Saber Sistêmico - Comunidade da Constelação Familiar Sistêmica
Saber Sistêmico - Comunidade da Constelação Familiar Sistêmica
Você procura por
  • em Publicações
  • em Grupos
  • em Usuários
VOLTAR

As leis do amor de Bert Hellinger e as organizações

As leis do amor de Bert Hellinger e as organizações
Maria Helena Wantroba
jun. 24 - 8 min de leitura
050

Constelação sistêmica organizacional e Assédio Moral: proposta de resolução de conflitos no ambiente de trabalho (Rosângela Rodrigues Dias de Lacerda - Revista eletrônica do Tribunal Regional do Trabalho da Bahia)

Aprofundando o pensamento de Bert Hellinger, sustenta-se que todos os vínculos humanos (conjugais, familiares ou organizacionais) se encontram baseados no amor. Para dar certo, o amor se submete a uma ordem e, assim, alcança o seu objetivo. Trata-se, portanto, de um amor universal, que leva à união e à aceitação. Portanto, o movimento de harmonização das conexões estabelecidas nas relações, quaisquer que sejam  tem como meta o amor universal. Os vínculos do amor são vivenciados em relações entre iguais (homem e mulher) e em relações de hierarquia (pais e filhos, chefes e subordinados, professores e alunos, etc.).

Os relacionamentos humanos, para serem satisfatórios e não causarem distúrbios ou conflitos, precisam obedecer às denominadas leis ou ordens do amor: pertencimento, equilíbrio entre o dar e o receber e hierarquia dentro do grupo. O pertencimento significa que todos os membros têm o direito de pertencer ao grupo, vivos ou mortos, e de serem  reconhecidos. Estes membros podem ser, por exemplo, em uma família, os filhos abortados ou deficientes, e em uma empresa aqueles que foram dispensados ou pediram demissão, em situações desfavoráveis emocionalmente. É muito comum que pessoas sejam esquecidas porque a sua lembrança traz sofrimento. Mas enquanto não são lembradas e reconhecidas, não se alcança o equilíbrio, pois origina-se uma necessidade irresistível do próprio sistema de restabelecer a integridade perdida e compensar a injustiça cometida. É preciso pois, reincluir e dar a cada um o seu lugar de direito, com reconhecimento e honra, para que cada membro possa seguir o seu próprio destino e deixar de repetir a saga familiar ou organizacional. Hierarquia é a necessidade de que cada membro do grupo ocupe seu lugar em termos de precedência. Trata-se, portanto, de uma hierarquia cronológica, na qual quem veio antes precisa ser reconhecido como tal. Sem esse reconhecimento e respeito, há um desequilíbrio no sistema. Esta é uma ordem de precedência, e não de importância. O equilíbrio entre o dar  e o receber significa que, enquanto um membro do grupo dá algo de bom, o outro recebe, ficando grato e doando de volta ao sistema, em uma espiral ascendente, pois idealmente retribui um pouco mais do que o que recebeu. Quem recebe fica novamente grato, e irá recompensar o sistema, gerando um vínculo crescente no qual o amor viceja.  Deve ser equilibrado mesmo em caso de danos, mas neste caso a espiral é decrescente, pois deve o membro do grupo retornar ao sistema um pouco menos do prejuízo que experimentou, e assim sucessivamente, até que o dano seja retirado do sistema. Há uma exceção a este equilíbrio na relação entre pais e filhos, pois os pais são doadores e os filhos são receptores, tornando-se doadores no futuro, quando forem pais de seus filhos.

A constelação sistêmica desnuda elementos que outras metodologias utilizadas em psicologia não seriam capazes de fazer emergir.

Sob o aspecto organizacional, a lei de pertencimento diz respeito ao período de tempo de vigência do contrato de trabalho na empresa e significa que todos os funcionários fazem parte do corpo organizacional da empresa da mesma forma, com o mesmo direito de vínculo, desde os cargos de mais alto escalão até os de menor hierarquia. Eventual violação a esta lei de pertencimento enfraquece toda a empresa, independentemente do cargo ocupado por aquele que é excluído ou deixado de lado.

