No primeiro módulo foi apresentado o histórico das constelações sistêmicas – seus fundamentos e princípios, envolvido num misto de conhecimento e amor pela querida Olinda Guedes.
O filósofo alemão Bert Hellinger após anos de investigações sobre o comportamento humano através de pesquisas, estudos, jornadas por vários tipos de terapias e modalidades de ajuda ao outro, incorporou diferentes ferramentas e, finalmente percebeu que as histórias dos ancestrais familiares influenciariam nos indivíduos, fazendo renascer destinos.
Ao vivenciar, em terapia, como representante de membros de familiares, observou que podia se sentir exatamente como a pessoa que representava.
E, a partir daí começa a trabalhar seus grupos com uma abordagem sistêmica, até se dar conta que além da consciência pessoal havia a consciência coletiva que atua no grupo familiar e que também está determinada pelos princípios da consciência pessoal: pertencimento, hierarquia e equilíbrio.
E desse lindo movimento nasceu a constelação familiar, que possui fundamentação, dentre outros, na biologia, matemática, física newtoniana e física quântica e nos campos morfogênicos de Rupert Sheldrake. Além da forte influência da análise transacional, da linguagem hipnótica de Milton Ericson, da programação neurolinguística (PNL), neurociência e da epigenética.
Hellinger observou que uma das leis da física, a lei da conservação da energia, que diz: “A energia não se perde, nem pode ser destruída, ela se transforma”, fazia total sentido. A energia permanece caminhando em direção à luz, porque toda energia tem vocação para a luz.
Assim como toda luz prepondera sobre a sombra.
Herdamos de nossos ancestrais não só a herança, as dívidas e o DNA, mas também as suas dores.
O biólogo inglês Rupert Sheldrake lançou (1981) em seu livro “Uma nova ciência da vida” a hipótese de que existiriam campos de informações imateriais, que seriam transmitidos por ressonância mórfica dentro de sistemas que compartilhavam características semelhantes em sua formação, no qual acontecimentos e comportamentos de organismos no passado influenciariam organismos no presente. Quanto maior a similaridade de características dos sistemas, maior seria a ressonância e a influência desse campo não físico de informação.
Shedrake conduziu por décadas inúmeros experimentos científicos que demonstraram a existência de um campo criado pela atenção do observador, que pode ser percebido pelo observado, assim descrito em seu livro: “Os Sete Experimentos que Podem Mudar o Mundo”.
E com base nesse fundamento teórico dos campos fenomenológicos da constelação familiar de Bert Hellinger encontrou um dos principais embasamentos científicos teóricos para o acesso às memórias do campo.
Constelação é mais que uma técnica, é mais que uma terapia, é uma intervenção clínica para ajudar pessoas, é “ajuda para a vida”.
A constelação envolve três tempos:
1 – Identificar o problema;
2 – Perceber a solução;
3 – Indicar ao cliente: exercícios, posturas, tarefas para assumir a sua responsabilidade como parte efetiva da solução.
Esses três princípios sistêmicos atuam sobre a natureza das relações humanas de uma forma precisa, ainda que não tenhamos consciência. São as leis da vida, como já mencionado, as leis da natureza que vêm da biologia: pertencimento, compensação e ordem.
Os grandes biólogos: Maturana e Varella trouxeram a ideia de autopoiese, à medida que dizem que a biologia não discrimina, inclui tudo o tempo todo. A natureza não julga, inclui e distribui, igualmente, tudo o que recebe. O sistema é homeostático onde a invariante fundamental é a própria organização. Ou seja, a ideia básica é um sistema organizado autossuficiente.
O primeiro princípio do pertencimento determina a forma como agimos na vida, as nossas atitudes de forma boa ou mal, com consciência leve ou pesada. Quem se mantém no padrão de comportamento dentro do sistema fica com a consciência leve, quem foge da repetição terá a consciência pesada por agir diferente. Vale ressaltar que o primeiro sistema na vida que adquirimos é o nosso sistema familiar.
Por isso, perpetradores e vítimas também fazem parte de um mesmo contexto, passam a pertencer ao sistema familiar, ao que Hellinger denominou de “Comunidade de Destinos” - pelo bem ou pelo mal vamos pertencer sempre.
