Meu pai nasceu na zona rural de Erechim/RS, o terceiro de dez filhos. Perdeu seu pai muito cedo de câncer, ficando vários filhos pequenos, onde o mais novo tinha apenas três anos de idade.
Meu querido papai foi sempre uma pessoa bondosa, que cuidava de todos. Cuidou inclusive de seu avô paterno que tinha câncer na garganta, indo toda a semana até sua casa fazer a barba, cortar seu cabelo se necessário e demais cuidados que se faziam necessários.
Teve uma vida difícil, com muita dificuldade financeira e mesmo assim deixou sua herança para os irmãos mais novos. Construiu sua vida sozinho, sem o apoio da família.
Casou com minha mãe aos 20 anos, teve três filhos. Um relacionamento de muitas brigas e desarmonia. Teve que seguir os planos de minha mãe que veio para o Paraná seguindo seus pais. Trabalhou como marceneiro na empresa de meus tios maternos e cuidou do sogro e sogra, morando parte de sua vida com eles.
Após falecimento de meus avós maternos, meu pai decidiu ir embora para outra cidade trabalhar, pois sua profissão seria mais valorizada. Infelizmente, assim como sua mãe, faleceu em um acidente de carro, onde foi atropelado.
Minha mãe, a penúltima filha de uma família de 11 filhos. Morava no interior de Erechim/RS. Desde criança ajudava a mãe nas tarefas de casa e cuidava dos sobrinhos. Por ser a irmã mais nova, sempre foi a empregada dos irmãos mais velhos.
Aos 18 anos, casou com meu pai. Inicialmente moraram na casa de minha avó materna e depois foram morar com uma tia de meu pai onde arrendavam seus terrenos para plantar.
Minha mãe nunca foi amorosa, sempre muito brava, rígida, as vezes agressiva. Lembro dela me batendo e dizendo que eu merecia.
Nas datas comemorativas estava sempre com raiva, transformando tudo em muita tristeza. Nada prestava para ela, tudo e todos incomodavam. Dizia que meu pai não prestava para nada e que era ela que mantinha tudo, quando, na verdade, era meu pai que trabalhava fora e ainda ajudava a cuidar dos pais dela.
Parecia não querer estar com meu pai. Ele tinha o hábito de ir a igreja todo o domingo, e ela jamais o acompanhava. Só enxergava trabalho e as pessoas só prestavam quando faziam algo para ela.
Eu me dou conta que, vivi um relacionamento infeliz e parece que casei com minha mãe. Nada que eu fizesse estava bom para meu esposo na época. E eu por outro lado, me comportava como minha mãe. Sempre ignorando o masculino e fazendo tudo sozinha.
Quando minha filha nasceu foi muito difícil porque aquela ira, raiva, fúria que minha mãe tinha parecia estar em mim. Eu não tinha paciência, brigava, dava mais atenção ao trabalho que a filha. Exatamente como minha mãe fazia. Tinha dificuldade de ensinar minha filha a fazer as tarefas da escola, pois estava sempre sem paciência.
E então me dou conta que não tenho lembranças de minha mãe me ajudando com uma tarefa de escola. Aos poucos fui buscando conhecimento e ajuda para ser uma mãe melhor.
Me percebo nos emaranhamentos de meu pai e minha mãe. Vivendo as mesmas dificuldades, problemas de relacionamento e escassez financeira. Também percebo muitas coisas que aconteceram na vida de meus avós paternos, sendo repetidas na minha vida.
Assim que ingressei na faculdade, entrei para o sistema bancário onde atuei por 10 anos e depois segui a profissão de Coach que trouxe muito conhecimento para poder ter clareza dos emaranhamentos que estão em meu sistema familiar.
Hoje entendo que somos consequência de nossos pais e que preciso olhar com carinho para toda essa história afim de seguir então o meu caminho, viver a minha vida, vivenciar a minha prosperidade e não mais os problemas e dores do passado.
Querido papai! Querida mamãe! Sinto muito. Peço a benção de vocês para viver a minha vida! Gratidão.