Autoria: Olinda Guedes
Transcrição: Adriana Bridi
O amor interrompido em relação ao pai origina o sintoma da ansiedade. Quando isso acontece em várias gerações, além da ansiedade, esse trauma se expressa por meio de preocupação em relação ao futuro, principalmente no que diz respeito a situações práticas, materiais, dinheiro.
É comum a memória transgeracional de orfandade paterna originar sentimentos de impaciência, de raiva, de crítica.
Distinguimos a memória transgeracional de orfandade paterna da memória transgeracional de orfandade materna por um fator importante: quando é orfandade paterna a pessoa não encontra justificativa para o seu sofrimento.
Ela simplesmente sofre, busca as razões, mas não encontra razões suficientes. É parte da energia masculina pensar de forma prática, e a vida é sempre boa o suficiente para justificar que não devemos sofrer.
Enquanto a energia da mãe, do feminino, é sempre a energia do afeto, da emoção.
Quando é memória de orfandade materna a pessoa naturalmente sabe que ela tem motivo para sofrer; ela apenas não faz as coisas necessárias para se curar, porque essas pessoas, para se curarem, precisam de serem carregadas no colo, um trabalho como que da enfermagem, um trabalho de mãe.
Pai protege, empodera e empurra para a vida, mas quando há essa memória de orfandade o consciente quer ir para a vida mas o inconsciente busca o pai. Não o pai de agora. Ele passa por todos os pais onde o vínculo do amor está interrompido, por todas as gerações, e para no trauma.
Por isso, é natural que pessoas com orfandade de pai apesar de tanto sofrimento irem para adiante, porque um dia elas tiveram pai. Pessoas com orfandade de mãe é muito mais comum não serem bem sucedidas, principalmente nos vínculos afetivos, mas também no financeiro, na subsistência..
Só chegamos ao pai por meio da mãe.
A maioria das pessoas que estão na fila da caridade precisam da mãe.