O instinto humano de pertencimento ao grupo social é extremamente poderoso para ser desconsiderado em uma empresa. Se satisfeito o instinto, o membro do grupo sente-se confortável; caso contrário, sente-se incomodado, com baixa autoestima, rejeitado. A lealdade ao grupo é um dos mais relevantes fatores de desenvolvimento das organizações empresariais. Se a empresa realiza exclusões com facilidade, sem o devido respeito e ressarcimento remuneratório, os membros do grupo passam a se questionar se pertencem realmente ao lugar,  o que ensejará a diminuição do compromisso e a identificação com as metas e valores da organização. É imperioso ainda destacar que os “antepassados” da empresa, ou seja, seus fundadores e funcionários antigos, que já se aposentaram ou que tiveram papel relevante na sua implantação e desenvolvimento, devem ser honrados pelos atuais membros, com uma postura de gratidão  e reverência. Os memoriais empresariais, destacando o trabalho daqueles que se disponibilizaram mais do que economicamente pela empresa, cumprem esta tarefa sob encômios, ao passo que materializam o reconhecimento de cada pessoa que fez parte da organização. Conflitos quanto à lei de pertencimento precisam ser solucionados com honra, reconhecimento e reverência – ainda que ocorra a despedida do empregado, por exemplo, que importará necessariamente a sua exclusão do grupo, o ato deve estar permeado por respeito à dignidade do trabalhador e deve contar com a retribuição rescisória adequada.

A lei de equilíbrio entre o dar e o receber deve ser compreendida sob o aspecto de distribuição de remuneração e responsabilidade entre os indivíduos que compõem  a organização. Deve-se questionar se o retorno financeiro é adequado para todos os empregados e se é compatível com o nível de atribuições e responsabilidades. Ademais, vincula-se ainda à comunicação verbal e não verbal intrasistêmica, no sentido de não ser concedido privilégio a algum membro do grupo, ou incentivo demasiado ou inferior ao devido em um caso específico, ou haver uma comunicação rude e vexatória entre seus membros, qualquer que seja a hierarquia, ou não haver investimento, em termos de treinamento  e aprendizado, por parte da empresa, ou até mesmo a aplicação de sanções desarrazoadas por parte dos gestores, desproporcionais à falta cometida. Estes são, pois, alguns exemplos que poderiam configurar a violação à lei do equilíbrio entre o dar e o receber dentro de uma organização.

A lei de ordem, por derradeiro, implica a necessidade de exercício de uma hierarquia por parte dos gestores, de maneira firme, porém que não desborde para o autoritarismo. Os novos integrantes precisam respeitar a precedência dos membros anteriores e observar o escalonamento de poder disseminado na organização, existindo uma clara necessidade de liderança para consecução dos objetivos sociais. Somente a partir do respeito à hierarquia, cujo âmbito está compreendido do poder diretivo do empregador,  é possível estabelecer relações intrasistêmicas harmoniosas e hígidas. Quando um membro do grupo se arroga o direito de criticar de forma velada ou explícita, deixando de colaborar com a liderança, cria-se um emaranhado no sistema. Também a ausência de liderança ou o seu exercício arbitrário torna os elementos da organização insatisfeitos, afetando negativamente todo o desenvolvimento do sistema. Esta liderança, por seu turno, deve estar imbuída dos princípios e metas institucionais para fazer prevalecer a sua condução, sob pena de resvalar no vazio de ordens que redundarão no fracasso da empresa.

O objetivo das constelações sistêmicas é o de mudar o padrão das conexões tensas, os campos vibracionais desarmoniosos existentes entre os membros do grupo. Na dicção de Bert Hellinger:

“Os princípios subjacentes da consciência de grupo fazem-se conhecidos em nossos relacionamentos e em seus efeitos. Quem conhece tais efeitos pode transcender os limites das consciências pela compreensão. Onde as consciências cegam, a compreensão sabe; onde as consciências prendem, a compreensão libera; onde as consciências incitam, a compreensão inibe; onde as consciências paralisam, a compreensão age; onde as consciências separam,  a compreensão ama.” (HELLINGER, Bert. O Amor do espírito na Hellinger Sciencia. Patos de Minas: Atman, 2009, p.34

Como se verifica, as leis do amor devem ser observadas em todas as relações interpessoais, inclusive no âmbito empresarial, a fim de que o próprio sistema se desenvolva  e realize o seu destino.


Denunciar publicação
    050

    Indicados para você


    Saber Sistêmico - Comunidade da Constelação Familiar Sistêmica

    Verifique as políticas de Privacidade e Termos de uso

    A Squid é uma empresa LWSA.
    Todos os direitos reservados.