Há muito tempo, em plena infância, meu pai fez uma brincadeira comigo. Ele disse que todos nós temos duas situações a serem vividas: a dor, o sofrimento e a outra a alegria, a felicidade. E perguntou qual delas eu escolhia viver primeiro? Com muita presteza eu respondi que seria melhor vivenciar primeiro a dor e guardar a felicidade para o segundo e último momento da jornada.
Hoje, após tantos anos, relembro aquele dia e cenas da infância e da adolescência marcadas por tantas dificuldades, principalmente financeiras. Cresci observando o envelhecimento dos meus pais e prometia para mim mesma que um dia transformaria a realidade deles. Auxiliei sim, mas como diz a canção de Lucas Lucco, “o tempo é implacável, afasta nossos corpos”.
Escolhas foram feitas, nos separamos, cidades distantes. Meus pais vivendo novos ares e novas dores e eu, já comprometida com as minhas: família formada e crescendo. Compartilhando o mesmo espaço físico com outros pais a quem deveria também respeitar. Tempo de muitas lágrimas, sentimentos contraditórios e de bastante aprendizado. Ora apertavam os “nós” no meu lado, ora apertavam os “nós” do lado do marido, que não conseguia a liberdade de escolher o próprio rumo, segundo ele “por respeito aos pais”.
Hoje, estudando Constelações Sistêmicas com Olinda Guedes, percebo o quanto priorizei a lealdade antes da felicidade. Mesmo estando no início do curso, já consigo observar a força dos princípios sistêmicos no grupo familiar a que pertenço.
Gratidão Olinda por compartilhar seu conhecimento, possibilitando a cura em nós outros.