A pessoa que passa pelas noites escuras da alma é a pessoa que carrega pelo sistema uma tarefa muito difícil; ela se doa muito pelo sistema e pelos segredos contidos nele; tudo aquilo que um dia foi escondido vem à tona por meio de, por exemplo, alucinações e delírios que parecem não fazer sentido, não estar no atual contexto, porém, em algum momento dentro das histórias do Sistema dessa pessoa esses eventos foram reais e apropriados aos acontecimentos vivenciados na época.
Quando, onde e com quem, são perguntas chaves para conduzir a inclusão no sistema e assim liberar a pessoa do sofrimento.
Uma memória traumática pode interferir a livre expressão de uma pessoa com a sua própria alma, pois parte do seu eu, das suas memórias ficam presas em traumas passados e ao mesmo tempo estão presentes no aqui e agora através dos sintomas.
Em meu sistema percebo as dores escuras da alma quando pergunto sobre meus antepassados e a única resposta que tenho é que ninguém sabe. Meus antepassados paternos vieram da Polônia e junto com eles guardavam grandes segredos.
Minha tia me conta que na casa meus avós conversavam na língua oficial da Polônia para ninguém saber sobre o que diziam, as crianças não podiam ouvir a conversa dos mais velhos, e assim junto com os meus avôs se foi toda a história sobre meus antepassados, sobre a imigração e sobre a sobrevivência aqui no Brasil.
E ouvindo a aula, conectei a história a um período de vida do meu pai, já na velhice um pouco antes de falecer: meu pai começou a ter alucinações, ver coisas e vultos, criava histórias perturbadoras em sua mente, mas para ele tudo isso era tão verdade que não havia como questiona-lo.
Em minha vida percebo a noite escura da alma na distorção de imagem, minha busca está em curar em mim a minha relação com a minha imagem, com o meu corpo e com os ideais sobre o que é ser mulher, que a perfeição que idealizei não é real.
Todos os sintomas tem cura do ponto de vista sistêmico e sou grata por estar nesse caminho de busca e solução.