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BELINHA E O CAFÉ

BELINHA E O CAFÉ
Isabel Felipe
set. 25 - 12 min de leitura
010

 

- Belinha! Belinha!
- Senhora, vovó!
- Faz favor?
- Bença, vovó! O que é que a senhora quer?
- Belinha, o vovô José falou para você ir lá no terreirão, pois ele quer conversar com você.
- Conversar comigo, vovó?
- Sim!
- Então tchau, vovó! Eu vou lá ver o que ele quer, tá?

Chegando lá, Belinha viu o vovô no terreirão, onde foi posto o café que foi colhido na lavoura, e ela viu o vovô, ajoelhado, catando sementes:

- Bença, vovô!
- Deus te abençoe, Belinha!
- A vovó falou para eu vir aqui.
- Sim, eu estava te chamando, Belinha... Eu não achei você!
- Ah, vovô! Eu tava dando mamá para a bebê; eu tava ajudando a mamãe, dessa vez.
- Ai, que lindo, Belinha! Parabéns!
- Obrigado, vovô! Vovô, o que é que o senhor quer comigo?
- Belinha, olha aqui... Aqui está o café seco e tem esses carocinhos, verdes, no meio. Tem uma latinha aqui, e é preciso que você ajude o vovô a catar esses carocinhos verdes, colocando-os dentro da latinha. Quando você encontrar dois carocinhos de café, um grudadinho no outro, que é o que a gente chama de Café Felipe, você separa nessa outra vasilha. Pra cada Café Felipe que você separar, o vovô vai dar um dinheirinho. E para cada grãozinho verde que você separar, eu também vou dar um dinheirinho.

- Oba, vovô! Que legal! Então eu vou ajudar o senhor. Mas não precisa dar dinheiro para mim, não, vovô. Eu ajudo, com prazer, o senhor...

- Não, Belinha! Você compra, com esse dinheirinho, o que você quiser, filhinha.

- Ah, vovó! Eu já sei o que eu vou fazer: está se aproximando o Dia das Crianças e, então, eu vou comprar brinquedos, pra eu brincar com o João, com a Maria... E vou brincar com Carlinhos e com o Chiquinho também.

- Belinha, mas onde você vai guardar os brinquedos, se você vai comprar para todo mundo? Você quer comprar um brinquedo pra cada um, Belinha?

- Então eu vou fazer diferente, vovô. O senhor diz se eu posso fazer o que estou imaginando, vovô. Eu não quero nem saber a quantia que eu vou ganhar de dinheiro. Então o senhor faz assim, vovô: o senhor compra um brinquedo de menino e um outro de menina. E é o vovô quem vai guardar. Quando nós formos brincar, a gente vai na sua casa e pede os brinquedos para o senhor, vovô.

- Mas, Belinha, onde é que eu vou guardar esses brinquedos, filhinha?

- Vovô, vamos pegar aquele cesto que está lá na minha casa? Eu vou pedir pra mamãe. E se ela deixar, vovô... Espera só um pouquinho, que eu vou perguntar pra mamãe.

E Belinha voltou correndo pra casa:

- Mamãe,... mamãe!
- O que foi, Belinha?
- Mamãe, sabe aquele cesto lindo, que tem ali, que a mamãe fala que é cesto de bambu? Ele é muito grande para pôr ovos. Mamãe, a senhora deixa eu pegar ele e levar na casa do vovô José; pra ele colocar os brinquedos que ele vai comprar?
- Ele vai comprar brinquedos, Belinha?
- Sim! Ele falou que se eu separar cada grãozinho de café que estiver maduro, ou qualquer grãozinho de café verde que tiver no meio do café seco, ele vai me dar um dinheirinho. E quando eu encontrar o Café Felipe, ele vai dar outro dinheirinho. E tem muito café lá... Eu vou conseguir catar muito café.
- Que legal, Belinha!
- Ah! E sabe o que eu vou fazer? Agora eu vou convidar meus amiguinhos.

