Queridas e queridos...
Sei que na Itália a vida estava difícil. A fome era uma realidade, e para se aquecerem nas noites geladas dormiam com os animais, sobre a palha de trigo. Nas manhãs, as palhas eram retiradas e colocadas nos parreirais, sendo substituídas por palhas enxutas.
A possibilidade de uma nova vida no Brasil fez com que arrumassem os baús, com as poucas coisas que haviam, e partiram em viagem. Casavam-se entre irmãos para poder conseguir a viagem para as novas terras. Outro fato também é que para garantir que a linhagem familiar seguiria, só se casavam depois que a moça engravidava.
Nos porões do navio dormiam como os bichos, nem palha para cobrir o chão havia. Piolhos, pulgas, sarna... dormiam todos misturados, homens, mulheres, crianças. Sinto que sua tristeza foi grande, minha bisnona, quando seu bebê adoeceu, morreu e foi jogado ao mar. A nona contava para minha mãe que a senhora nunca superou essa dor... seu coração parou de bater, e muito nova a senhora partiu, deixando minha nona órfã, com 14 anos.
A vida no Brasil foi de muita luta, muito trabalho, muitas conquistas também!
Sou grata a vocês, que passaram por tanta dor e tanto amor semearam, para que eu pudesse estar aqui hoje, contando um pouco da história de vocês, que é a minha história e a história das minhas filhas.
Prometo que honrarei a vida que recebi de vocês, sendo hoje, e a cada dia vindouro, feliz, saudável e próspera!
Melânia Cristina Biasus, filha de Antonio e Raíde