Meus pais nasceram no interior do RS, sendo que seus pais eram muito amigos e cultivavam entre si a admiração e respeito mútuos, o que só fortalecia o vínculo de amizade entre eles.
Meu pai é o filho primogênito de nove irmãos, cinco mulheres e 4 homens. Meu avô era um jovem médico que emigrou da Argentina para cursar Medicina na UFRGS e, concluído o curso se estabeleceu no Brasil. Minha avó era de outra cidade e acabaram se conhecendo e casando. Pelo que consta, ele era um homem extremamente charmoso e bonito, além de médico dedicado à comunidade, salvando muitas vidas, como clínico- cirurgião- obstetra.
Minha avó paterna, era pianista, sofreu muito em razão de ciúmes, o que a levava a constantes depressões.
Meu avô materno era um homem muito trabalhador, apesar se ser analfabeto, construiu um grande patrimônio. Conheceu minha avó e se apaixonou e a pediu em casamento e, logo a seguir, quando ela, finalmente aceitou, casaram-se. Ele passou uma vida apaixonado por ela. Mas não era correspondido a altura, pois ela gostava de outro, mas o pai não permitiu o namoro.
Minha avó havia perdido a mãe muito cedo, de todo, e teve que cuidar dos irmãos menores. Tiveram quatro filhos, o primeiro morreu no parto, os demais, um homem e duas mulheres eram saudáveis.
Minha avó materna foi quem me deu o nome de batismo e eu sempre tive um grande amor por ela. Já, minha avó paterna, apesar de ser minha madrinha, eu não consegui ter muita intimidade. Ela faleceu quando eu tinha 8 anos.
A infância da minha mãe foi difícil, pois ela era interna em um colégio de freiras, cujos castigos era de ficar à noite em um cemitério, apesar dela ser uma menina obediente, foi submetida a esses castigos, que a traumatizaram. Mesmo assim, foi uma mãe dedicada aos seus cinco filhos.
Meu pai era muito arteiro e comunicativo e até hoje tem muito carisma e as pessoas o querem muito bem.
O mais curioso é que meu avô paterno foi quem fez o parto de minha mãe e, brincando, disse a ela que seu filho iria casar com a filha dela.
E assim foi...
Eles são casados há mais de 50 anos.
O que percebi foram os sofrimentos afetivos em minha família, em relação às avós que, por motivos distintos, não tiveram relacionamentos com reciprocidade.
Acredito que, com o reconhecimento de seus esforços e sacrifícios em prol da família, eu poderei ser feliz e reconstruir minha vida afetiva, pois vim de um divórcio e uma viuvez.
Eu honro e tenho gratidão por todas essas mulheres maravilhosas e talentosas de minha família.