Vejo uma criança magra, morena, de olhos castanhos intensos, vivos mas tristes. Não posso nominá-la. É uma manhã linda, ensolarada, com gorjeios de pássaros. Manhã que transborda plenitude.
A criança caminha leve, devagar. Falta nela a conexão de transbordamento que está natureza. Isto é falta de infância: bonecas, folguedos, guloseimas. A leveza do seu caminhar me sugere um pedido de colo e o seu sorriso um pedido de socorro. Ela me preenche e me traz uma profunda tristeza. Tristeza pela minha impotência.
Ela não se aproxima muito.
O espaço entre nós é necessário. Ele agride, machuca, mas o sol continua a brilhar e nos acariciar e traz na sua quentura um alento de esperança de mudança.