MÓDULO 3
Este módulo me trouxe mais claramente as minhas dores e a necessidade de me sentir pertencente e validada por meus pais. Desde muito cedo ouvi a seguinte fala de minha mãe: “Quando comuniquei ao seu pai que estava grávida de você ele se assustou e perguntou se não podíamos abrir mão de você” e também “sempre achei que você fosse um menino, pois se mexia muito dentro de mim”.
Tive oportunidade de rever minha jornada de vida, minha necessidade de trabalhar duro, com afinco, ser perfeita, não me permitir descanso, como formas de me sentir validada e aceita por meus pais. Ser motivo de orgulho, para provar que valeu a pena não terem desistido de mim.
Em todas tarefas assumi a tenacidade do masculino, abrindo mão do meu feminino, tudo em busca de aceitação e aprovação dos meus pais. Ainda há mais uma fala de minha mãe: “Quando seu irmão nasceu seu pai ficou tão feliz que o exibiu nu aos vizinhos, por ser um homem. Reconheci que nenhum dos meus relacionamentos afetivos foi adiante, pois eu não estava disponível para o amor pleno, havia um feminino a ser curado e validado em mim. Havia uma criança ferida em mim, que gritava por socorro".
A maternidade recebida como bênção me trouxe o amor incondicional, mas com muitas dificuldades de permitir que meus filhos fossem livres para pensar e agir de maneira menos rigorosa que eu. Até hoje é um treino contínuo.
Através de práticas meditativas e terapia de renascimento pude dar pertencimento à essa “menina”, que era esperta como um menino, mas sensível e afetuosa como uma mulher. Compreendi a postura do meu pai, quando temeu não dar conta de mais uma filha, pois sou a segunda, a caçula da família, num intervalo de um ano apenas. Pude concordar por sempre priorizar o lado financeiro da família, honrando nossos antepassados italianos, que viveram em profunda escassez.
Esse módulo me trouxe compreensões profundas à respeito dos meus comportamentos e posturas de isolamento social. Não me sentir validada me levou à “dinâmicas do cuidar” através da enfermagem, trabalhos voluntários com gestantes e dependentes químicos. Fez com que atraísse para mim relacionamentos conflituosos, que sempre me levavam ao mesmo fim, desistência e uma repetição de mergulhos rasos.
Como amar, se para mim o amor ainda não se consolidava dentro da alma? Nesse módulo pude resgatar minha criança ferida, acaricia-la e permitir que ele seja plena, tendo minha permissão pra dizer não, desistir, se cansar, ser quem ela é.
O segundo passo foi me perceber como ser relacional e me expor diante dos amigos como falível e imperfeita. Isso foi muito libertador. Termino minha avaliação desse módulo com as seguintes frases: Agora eu sei! Concordo com tudo como foi! Sei que tenho um lugar no coração dos meus pais! Eles me deram o suficiente!