Canção: Luar do sertão
Letra e música: Catulo da Paixão Cearense
Letra: Luar do Sertão
Não há, ó gente, oh não
Luar como este do sertão
Oh, que saudade do luar da minha terra
Lá na serra branquejando, folhas secas pelo chão
Esse luar cá da cidade tão escuro
Não tem aquela saudade do luar lá do sertão
Não há, ó gente, oh não
Luar como este do sertão
Não há, ó gente, oh não
Luar como este do sertão
Se a lua nasce por detrás da verde mata
Mais parece um sol de prata prateando a solidão
A gente pega na viola que ponteia
E a canção é a lua cheia a nos nascer do coração
Não há, ó gente, oh não
Luar como este do sertão
Não há, ó gente, oh não
Luar como este do sertão
Coisa mais bela neste mundo
Não existe
Do que ouvir um galo triste
No sertão se faz luar
Parece até que a alma da lua descansa
Escondida na garganta
Desse galo a soluçar
A quem me dera
Eu morresse lá na serra
Abraçado a minha terra
E dormindo de uma vez
Ser enterrado numa grota pequenina
Onde a tarde a sururina
Chora a sua viuvez
Não há, ó gente, ó não
Luar como esse do sertão
Não há, ó gente, ó não
Luar como esse do sertão
Essa canção foi gravada por vários interpretes como: Tonico e Tinoco, Luiz Gonzaga, Catulo da Paixão Cearense e João Pernambuco entre outros. Foi composta por Catulo da Paixão Cearense no ano de 1914.
O que me motiva escrever sobre esta letra é a poesia que mescla, música, viola e natureza.
Através de seus versos, o autor nos remete a vida na roça de maneira contemplativa.
São cinco estrofes que dizem, através de uma homenagem singela, as belezas típicas da vida no interior da cidade.
No meu ponto de vista o auge se mostra no seguinte trecho:
... Se a lua nasce por detrás da verde mata
Mais parece um sol de prata prateando a solidão...
Aqui percebemos a natureza em forma de poesia, quando o autor descreve a frase: sol de prata, prateando a solidão. É uma linda estrofe.
Podemos perceber que ao escrever esta canção, o compositor descreve também as leis sistêmicas segundo Bert Hellinger:
... não há, ó gente, oh não
Luar como este do sertão. (Lei do pertencimento).
Outro trecho:
... A quem me dera
Eu morresse lá na serra
Abraçado a minha terra
E dormindo de uma vez
Ser enterrado numa grota pequenina
Onde a tarde a sururina
Chora a sua viuvez... (Lei do dar e receber - equilíbrio - gratidão).
Enfim, é uma canção que mostra o vínculo com a terra e com o lugar de onde viemos, talvez também onde nasceram e viveram nossos pais e avós da nossa linhagem ancestral.
Você já escutou essa música? Já ouviu essa melodia com o coração?
Quem sabe você possa, assim como eu, apreciar essa obra e se permitir um grande movimento em sua vida.
Nos abrirmos para a reconciliação com a terra é também se conectar com nossa mãe, que nos nutre e nos alimenta, a terra que traz o nosso sustento, reconhecendo o vínculo entre mãe e filho (a) através da gratidão.
Autor: Diego Fernandes Baliero, musicista, violonista, antropólogo, coaching, terapeuta e constelador. Está cada vez mais em paz com sua terra natal.