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ANTES QUE SEJA TARDE

ANTES QUE SEJA TARDE
Simone Belkis
dez. 4 - 4 min de leitura
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A poucos dias, perdi o meu pai.

É assim que costumamos falar quando alguém que amamos falece, certo? Foi uma experiência surreal, nem sei direito ainda como estou. Posso dizer, com certeza, que não perdi o rumo. Tanto que estou aqui, fazendo as coisas que sempre fiz. E uma delas é ter a percepção de fatos que observei ao meu redor nesse momento.

Meu pai era uma pessoa que conhecia muita gente, era popular, agradável, divertido, elegante, educado, esses foram alguns dos tantos adjetivos que ouvi das pessoas que vieram nos apoiar no momento da sua morte. Muitas foram as manifestações. Como meu pai era um expert no futebol, recebeu muitas homenagens.

Fico feliz por isso, porque ele se sentiria muito bem com tanto carinho.

Observei também pessoas comentarem que ele era um exemplo, um modelo, que se interessaram por isso ou aquilo, inspirados por ele. Sim, meu pai era uma pessoa inspiradora, do alto dos seus 96 anos, 11 meses e 26 dias de luta, de empenho e de cuidados com uma família, no mínimo, complexa. Também vi arrependimentos e pedidos de perdão, meu pai era um tanto quanto teimoso e alguns, com certeza frequência, perdiam a paciência com ele.

Vi muitas lágrimas também.

Eu, graças a Deus, pude ter a sensação de termos vivido juntos aquilo que nos cabia. Não me sinto desesperada, arrependida ou frustrada, apenas triste, muito triste. Já disse isso antes - em outro artigo, mas insisto, fechamos nosso ciclo lindamente, eu sou muito grata por isso. Embora, sendo bem honesta, preferia que ele ficasse mais um pouco por aqui.

Mas, o que mais me chamou a atenção é saber que muitas dessas pessoas, e me incluo nisso, não disseram todas essas coisas olhando nos olhos dele, não aproveitaram os momentos de vida para lhe transmitir esse reconhecimento, não estiveram com ele no seu dia a dia com a mesma devoção que estiveram no momento de sua morte.

Isso não é uma crítica, apenas uma observação. Pois que sempre deixamos para depois e perdemos a chance de dizer o quanto amamos, o quando queríamos ter passeado juntos, trocado ideias e figurinhas, o quanto podíamos ter aproveitado mais enquanto a pessoa estava ali ao nosso lado.

Eu sei que falar é mais fácil que fazer, mas esse tema vale uma reflexão. Temos mágoas sim, pelos desentendimentos, pelas diferenças que nos afastam. Temos medos sim, da rejeição, da crítica, da discordância. Temos raiva sim, por não sermos respeitados e olhados como somos. Enfim, motivos para se distanciar existem aos montes.

Mas, a vida e nossos amores são únicos e precisamos desses relacionamentos para ascendermos, para cumprirmos nossa missão e nosso prazo nessa vida.

Pense um pouco, olhe para as pessoas que estão ao seu lado. Eu sei o quanto é difícil dizer um eu te amo, perdoar as incoerências, as teimosias. Mas, pense mais um pouco, pois que o tempo não volta e guardar mágoas nos azeda a alma. Pense um pouco mais e permita-se curar as dores que você deixou entrar no seu coração.

Seja mais maduro, entenda, ame, perdoe, abra mão, torne pequenos os desentendimentos, esclareça diferenças, e se não tiver reciprocidade, fique em paz com você mesmo(a) por ter tentado.

Eu sei, e insisto, que falar é mais fácil que fazer. Que não mudamos da noite para o dia e nem produzimos milagres só porque desejamos. Mas, ainda assim, repito, pense um pouco mais sobre isso. Olhe para aqueles que você ama, faça uma pequena lista de prós e contras e pese honestamente.

Sim, faça isso com honestidade, não precisamos fingir que amamos quando isso não é real.

Mas, não podemos permitir que por debaixo de todo o estresse do dia a dia, das revoltas, das mágoas causadas por opiniões diferentes, ou simplesmente porque temos uma cabeça dura, que tudo se perca e apenas nos reste o momento do luto para chorar e se arrepender.

Antes que seja tarde, entenda que nada perdemos quando fizemos tudo o que nos cabia. Eu não perdi o meu pai.

E você, vai esperar perder o seus?

The Tin Rabbit


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