Acho que, como todo mundo, já me perguntei milhões de vezes o que, afinal, vim fazer nesse planeta e nessa vida. Porque nasci como e onde nasci. Enfim, estas perguntas que parecem nunca ter uma resposta satisfatória.
Foram anos de busca. Mas, para confessar a verdade, não foi uma busca de autoconhecimento e para responder essas questões. Não!!! Foi uma jornada de fuga, de muito medo e de vontade de encontrar formas de não sofrer. Parece que cada um vive sua jornada evolutiva como consegue, não é?
Nos últimos anos, caíram-me as fichas e comecei (e ainda não terminei) a compreender o sentido de conhecer-me melhor e os porquês de tantos embrolhos. Fiz muitas descobertas, fugi de muitos temas. Ah, enfim, fiz um monte de coisas.
Ainda que não soubesse, porque estava apenas fugindo da dor, fui avançando em um processo de crescimento que foi me permitindo uma autocompreensão, que começava a fazer sentido. É bem verdade que precisei mudar de rota e paradigmas muitas vezes, e nem sempre de boa vontade. Tive que abandonar crenças convenientes e engolir temas indigestos.
É muito louco quando você começa a entender que sua liberdade de escolha depende única e exclusivamente de seu nível de consciência, e essa consciência nada tem a ver com razão e boa capacidade de entender. Essa consciência está na capacidade de equilibrar mente e coração ou razão e emoção.
Porque é exatamente e só isso o que precisamos fazer, achar nosso próprio jeito particular de nivelar nossos pensamentos, emoções e ações. Sabe aquela frase: "Que sua ação seja sua fala e/ou vice -versa" ou algo parecido com isso? Essa é a resposta. Claro que não tão simples e nem tão fácil quanto a pergunta. O que precisamos é concordar com o que é. Não só com o ruim, mas com o bom também (o que para alguns tende a ser o mais difícil).
O processo, pelo menos o meu tem sido assim, é difícil. Porque enquanto você não perceber que não vence se focar nos contextos e histórias tristes da sua jornada individual e que só vencerá se e quando captar o que tudo isso representa em um contexto maior (ou o Todo), muita dor inevitável e sofrimento opcional vai rolar por debaixo da sua ponte.
Mas, chegará o momento que conseguiremos ultrapassar as mazelas e lidar com as sequelas emocionais sem prejuízos, porque as histórias não deixam de existir, apenas param de doer.
Então, depois de todo esse processo, com muitos erros, lágrimas, ataques de fúria e muito, mais muito sofrimento, eu entendi que podia deixar tudo isso e focar naquilo que me fez chegar até aqui. Mas, isso não foi mágica, foram anos de terapia, leituras, reflexões, interações pessoais e muita determinação.
Eu gostaria de, com esse texto, poder poupar muitas pessoas de seus caminhos de dor e sofrimento, mas isso não é possível, não é como tirar com a mão. Mas, não podia deixar de contar que todo o processo me fez chegar ao ponto de compreender que tudo o que preciso fazer é elevar meu nível de consciência, equilibrando pensamentos e sentimentos, entendendo que sou muito mais que minhas circunstâncias.
Não é tão simples, como eu gostaria, tentar passar aos outros uma experiência exclusivamente pessoal, mas sim posso dizer que, embora por caminhos diferentes, a jornada é a mesma para todos.
Nem sempre será fácil abrir mão do velho conhecido, medo, dor, dúvida, simplesmente porque acreditamos ser isso tudo o que temos. E não é. Se olharmos bem, por trás de todo esse "lixo", vamos encontrar o diamante que somos. Porque essa é a única razão de estarmos aqui, porque essa é a nossa missão, estar aqui e fazer parte da evolução de algo muito maior, mas que estaria incompleto sem nossa presença.