E lá vai Belinha, correndo na frente da casa de seus amiguinhos da vizinhança:

- Crianças! Uhh... Uhh... Ei, Chiquinho!
- O que foi, Belinha?
- Chame o João, a Maria e o Carlinhos?
- Tá bom, Belinha! Mas pra quê?
- Venham aqui no Terreirão de café, que o vovô vai conversar com a gente.

Chiquinho, mais que depressa, vem correndo pro terreirão com toda a mulecada. Belinha diz:

- Vovô, as crianças vieram nos ajudar!
- Mas, Belinha... Todos eles?
- Ah, vovô! O senhor falou que se eu colhesse o café, cada carocinho o senhor me dava um dinheirinho, então eu juntei as crianças pra me ajudar.
- Ah, então muito bem, crianças! Então é o seguinte: eu convidei a Belinha para catar os cafés que são diferentes. Vocês estão vendo? Então, de vez em quando, a gente pega o café espalhado, desse lugar aqui, e escolhe o café que está verde e maduro, no meio do café seco. Vocês vão pegar esses grãos verdes e colocar dentro de uma latinha.

- Oba! Vamos achar mais latinhas! Podemos trazer mais latinhas, seu José?
- Sim! Podem trazer mais latinhas. Quando vcs encontrarem as latinhas, vocês voltam.

E lá vão as crianças, cada uma, para as suas casas, pedir latinhas para suas mães. E as mamães, de cada um, deram canecos, pra cada um deles.

Então eram dois irmãos, em cada família: Chiquinho e Joana e Maria e o João (o Joãozinho).

Lá voltam todos, com seus canecos, pro Terreirão. Quando chegam, eles veem que o vovô José está espalhando com um rodo, p'ra cada um, numa ruazinha, uma fileirinha de café. Só quem é da lavoura, sabe o que é isso. Naquele dia, colheram tanto, tanto, que Belinha percebeu que seu avô suava.

- Vovô! Para, vovô! Você não pode catar mais, vovô! Gente, o vovô tá suando!
- Não, Belinha! É assim mesmo!

Aí, de repente, Belinha começou a suar também... E as outras crianças também, todas, suavam... E o vovô José diz:

- Crianças, vamos fazer uma paradinha agora? Vamos descansar.
- Descansar, seu José?
- Sim!
- Olha, Belinha, que legal! O vovô pediu pra gente parar.
- Crianças, agora vocês vão tomar um leite com café e pãozinho lá na casa da vovó.
- Ah, seu José! Eu não posso tomar café. O meu papai não gosta.
- Não tem só cafézinho. Tem um chazinho, em um bolinho também... Vamos lá comer! Essa é a recompensa por vocês terem colhido bastante carocinhos de café. Então, Belinha, você quer que eu fale quanto dinheiro vocês ganharam?

- Não, seu José!
- Não, vovô! Não, não... Nós queremos surpresa! O que nós queremos, eu falei para os meus amigos, que o senhor vai comprar brinquedos pra gente no dia das crianças. Ah, vovô! E a mamãe deu um cesto grandão que tava lá em casa, que eu gosto de ficar dentro dele brincando. A mamãe até falou: "Graças a Deus que, agora, essa cesta vai ter alguma serventia, p'ra guardar os brinquedos das crianças, lá na casa do vovô José."

E Belinha estava radiante!

Finalmente, chega a semana dos Dias das Crianças. Vovô José vai à Cidade e compra bolas, estilingues, bonecas... Compra até docinhos e refrigerantes. E chegando, vovô José, com todos aqueles presentes, a criançada se reuniu na casa dele, e foi aquela festança.

As crianças contavam, nos dedos, o dia da nova colheita do café. As crianças ficaram tão felizes e entusiasmadas com os presentes que ganharam, que queriam ajudar, de novo, a catar os caroços da nova colheita.

Quando o café seca, sempre ficam alguns grãos verdes e vermelhos no meio. E perde a qualidade do café, se não separar tudo. Belinha e as crianças eram tão amadas pelo vovô José. Vovô José também amava todas as crianças. O vovô José tratava bem a todas.

