O primeiro equívoco é confundir religião e espiritualidade, quando a palavra religare (que em latim significa ligar-se a Deus) perde o sentido para as palavras "mortas" das escrituras e para os dogmas "revisitados" pelos interesses sociais e econômicos das épocas remotas e das nem tanto.
Poderíamos culpar a modernidade pela a urgência na evolução material como justificativa para que a massa humana pense não pela própria cabeça, mas pelas distorções das práticas religiosas de Avatares, que por sinal, não deixaram nada escrito, apenas passaram à frente suas experiências religiosas, no verdadeiro sentido latino de ligar-se a Deus, ou seja, tendo sua individualidade iluminada pela consciência divina.
O segundo equívoco é crer que espiritualidade é o sobrenatural, que deveria chamar-se apenas de sobrenormal, sobrehumano ou sobrecomum. Pois que aquilo que se sustenta hoje como a ideia de espiritualidade nada mais é que nossa real identidade, seres espirituais que podem descer a frequências tão lentas que formam matéria. Sem fantasmagoria, sem dogmas, sem letras mortas, apenas a realidade que manifestamos como o instrumento de evolução e que a ciência já tem ousado explicar.
Como sempre, faço questão e preciso reforçar, que aqui falo do meu ponto de vista, de minha observação sobre o que vejo. E o que vejo é que precisamos "remodelar" nosso conceito de espiritual, porque ele não está em nossas manifestações mediúnicas, em nossos rituais simbólicos, em nossas igrejas, templos ou terreiros e sim apenas em nós mesmos, pois como diz Mateus 6:6:"Mas, quando você orar, vá para seu quarto, feche a porta e ore a seu Pai, que está em secreto. Então seu Pai, que vê em secreto, o recompensará". E esse orar transcende as palavras, as lamúrias, as súplicas e, até mesmo, os pedidos de perdão.
Esse orar é ouvir a voz do próprio Deus manifestado em nós e demonstrá-lo em amor incondicional, que é a única linguagem do Divino.
A espiritualidade é entrar em contato com essa individualidade, aquilo que está dentro de cada um e que só pode ser acessado por si mesmo, no momento em que silenciamos o lado de fora, a matéria, o mundo ilusório e passamos a compreender nossa essência por meio do reconhecer nossas emoções (nem sempre nobres) e nossos sentimentos mais elevados.
A experiência religiosa transcende os muros das igrejas, as capas e contracapas dos livros sagrados, as manifestações paranormais, o bem e o mal que o ser humano é capaz de ajambrar, mas nem tanto de manifestar.
É preciso rever os conceitos do fora de nós, da expectativa de salvação vinda de um grande homem que salvará a humanidade (de si mesma, vale lembrar), do equívoco de se julgar menos que a própria divindade que nos permeia.
Obviamente, a muito ainda que se assimilar antes de compreendermos o verdadeiro sentido de sermos almas, seres que não são alados, nem transparentes, mas que manifestam sua espiritualidade "disfarçada" em sentimentos nobres e que criam suas realidades por meio de leis "invisíveis" a olho nu.
Eu não ousaria dizer que somos Deus, não pelo menos antes de ter claro o que significa ser espiritual, não sem antes reconhecer o potencial que nossa essência carrega por trás de uma pequena e "mesquinha coisa" chamada Ego, que algumas filosofias e religiões (ainda) pregam como o vilão que precisa ser eliminado, destruído, destronado.
Ser espiritual é mais simples que parece, mas não mais fácil. Reconhecer-se como um ser Divino que esquece da própria origem para, por meio da ilusão, acreditar-se menos do que é e menos consciente de si mesmo para criar a experiência de evoluir.
Isso não é para qualquer um...