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A PONTE

A PONTE
Josiane Turcovic Guedes
jan. 18 - 4 min de leitura
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Poucos me conhecem, mas alguns me viram nascer. Lembro-me, como se fosse ontem, de uma conversa tão pura e ingênua, mas com toda a essência da alma de uma criança, a minha criança falando.

Eu, Lorena e tia Ola estávamos reunidas num café da tarde em uma das muitas férias que passamos com ela, trocando risadas e boas histórias, quando disse de forma tão sincera, “Tia acho que não vou viver muito, dentro de mim sinto que vou morrer cedo e tenho medo da morte”.

Uau! Imagino milhares de pensamentos e sentimentos que atingiram ela.

Afinal, sua sobrinha ainda criança, contando-lhe que não viveria muito e com o medo da passagem.

Mas queridos amigos, o tempo foi generoso e Deus cuidou com tanto amor de todo o caminho. Muitas foram as bênçãos que recebi, eu vejo e sou tão grata.

Eu cresci em uma chácara linda e cheia de aventuras para uma criança esperta e destemida andar por onde fosse. No entanto, do lago que havia lá eu queria distância, e distante eu permanecia, e esse medo foi mudando e mais tarde eu sequer podia pensar em estar dentro de um barco, até mesmo de um pedalinho. Me paralisava, afinal minha vida estaria em risco. 

Quando então veio um outro sintoma, a ponte, sim uma ponte, mas que toda vez que eu ousasse passar por cima de uma e ela estivesse sobre as águas, sentia minha vida em risco eminente. E travava mesmo! Fechava os olhos, a respiração pesava e o desespero me consumia.

Assim foram anos desse sofrimento. Quando mais adulta, por um sopro de Deus, fui morar em Curitiba com as minhas tias e recebi o presente de conhecer as Constelações e participar das vivências.

Em uma destas senti o campo me contar, diria até mesmo sussurrar, que alguém em minha família materna havia falecido em uma viagem.

Como era de costume, uma vez por mês vínhamos visitar meus pais. Trouxe na minha malinha do coração esta informação e o desejo por mais compreender quem teria sido e até mesmo se era real aquilo que eu tinha ouvido. 

Aos domingos, o almoço era em Campinas, na casa dos meus avós maternos com todos os filhos e netos reunidos.

Com o almoço finalizado, estava eu ali, buscando coragem para perguntar aos meus avós se eles sabiam de algum antepassado que vivera aquilo que eu sentia e o campo havia dito..

Enquanto eu informava ao campo que aquela seria a hora de saber, o vento soprou e uma tia disse que o meu avô não falava muito sobre a Áustria, mas que ele já havia dito que um irmão do meu bisavô, pai dele, havia falecido ainda criança no navio que trouxe a família de lá para cá. Disse que este menino havia sido jogado ao mar.

Que espanto foi o meu! Primeiro, suspirei, agora eu sei!

Este foi o início da jornada para ver este menino, incluir e dar um bom lugar no meu coração.

Muitas foram as pontes que atravessei e hoje a cada uma que passo sinto que completo um pouco mais por ele, cada vez que respiro e abro os olhos vendo aquela imensidão das águas, é por você querido menino, meu tio-bisavô.

Por isso estou aqui hoje, livre para crescer e sem medo da morte, afinal ela é uma linda ponte.

Com a certeza de que Deus me ama infinitamente, tive tempo para viver e a bênção de ter pessoas tão especiais que me ajudaram na caminhada por esta ponte.

À Olinda Guedes e à Susana Guedes que me guiaram nessa jornada tão especial, minha gratidão!

E ao Pai, estou pronta para o caminho que o Senhor desenhou e para as pontes que virão.

 


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