Quando chegou o dia da nova colheita, foi a maior alegria, pois o vovó José convidou Belinha, novamente, para colher, aqueles os carocinhos de café e, depois, dar um dinheirinho. Belinha, novamente, reuniu as crianças e brincavam, inventando novos brinquedos com os grãos variados que ficavam no terreirão.

Belinha não se interessava nos valores. Ela gostava, era de brinquedos; mas ela não queria os brinquedos só para ela também. Ela gostava de compartilhar com os amiguinhos dela. E agora, era sempre faziam uma festa quando se encontravam, pois, toda tarde, eles brincavam e guardavam os seus brinquedinhos lá no cesto grande, dentro da casa do vovô José.

Belinha disse:
- Se um dia vocês irem embora do sítio, o vovô José vai dar o brinquedo de cada um.

Aí eles olharam para a Belinha e Maria diz:

- Não, Belinha! Se um dia nós formos embora, nós deixaremos os brinquedos todos para você. Que é pra você brincar, lembrar da gente e, quando chegarem as novas crianças, você pode passar esses brinquedos para elas.

Belinha sempre compartilhava as coisas dela. E com isso, todas as crianças dalí do sítio, também aprenderam a compartilhar seus brinquedos.

Então, todas as crianças sabiam que um brinquedo era de um, que o outro brinquedo era de outro, mas eles faziam trocas dos seus brinquedos. Eles também faziam troca dos seus lanchinhos, e era sempre uma festança naquele sítio, pois todos aprenderam a amar o vovô José.

E então, deitados debaixo de uma árvore, Belinha diz:

- Ahh, vovô José..!
- O que você tá pensando, Belinha?
- Ahh, tô pensando o que seria de nós, as crianças aqui desse sítio, sem o carinho do vovô José?!
- Ah! Então vamos fazer uma coisa?
- Vamos! Mas o que?
- Vamos pra casa tomar um banho, comer e dormir mais cedo, pra amanhã a gente voltar aqui e ver o que é que o vovô José tem para nós amanhã?
- Sim... Então tchau, Belinha!
- Tchau! Um beijo!
- Beijo e abraços!

Vovô José vê o movimento e diz:
- Tchau, crianças!
- Tchau!

Chegando em casa, Belinha diz:
- Oba, mamãe! O vovô José fez uma festinha maravilhosa para as crianças!
- Eu vi a festança que vocês fizeram, Belinha! E as crianças, Belinha? Onde estão as crianças?
- Elas estão todas felizes! Foram pras suas casas contar tudo pra suas mamães. E você, papai? Viu também?
- Eu vi, Belinha. E achei tudo lindo!
- Mas papai, todas as crianças também tiveram um gesto lindo, igual ao meu, papai.
- Qual gesto, filha?
- Que quando ele se mudarem daqui do sítio, vão deixar os brinquedos para outras crianças que chegarem aqui.
- Nossa! Que lindo o que vocês fizeram! Então, agora, vamos agradecer ao Papai do Céu pelos presentes que o vovô José já comprou para vocês, pois foi um presente que vocês conquistaram.
- Conquistaram, papai?
- Sim, Belinha vocês merecem! E eu agradeço ao Papai do Céu, porque foram vocês que foram lá e conquistaram o dinheiro de vocês para poder comprar os brinquedos. E o mais lindo de tudo é que vocês não quiseram saber do dinheiro. Confiaram que o vovô iria comprar os brinquedos para vocês. E como o vovó José é um homem muito honesto e generoso, ele ainda colocou uma quantia, a mais, que era para poder comprar certinho o tanto de brinquedos, para cada um de vocês.
- Que lindo, papai!
- Que lindo mesmo, Belinha! Quanto mais o tempo passa, mais eu gosto de ver você e o amor e carinho que vocês têm pelos mais velhos.
- Sim, papai! Eu amo o vovô José! E também amo a vovó... e amo vocês. Beijos!

E Belinha vai tomar o banho, pra dormir cedo, pois amanhã tem mais aventuras de Belinha com o vovô José.


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