Oi papai, oi querido. Espero que o senhor esteja bem.
É papai, fazem quase dois anos que o senhor partiu. Cumpriu a sua missão e foi pra junto de Deus no mundo espiritual. Sei que aqui o senhor também estava junto Dele, afinal, um boa praça como o senhor jamais se afasta do Pai Celestial.
Querido papai, não quero que o senhor pense que estou triste, mas a saudade está forte. Papai querido, quantas saudades, quanta falta o senhor faz. Eu que era dura na queda, hein? Mentirinha, sempre fui chorona. Apenas fingia que era forte.
Alguém tinha que ser né?
Pai, essa é a segunda carta que faço aos antepassados. A primeira foi quando fiz o módulo 1 do Curso de Constelações Sistêmicas e agora estou revendo os módulos e fazendo as leituras. Senti desejo de escrever mais detalhadamente, falar mais sobre mim e sobre nós. Na semana anterior ao seu falecimento eu constelei.
Não contei pro senhor na última vez que nos encontramos porque não sabia como falar e talvez fosse mal interpretada. Afinal, o senhor já estava fragilizado né?
Nessa constelação apareceram o senhor, os seus pais, a tia Mana e a mamãe.
A vovó Benta chorava porque queria ter ficado mais tempo com os filhos. Que doído ver o sofrimento dela, morrendo tão jovem, com dois filhos pequenos e um bebê recém nascido. Ver ela dizer pro vô Avelino dar o bebê pros padrinhos porque não daria conta de cuidar do senhor e da tia Laura. Nossa, quanta bravura... prestes a partir e organizando a vida dos filhinhos.
Não posso deixar de me emocionar ao lembrar disso. Pai querido, quanto a vovó Benta o amou.
Apareceu o vovô Avelino, nossa... o sofrimento dele não era considerado. Viúvo pela segunda vez e novamente só com filhinhos e sem a esposa. Pude ver mais tarde, mas foi durante um outro estudo que eu fazia. Entrei em sintonia com o vovô Avelino e compreendi o que se passou com ele. Graças ao estudo sobre Constelações pude acolhê-lo com amor.
E a tia Mana? Nossa, que linda. Que tia estimada. Eu vi na constelação que ela falou pro vô Avelino: "- Meu irmão, eu te ajudo. Uma tia abençoada, né pai?" Não casou e não teve filhos próprios pra se dedicar aos sobrinhos e ao irmão. Como agradecer o suficiente por todo esse amor?
Pai querido, espero do fundo do coração que o senhor tenha encontrado eles em seu retorno ao mundo espiritual, que tenha sido um encontro muito festivo, que o senhor tenho abraçado-os fortemente e dito o quanto os ama.
Queria tanto conhecer as histórias deles. O que gostavam de fazer quando eram crianças, quais eram seus sonhos, como eram os seus pais, como se conheceram e se casaram. Minha alegria é saber que eles vivem em mim e em nossos familiares.
Também o vô João e a vó Maria tiveram suas histórias, suas dores e alegrias. Eu respeito. Jamais quero voltar a julgar as suas histórias. Sei o quanto amaram a mãe e que foram bons pais, dando o melhor que podiam e sabiam.
Por ora me despeço do senhor, mas sem me afastar. É apenas um até breve.
Com profundo amor, da sua filha,
Roseli