O módulo sete da formação mexeu bastante comigo em todas as suas aulas, cada uma à sua maneira. Inicialmente por saber que todos passaram ou podem passar por períodos de noites escuras, quando algum sofrimento ou sintoma é desproporcional ao que está acontecendo.
Para mim, como psicóloga que já atuou na saúde mental, ter a compreensão da psicose pela visão sistêmica de memórias transgeracionais que ocorreram em outra época e que no contexto atual, se torna disfuncional. E apesar do sofrimento que esta condição cause ao indivíduo e sua família, deve-se ter empatia e acolhimento para àquela pessoa, pois é uma oportunidade que a vida trás para a transformação daquele sistema, sabendo que toda noite escura, carrega em si a luz divina.
Para além deste aprendizado, ao chegar à aula de sexualidade e afetividade, pude perceber muitas fichas caindo, olhando para minhas experiências afetivas e sexuais. Meu primeiro relacionamento duradouro iniciou quando eu tinha 17 para 18 anos. Naquela época, ainda imatura para algumas questões e sem saber como lidar com o namoro.
Meu namorado da época era poucos anos mais velho que eu, também sem muita experiência neste quesito.
Namoramos por seis anos, hoje quando penso nesta relação, e mesmo quando saí dela, sentia uma sensação incômoda, de que não tinha sido um namoro tão maravilhoso assim, como algumas pessoas de fora julgavam.
Percebo, com o entendimento que tenho hoje, que era uma relação abusiva, porém, esse tema não era muito difundido e discutido. Não havia agressão física, mas houve muita traição, agressões psicológicas e dependência afetiva. Hoje consigo entender a sensação que tinha ao estar naquela relação e não conseguir me libertar dela.
Após este namoro, tive mais outras três relações, onde nas duas subsequentes à esta primeira, os traços abusivos e disfuncionais das relações apareciam com frequência, como as agressões, brigas frequentes e desrespeito. Todas elas iam minando minha autoestima e percebia que sempre me apegava demais às relações e aos parceiros, mesmo percebendo que ganhava pouco nelas.
Estudando mais sobre este fenômeno e também após o término bem traumático da relação mais abusiva que tive, que culminou em agressão física, pude perceber o quanto eu estava doente e precisando de cuidados.
Precisava entender os porquês de me colocar nestas situações.
Busquei ajuda, me permiti ficar um tempo comigo, fazendo um pacto pessoal que só me abriria para uma relação quando estivesse curada destes ferimentos, entrei na terapia, o que muito me ajudou a entender diversos fatores familiares que me colocavam nessa posição de vítima e de carência, aceitando migalhas afetivas. Foi também nesse processo que conheci as aulas da Professora Olinda, onde as constelações eram realizadas todas em torno de afetividade e relações amorosas.
Iniciei ali um intensivão, assistindo às aulas anteriores a que não havia tido conhecimento, olhei para meus antepassados e compreendi muitas questões, segui o conselho da mestra em não entrar no Tinder até assistir pelo menos 12 aulas e ao final dessas 12, nem precisei entrar no aplicativo, pois estava bem comigo mesma, sentindo que em algum momento, o meu companheiro apareceria.
E caso não aparecesse, tinha eu, finalmente, aprendido a gostar de mim e a me cuidar, percebendo o quanto mereço da vida, o quanto tenho a agradecer aos antepassados por me permitirem estar onde estou e o quanto o que a mestra diz sobre apaixonarmos por nossas neuroses é real.
Durante este processo, que ainda está acontecendo, reencontrei um amigo da faculdade, pelo qual tinha tido interesse no passado, mas que não tinha passado disto e finalmente decidimos nos encontrar e hoje estamos juntos, vivendo uma relação funcional e madura, claro que com alguns enroscos pertinentes a uma relação, mas que nos faz olhar para os problemas de forma a crescermos juntos e nos melhorar.
Agradeço às oportunidades de cura que pude encontrar ao longo dessa jornada, que ainda está em desenvolvimento.