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Amor com amor se vive

Amor com amor se vive
OLINDA GUEDES
set. 20 - 5 min de leitura
0330

 

Uma querida pessoa me disse: 

Olinda,  como foi o sentimento que teve quando viu seus (sêxtuplos) filhos pela primeira vez?   Você já sentiu aquele amorrrr  imediatamente?  Viu estrelas?   

Fiquei uns dias parada pensando na situação.

Sei que sou uma pessoa que gosto de coisas bonitas, de cores, poesias, Manoel de Barros, astronomia, violino e gentilezas e elegâncias da vida cotidiana.  Gosto mesmo.  Quer ganhar meu coração seja gentil comigo.  Nada de gritos, palavrões... uiiii...

Bom, então, pouco a pouco fui lembrando.

Meu pai sempre fez o que era necessário. Mamãe também.  Meus irmãos também.  Aprendi em minha família de origem que devemos nos importar com todos, porque a dor, o sofrimento de quem quer que seja, importa e deve ser solucionado porque vivemos num mundo de cooperação, somos todos filhos do mesmo Criador.

Aprendi também que quando existe um problema existe uma solução.

Aprendi que o amor dos pais é algo valioso, e que o amor entre os irmãos não fica em segundo lugar.

Também aprendi que são os dispostos que servem. 

Tem gente que usa a desculpa: ah! se eu tivesse condições eu faria...   

Bem, não vou me delongar nesta parte, porque já fui longe demais.

Falando em lonjuras...   mais de dois mil kilômetros estavam eles lá... num abrigo, cinco meninos. Na Casa Lar, uma princesa. Sêxtuplos Sistêmicos... menos de um ano de diferença há entre alguns deles. 

Soube por meio de uma busca ativa, não queriam separá-los porque eram muito unidos. Para mim, isso é pleonasmo. Irmãos  é sinônimo de Unidade. Mas, sei que sou romântica.

No Brasil inteiro de gente que reclama que está na fila de adoção há quinhentos anos... eu nunca entendi.. mas  agora sei: quem escolhe é escolhido... pronto!

Eu sempre quis ter uma família grande, cheia de filhos... porque a vida se faz por meio do encontro.   Em muitos é mais fácil para carregar o piano.

Cheguei no aeroporto de Imperatriz... me deu uma dor de barriga daquelas que a gente esquece até o nome... Por que? eu pensei logo como parteira: emoção da chegada, do nascimento.

Suei até a última mala na esteira. A minha ficou lá passeando com seis pares de tênis modelo All Star. Toda mãe quer levar sapatinhos para os filhos usarem a primeira vez. Pura emoção!

Sai... estava zonza.  Peguei a mala e pensava: aiii.. chegar no hotel, tomar um banho... e recuperar energias, lembrar meu nome. Jesus, estou extenuada, pensei! 

Mas, quer saber? levantei os olhos e vi faixas...  e um aglomerado de pessoas... cheguei mais perto... :  eram eles...

Aiiii.. que eu não sabia o que fazia.  Tão cheirosos... lindos, banhados, perfumados, enfeitados... colar, camisa, cabelos cortados, cacheados, lisos, ondulados... enfim.. tudo ali misturado...  eu olhava para os olhinhos deles... e beijava e beijava.. e chorava...  

O que eu senti?  Emoção. 

Eu só pensava: e agora? como vou dar conta de todos eles ?  como não vou perdê-los de vista? são tantos... um, dois, três, quatro, cinco, seis.. a Nina carrego nos braços... conta assim.

Todos eles me abraçaram novamente e me olhavam e eu olhava e olhávamos. Agora seria assim.

Eles foram para o abrigo, eu para o hotel. Eu e minha comadre linda. Sempre tenho gente que me ama mesmo assim e que me ama como sou.

Sei que foi uma correria, documentos, assina, vai e volta e vai nos abrigos, e abraça e chora e conhece os amigos,  e já queremos trazer todos. Já pensou uma família onde os amigos se tornam irmãos?  outro menino chorava porque queria ele ser adotado. 

Meu coração ficou demolido...  cadê eu?  

Jesus, Maria e José eu pensava... esse mundo existe.. um mundo onde crianças estão ali..  sem família.. aiiii, meu Deus...    

Voltamos para casa...  juntos , no compromisso, somos uma família unida, já falei.

Onde está um sabemos que estamos. Nunca estamos perdido. É lindo.

Temos nossos sofrimentos... o maior, eu penso, é que eu sei que a infância passa muito rápido e eu gostaria muito de proporcionar a eles o que eles não tiveram até então...

Temos conseguido, com muita paciência, diálogo, fé em Deus, temos conseguido.

A gente vira cambalhota sempre que pode, corre, pula e brinca na chuva.

Os mais velhos já estão aprendendo a dirigir. Acho importante. Somos uma família grande e por vezes, precisamos de mais gente para tirar o carro da garagem para lavar a calçada.

Eles tem me ensinado a andar de bicicleta. Uma graça! 

São tão amorosos comigo. Disputam quem vai trazer a refeição para a mamãe. Porque fico o dia todo trabalhando no ático de nossa casa... e lá vem cada dia um com sua formosura agradar a mamãe.

Eles são tão incríveis que querem mais irmãos. Um dia desses, um deles disse: Ah! Mamain, faz logo um porque assim chega mais rápido.

Amor à primeira vista?

Não. Amor é disposição. Já falei. Amar é atitude, é ação.

Eu sei que custa, bastante. Financeiramente, inclusive.

Mas, gente...  o resultado é incomparável. 

Vocês podem imaginar os sete cantando: 

"Mamain, eu te amo?"  

Imagino nossa família daqui há vinte anos... os domingos serão sempre natais... sempre... 

 

 

 


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