Hoje paro por um momento para contemplar todos vocês.
Queridos bisavós, trisavós, tataravós... sou eu, a pequena.
Posso ver além das florestas e do mar, o quão longos e extenuantes foram os caminhos de todos vocês. Foi pela guerra, fome, perseguição, captura... foi necessário sair para que a vida fosse protegida.
Deixaram seus lares, suas pátrias, seu povo e as suas crenças para que a vida pudesse continuar.
Quero que saibam que, assim como um sopro do vento tocou hoje o meu rosto, chegaram ao meu coração o sopro das vossas histórias.
Querida trisavó, você foi tão forte. Perdeu seu filho no navio e o sepultou no mar, que também recebeu as suas lágrimas e a sua dor. Obrigada pela vida e por prosseguir.
Queridos trisavós, hoje eu sei porque a minha mãe sempre que ouve valsas, se emociona. É a conexão com a pátria Áustria.
Nonna, a Itália vive em mim, a cada vez que sovo o pão ou faço uma massa, sinto em meus braços todo o amor e habilidades que vieram da senhora.
A minha trisavó bugra, quero contar-lhe que tenho os cabelos negros e trançados e meus pés sempre se encontram com a terra. Na natureza eu acredito que nos encontramos e é lá que consigo a quietude e contemplação da vida.
Onde moro, sou guardada pela pedra grande... lá em cima ficamos próximos do sagrado e eu de vocês. A cada momento me conecto com o nosso povo. Povo este que a senhora precisou deixar quando foi capturada. Desejo paz a nós.
Meu trisavô, o senhor foi sábio e a tantos socorreu com as suas ervas. Devido ao senhor, eu sei quais são as plantas que vejo e como usá-las. O senhor está comigo.
Aos meus tataravós, gratidão pelo zelo à vida!
A todos os meus antepassados, daqui e além do mar, os senhores foram essenciais e hoje os vejo. Quero que saibam que a vida chegou a mim.
Dentro do meu coração, a cura! Vocês pertencem, vejo vocês de mãos unidas, todos vocês ao meu redor. Gratidão, hoje vocês me abençoaram.
Através de mim, vocês vivem, têm um lugar, um bom lugar.
Hoje e sempre, aqui e além do mar.
