Sabemos que a sexualidade e a afetividade são dimensões fundamentais da vida de todos nós. É através destas forças que constituímos a nossa própria identidade e nos relacionamos conosco mesmos e com as demais pessoas.
Conforme a Mestra Olinda nos diz: “quando consideramos a sexualidade uma luz divina” e percebemos que ligado a essa questão existe um sofrimento humano, como sendo uma “noite escura da alma”, então precisamos olhar e tratar sistemicamente sobre a situação apresentada.
Quando ouvimos o relato de algumas pessoas com mais idade do que nós, percebemos o quanto a questão da afetividade e sexualidade foi sendo tratada com descaso e repreensão ao longo da história. Hoje temos muitos acessos e possibilidades de ampliarmos o nosso olhar.
Entretanto, a minha história de vida também não foi diferente da de outras pessoas. A forma de tratamento, tanto no sentido da afetividade quanto da sexualidade, não era muito saudável, ou seja, era repreensão mesmo: muitas vezes, bastava um olhar para que já compreendêssemos a mensagem dos adultos e saíssemos de fininho. Isso e tantas outras atitudes, deixavam os traumas e fantasias registrados na nossa memória. E, posteriormente, dificuldades também de lidar com a situação.
Certa vez, por exemplo, convidaram-me para falar sobre esse assunto com os pais dos catequizandos, de uma Paróquia, onde eu trabalhava. Na ocasião, considerando o possível grande número de participantes e o meu despreparo em atender a demanda, recusei falar sobre o assunto. Frente à grande insistência da Coordenadora do evento, decidi colaborar, porém, encontrando uma palestrante com boa indicação e competência no assunto.
Com data marcada, palestrante confirmada, organizamos para que tudo transcorresse bem e que atendesse a necessidade do público. O evento foi realmente maravilhoso e superou a expectativa de todos.
Contudo, algumas questões apresentadas por alguns pais chamou-me a atenção, e lembro-me ainda hoje: “Como falar sobre afetividade, sexo e sexualidade com os filhos?”... "Antigamente, ao referir-se sobre isso, os adultos nos diziam que era o demônio… daí a gente tinha medo”... “agora nas escolas estão dizendo que não é o demônio, que é um tal de hormônio”... “Do jeito que tá indo as coisas, não temos mais ferramentas para incutir o medo”...
Com isso, percebe-se o quão de dificuldade e os tabus que eram ensinados e passados de geração a geração. Estudar sob a ótica das Constelações Sistêmicas com certeza tem me possibilitado a expansão do meu nível de consciência e cura pessoal e do meu sistema.
Antes eu já sabia, contudo, hoje sei mais ainda, que, mais do que pregoar o medo e traumatizar, assim como era, só “O amor pode dar certo” e ser a resposta adequada no processo de educação e cura dos sofrimentos referentes à sexualidade, afetividade e a todos os demais vínculos de amor interrompido.