A Casa - Vinicius de Moraes
Era uma casa
Muito engraçada
Não tinha teto
Não tinha nada
Ninguém podia
Entrar nela, não
Porque na casa
Não tinha chão
Ninguém podia
Dormir na rede
Porque na casa
Não tinha parede
Ninguém podia
Fazer pipi
Porque penico
Não tinha ali
Mas era feita
Com muito esmero
Na Rua dos Bobos
Número zero
Amor que adoece, amor que cura
Outubro de 1954, morte do vovô num trágico acidente
Vovó com a mamãe em seu ventre
Novembro de 1954, nascimento da mamãe num silêncio confidente
Sintomas e doenças acompanham sua vida adentre
Em cada pré-natal
Medo e insegurança
Saudade da terra natal
Sofrimento e lembrança
O excesso da bebida flagra a falta da esperança
Em cada relacionamento a busca da felicidade
Movimento interrompido, amor que adoece
A criança ferida continua em sua imaturidade
E nestes padrões a vida padece
Eu sigo vocês, mamãe e papai
Eu por vocês, papai e mamãe
Fevereiro de 2009, sequestro relâmpago
Filho no ventre congela de medo
Dia a dia em busca de seu âmago
Terapia para libertar-se de seu credo
Agora como adulta
Digo um sim e incluo o destino
Amor que cura, resiliência
Não mais procrastino
Expando minha consciência
Larissa Pedrina Berdu