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AMOR À PROFISSÃO E AO QUE FAZ O CORAÇÃO VIBRAR

AMOR À PROFISSÃO E AO QUE FAZ O CORAÇÃO VIBRAR
Nathalia Charlois
jun. 5 - 6 min de leitura
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Quando criança pensava em várias profissões que poderia ter quando crescesse. A primeira coisa que tive vontade de ser era paquita da Xuxa. Desde meus 4 ou cinco anos resolvi deixar meu cabelo crescer, pois imaginava que cabelo loiro e comprido era um dos requisitos para poder trabalhar com a rainha dos baixinhos.

Fui crescendo e esse sonho passou, brincava de ensinar minhas bonecas e amiguinhos da rua, brincava de escritório, com fichas de clientes, pagamentos, dinheirinhos do banco imobiliário, até um dia que visitei um hospital de câncer, quando tinha uns nove anos, pois meu avô estava lá internado e ao passar pela ala de oncologia infantil e de me deparar com crianças da minha idade ou mais novas passando por aquela situação de internação e doença, decidi que seria médica.

Seria uma história bem romântica se esta vontade tivesse permanecido, porém, ao chegar no ensino médio, com 17 anos, comecei a me questionar se seria realmente esta minha vontade. Gostava sim, muito da área da saúde, mas não necessariamente gostaria de ser médica. Sempre tive facilidade para os estudos, mas não me dediquei o suficiente para o vestibular. Acabei prestando para medicina, não passei e percebi que não era bem esse o caminho que eu gostaria de seguir.

A partir daí começou um problema novo, pois dentre tantas profissões, qual seria aquela que meu peito vibrava. Não fazia ideia. Decidi fazer cursinho, fiz orientação vocacional e sempre pensava em trabalhar com pessoas, crianças, foi então que decidi pela pedagogia.

Passei no vestibular, mudei de cidade, iniciei a faculdade e estando lá, ainda não sentia meu coração vibrar por aquele conhecimento que estava tendo.

Como gosto de aprender, me fio útil às aulas, respeitava muito a área educacional, mas não me via trabalhando com aquilo. Decidi abrir mão da faculdade, mesmo com toda família sendo contra, mas percebia que deveria fazer algo por uma profissão que eu sentisse prazer em estar nela.

Poderia ser mais um pensamento romântico acerca do trabalho que se escolhe, mas tinha essa ideia que quando escolhesse o curso que gostasse, saberia que ali era meu lugar.

Pois bem, voltei para minha cidade, encarei mais meio ano de cursinho, até que decidi pela psicologia. Poderia com ela atuar na educação, área tão cara para mim, mas também teria outras possibilidades para além desta. Passei no vestibular e comecei a cursar psicologia.

Logo nas primeiras aulas, mesmo tendo bastantes matérias básicas, já sentia um clima diferente, porém, nas aulas específicas, onde pude ter os primeiros contatos com o que era a psicologia, os autores, os livros que lia e até durante as aulas, tive a sensação que eu tanto buscava, de que ali era meu lugar, de que estava no curso certo e que sim, meu coração vibrava por estar ali.

Durante o curso fiz vários estágios na área de organizacional, a qual não era muito minha praia, fiz projetos  e estágios na área de educação, área social e em clínica.

Pude conhecer um pouco de cada coisa dentro do leque de possibilidades que a profissão me ofertava. Tinha meus encantos e desencantos com cada uma delas.

Tive a experiência de trabalho, concomitante à faculdade, como promotora de vendas. Participei de algumas ações pontuais representando algumas marcas em supermercados e escolas. Confesso que não me sentia muito a vontade em alguns destes trabalhos, mas hoje,  faço as pazes com esses trabalhos que me possibilitavam trabalhar e estudar ao mesmo tempo e também ter um dinheirinho meu, para comprar minhas próprias coisas, ter a responsabilidade com um trabalho  e poder perceber que estas experiências me tiravam de minha zona de conforto para que eu pudesse também evoluir e aprender.

Depois de formada, sempre trabalhei com psicologia, fiz residência em um hospital, trabalhei na assistência social de uma cidadezinha do sul de Minas Gerais, lá em Minas também atuei na saúde mental e atualmente sou concursada em uma cidade do interior de São Paulo, trabalhando com famílias em vulnerabilidade social.

Hoje vejo o quanto estudar constelações sistêmicas pode me auxiliar e auxiliar famílias com dificuldades, por meio das histórias, já consigo pensar em algumas questões que podem vir de tempos atrás, de outras gerações, emaranhamentos, problemas hierárquicos, sintomas que surgem nos membros familiares, enfim, outra visão, que a mim antes era pouco clara. Ainda preciso me aprimorar, ler, estudar e me aprofundar nestas técnicas e conhecimentos, mas amo minha profissão, amo poder servir aos outros com meu conhecimento e estudo e de certa forma poder acompanhar e andar junto com quem quiser e estiver disposto a ser acompanhado.

Hoje sinto meu coração vibrar quando posso contribuir com alguém, com uma família, ajudar, mesmo que minimamente alguma outra pessoa.

A psicologia não é fácil, as terapias todas lidam com muitas questões profundas, tanto do outro, quanto pessoais, nem tudo são flores, mas mesmo assim,  poder evoluir, se melhorar por meio do contato com o outro, das trocas, saber que o outro esta melhor por você estar ali, inteiro, disponível a ouvir, escutar com atenção, é muito gratificante e ainda assim, como a aluna que estava sentada naquela sala de aula anos atrás, ainda sinto meu coração vibrar.

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