O tempo passa voando e se arrasta passando.
Tem uma aridez e uma intensidade impressionante.
É como se dissesse o tempo todo: tic tac tic tac...
Mas, ele diz:
- é o que é... é o que é...
O barulho de uma máquina de lavar louças se mistura com a dor do pranto de uma criança enlouquecida de sofrimento. Lá vem a frase sincera: quero morrer, quero morrer!! Tenho dor, dor, dor.
Dormir?
Não!
Apenas, a mente, os neurônios entram em exaustão.
Penso: o que a humanidade precisa para evoluir?
Presenciar a dor?
Ajudar ao próximo?
Passar uns dias num hospital infantil?
Infelizmente, uma voz responde, acho que é a sabedoria de minha avó:
- Tem gente, minha fia, que é dura que nem pedra.
Encontrei uma jovenzinha no elevador. Ela tinha os olhos o choro de um futuro ameaçado.
Seu bebê nasceu com sérios problemas cardíacos e já está há 40 dias aqui. Veio direto da maternidade para cá.
Fiquei muda. Não sabia se abraçava ou chorava...
Um homem disse: ah! Hoje em dia está tudo muito simples, se resolve tudo. Cirurgias, implante.
Ufa!
Ele nos tirou de nosso idílio.
Estávamos enamoradas de tamanha dor.
Ah! De certo é assim.
A gente tem que ser menos romântica.
Se acostumar. A vida é assim.
Só que não! Para mim, não!
Amanhã desejo não encontrar esse tal no elevador.
Vou perguntar a ele se ele tem coração.
Olinda Guedes
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