Meu pai tinha 18 anos quando foi mandado para a segunda guerra. Bonito, alto, magro, olhos que eram de um azul feito água-marinha. Contam que se foi cheio de orgulho para uma Itália que sofria nas mãos de Hitler.
Nas conversas com os companheiros falava da morena do Sr. João. Dizia que, ao terminar a guerra, ia pedi-la em casamento. E assim o fez. Talvez tenha suportado tanto horror porque tinha um motivo para voltar.
Minha mãe, morena, alta e bonita, com uma herança italiana e ucraniana era admirada na cidade, cobiçada pelos moços da pequena cidade onde seu pai tinha fazenda. Ela, porém, gostava de outro. Mas, meu avô não ia com a cara dele.
Quando meu pai voltou partiu para a conquista imediatamente. Deu certo. Ela apaixonou-se por ele e um ano depois estavam casando.
Minha mãe logo engravidou e eu nasci. Tudo ia bem até que, quando eu tinha dois anos, meu pai desenvolveu neurose de guerra, teve muitas complicações e começou a se anestesiar com o álcool.
Foi assim, até o final, aos 42 anos quando ele morreu de um câncer no esôfago.
Éramos 3 filhos nessa época. Minha mãe nunca mais se casou.
Quanto a mim, filha primogênita, passei a infância e adolescência vendo-a sofrer e mantendo-se fiel ao compromisso assumido diante do altar.
Decidi que não me casaria. Não via ao meu redor casamentos felizes. Vizinhas, tias, etc... todas em parcerias desastrosas. Investi em estudos, viagens, planos de casa própria, muitos sonhos.
Porém, aos 24 anos, esbarrei com um moço na rua. E foi amor à primeira vista de ambos os lados. Um ano após, também casamos.
Tivemos 3 filhos, duas gestações pois a segunda foi gemelar. Ele era a pessoa que eu sonhava e ele dizia o mesmo sobre mim. Mas, depois de 23 anos juntos, tomamos rumos diferentes. Seguindo a tradição das mulheres da família não casei de novo.
Assim é com todas. Ou se separam ou ficam viúvas e permanecem sós.
A geração das nossas filhas, mudou isso. Uma sobrinha está no terceiro casamento.
Quebraram a saga da solidão feminina nessa família.
Tarefa de conclusão do mód. 3
A Vida conjugal dos meus pais.