Mesmo sem nenhum conhecimento sistêmico, eu sempre
senti que estava à serviço do meu Sistema, como aprendi aqui na Escola Real que
devemos chamar o conjunto de todas as gerações que compõe nossa família.
De acordo com o que sei até o momento, sou a
primogênita dos filhos dos meus genitores; tive um irmão dois anos mais novo
que eu que não sobreviveu e tenho mais um irmão e irmã que são 4 e 8 anos mais
novos, respectivamente.
A vida na nossa casa sempre foi de muito trabalho e
desafios no dia-a-dia. As desavenças entre os nossos pais eram para mim
momentos muito dolorosos, com meu pai como um provedor e pessoa de comando e
minha mãe como vítima e subserviente.
Quando pais estão em conflito os filhos se sentem
culpados, agora eu sei. Talvez devido a isso, por muito tempo, achei que fui
inadequada por ter tomado as dores de minha mãe e ter, praticamente, obrigado
meu pai a tomar a atitude de sair de casa e assumir seu relacionamento extra
conjugal. Porém, nunca contei nada sobre isso para a minha mãe.
Hoje sei que, por não saber o que estava fazendo,
tomei a frente e inverti a ordem. Passei a dizer aos meus pais o que deveria
ser feito.
Isso cortou meu coração e, sem me dar conta, fui me
machucando, pensando que estava protegendo a todos.
Mas, a partir do momento que tomei conhecimento dos
Saberes Sistêmicos através dos ensinamentos da Mestra Olinda Guedes, aprendi
que tudo o que fiz e tudo o que aconteceu tinha que ser como foi, que tudo foi
por um grande amor, mesmo sendo um amor cego, mesmo sendo um amor que adoece.
Os emaranhamentos do nosso Sistema puderam começar a ser tratados quando
reconheci que, devido a fome de pertencimento, a necessidade de aprovação, eu
me tornei grande diante de meus pais.
Agora eu sei! E sabendo posso fazer diferente daqui
por diante. Em mim, todos ficam em paz.
Hoje sei que o medo que sentia de ficar só, sem o
homem que escolhi como o amor da minha vida, na verdade era o amor sem
consciência, é o amor doentio, pois amor de verdade, o amor que cura, sabe que
nunca nos separamos realmente.
A distância física não consegue separar quem ama com
a alma, como eu e meu marido nos amamos.
Os ensinamentos da Escola Real, nossa querida Mestra
Olinda, nos fazem seguros em relação ao fato de que o que Deus uniu nem o
homem, nem nada separa. Nunca haverá um fim, porque todos os nossos vivem em
nós, nas nossas células.
Um homem e uma mulher quando se unem e tem filhos,
projetos em comum, se entrelaçam também nas almas e nas entranhas. Tudo o que aconteceu
no Sistema de cada um tem continuidade nessa união.
Agora está claro para mim que meu marido não é meu
pai e eu não sou minha mãe. Não é porque aconteceu com os que nos antecederam
que necessariamente tem que nos acontecer igual.
O amor que cura é o que constitui o físico, o mental
e o emocional do ser humano que obteve, como eu, a graça da transformação e
evolução, fazendo da dor adubo para um jardim de flores e pássaros.
Hoje consigo amar o amor que sinto em mim e sou
muito grata por tudo como foi e como é.
O amor sempre traz de volta!