na alma (o pai). Muitas vezes a relação com a mãe não é boa, pois a filha pode se sentir como uma rival daquela.

Vejo também algo importante, sobre o parceiro. A princesa acaba adormecendo e só o que a desperta é um beijo de amor. Muitas mulheres que tem esse conto como preferido podem ainda esperar o amor perfeito, aquele que irá salvá-la e despertá-la para a vida.

Acontece que não existe o parceiro perfeito e essa espera pode durar uma vida inteira. As mulheres que tem uma boa referência do pai acabam agindo de forma semelhante. Já aconteceu comigo e, costumo dizer que as chamadas “filhinhas do papai” estão sempre em reabilitação.

Temos o direito de ser amadas, isso não se contesta. Só precisamos perceber e não confundir a relação parental com a relação que estabeleceremos mais tarde, com nosso parceiro.

Muitas vezes, projetamos no outro o pai e podemos achar que todos têm que nos amar da mesma forma, sem que precisemos fazer nada. Acontece que uma relação amorosa entre adultos é baseada no equilíbrio entre o dar e receber.

Então, precisamos refletir com que olhos olhamos para o nosso parceiro: com os olhos da criança, que ainda olha lá atrás a referência do pai ou com os olhos da adulta, que entende que numa relação deve haver equilíbrio de troca.

Por vezes, se não recebemos aquilo que desejamos, da forma como desejamos, ficamos confusas e achando que o amor não acontece para nós, por mais que busquemos, quando, na verdade, precisamos olhar para o outro dispostas a trocar e fazer essa relação crescer e não somente receber.


 

 

 

 

 

 

 

 

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