Em outras palavras, todo membro de uma família, independente do que tenha acontecido, tem direito a pertencer. A consciência coletiva ou consciência arcaica ou do clã fala mais alto. Fazemos de tudo para pertencer.
Quando um membro anterior nega o direito ao seu pertencimento, seja por desprezo, por vergonha ou por negação, um descente vai olhar, inconscientemente, para esse excluído e identificado com o “emaranhamento” vai imitá-lo, pressionado pelo senso de compensação do consciente coletivo do campo.
Como membros da família em situações de exclusões, expulsões, esquecimentos, desonras.
Exemplos são: abortos; mortes por fatalidades do destino, membros que foram abandonados em sua terra natal, membros excluídos pela condição econômica, social e/ou intelectual inferior ou mesmo superior; membros abandonos em hospitais; os viciados; filhos não reconhecidos; filhos adotados em segredo, dentre vários outros.
E se não sabemos como pertencer de uma forma positiva, funcional e saudável, inconscientemente vamos pertencer por meio da dor. É o caso, por exemplo, dos sintomas das doenças.
O segundo princípio é o da ordem ou da hierarquia que atua na consciência coletiva (familiar ou do grupo), onde predomina uma ordem arcaica e hierárquica orientada pelos antepassados, quem chegou primeiro no sistema tem prevalência.
Quem viola a ordem terá consequências pesadas. A consciência arcaica não permite que os descendentes, quem vem depois, se intrometa nos assuntos de quem veio antes, independente das intenções. Quem vem depois é sempre menor do que quem veio antes.
Quando um filho, por exemplo, assume algo por um dos pais, ele age com a consciência pessoal que lida com o que é certo e errado, basicamente significa que se você faz algo como eu faço está certo e se faz ao contrário, está errado. Assim na ação de se intrometer, o filho age com a boa consciência.
Mas há duas consciências aí que se opõem: a consciência coletiva e a consciência pessoal. Por aquela, o filho viola a hierarquia, mesmo que por amor, e será punido com o fracasso e a morte em sentido amplo e por essa se sente inocente. Razão de quem vem depois nunca puder querer se arrogar a ajudar quem veio antes, expiando e tentando libertá-los de um destino ruim.
E, se isso acontece é porque o descendente está sob a influência do emaranhamento e só aumentará o sofrimento em vez de impedi-los, pois o descendente ao ser pressionado por um senso comum de equilíbrio (analogicamente comentado na lei do pertencimento), deseja colocar em ordem um fato passado para alguém que veio antes dele, e a consequência é de dor.
Todas as leis trabalham conectadas, prevalece a ordem da consciência arcaica
O terceiro princípio é o da compensação ou o equilíbrio entre o dar e receber. Quando recebemos algo de alguém nos sentimos obrigados a compensá-lo de alguma maneira correspondente.
Só nos sentimos livres ao retribuir na mesma proporção o que recebemos.
E se a devolução for insuficiente, o primeiro que se beneficiou ficará em dívida de quem recebeu e esse fica esperando o algo daquele. Essa ordem do equilíbrio de trocas é determinada por meio de nossa consciência. Detalhe, essa necessidade de compensar existe tanto no bem como para o mal.
Já no âmbito das relações entre pais e filhos, o amor doado para os filhos é gratuito. Os pais oferecem aos filhos, diferente do que oferta a outras pessoas. Os pais só esperam dos filhos que sejam felizes, realizados e equilibrados. E uma criança que recebe amor de graça dos seus pais já tem maior oportunidade de caminhar na vida com sucesso, no seu lugar, em ordem, e, oferecer o amor de graça a seus descendentes.
Em outras palavras, apenas entre pais e filhos é que o princípio do equilíbrio entre o dar e receber é anulado. Os filhos só podem trazer a compensação através da vida que geram através de seus próprios filhos.
A consciência coletiva do grupo ao qual se pertence vai exigir que haja o equilíbrio do dar e receber. No mal, que haja a reparação. Ainda, que algum descendente tenha que arcar com o dano.
Em síntese, os princípios sistêmicos – leis do amor, se comunicam o tempo inteiro e o conhecimento acerca deles reflete um grande benefício para caminhada na vida
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