O escritor libanês Gibran Khalil Gibran, espiritualista, filosofo liberal, prosador, poeta, pintor... Eu sempre me impressiono como os gênios conseguem ser tão bons em tantas coisas em uma vida só! Não é mesmo?
Transcrevo aqui um trecho do livro "O Louco" livro de parábolas árabes onde Khalil Gibran conta com exuberante criatividade sobre como tornou-se um louco.
Desejo a você o mesmo encantamento que desfrutarei a seguir:
"Perguntais-me como me tornei louco.
Aconteceu assim:
Um dia, muito tempo antes de muitos deuses terem nascido, despertei de um sono profundo e notei que todas as minhas máscaras tinham sido roubadas – as sete máscaras que eu havia confeccionado e usado em sete vidas – e corri sem máscara pelas ruas cheias de gente gritando: “Ladrões, ladrões, malditos ladrões!”
Homens e mulheres riram de mim e alguns correram para casa, com medo de mim.
E quando cheguei à praça do mercado, um rapaz em cima do telhado de uma casa gritou: “É um louco!” Olhei para cima, para vê-lo.
O sol beijou pela primeira vez a minha face nua. Pela primeira vez, o sol beijava a minha face nua, e a minha alma inflamou-se de amor pelo sol, e não desejei mais as minhas máscaras.
E, como num transe, gritei: “Benditos, benditos os ladrões que roubaram as minhas máscaras!”
Assim tornei-me louco.
E encontrei tanto liberdade, como segurança na minha loucura: a liberdade da solidão e a segurança de não ser compreendido, pois aquele que nos compreende escraviza alguma coisa em nós.”
Não é doido de lindo?
Pronto, agora abastecidos de poesia, voltemos à labuta que o caviar está os olhos da cara.
Sigamos...