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Carta aos antepassados

Carta aos antepassados
Bruna Oliveira Matos
set. 11 - 6 min de leitura
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Queridos antepassados,

Não posso começar esta carta sem antes de qualquer coisa agradecer.

Agradecer pela minha vida, pelo caminho trilhado e por toda a força que sinto quanto penso em vocês.

A cada momento de fraqueza e dúvida que vivo, pensar e me conectar com vocês me faz perceber no mesmo momento que, se estou aqui e devido a força e a vida de cada um, portanto, eu também posso!

Quando penso na grandiosidade que veio antes de mim, tenho mais felicidade e leveza para seguir adiante. Sei que ninguém viveu o que viveu para que eu fosse infeliz ou não tivesse alegria em minha vida.

Quando penso em suas vidas, me emociono, querendo imaginar em detalhes como foi cada caminhada, cada decisão, cada sorriso, cada sentimento...Talvez por ser inserida em um sistema familiar repleto de historiadores, tenha tanto fascínio pelo o que já foi e pelo o que hoje faço e que será contado amanhã. Ainda não sei tanto quanto gostaria de saber sobre vocês, mas confesso que nos momentos em que fecho os meus olhos e penso em quem veio antes de mim, sentimentos de ligação surgem, mesmo sem saber tudo o que gostaria sobre os seus passos.

Sou grata por já conhecer um pouco sobre vocês desde nova, crescendo em um ambiente que fala sobre as lembranças, revira caixa de fotos e conta as histórias em almoços de domingo. Mas quando busquei conhecer mais, senti algo diferente.

Existem histórias de grandes alegrias e conquistas, de muito carinho, momentos engraçados e de acolhimento, como também tomei ciência de vivências doloridas, perdas precoces, falências e desencontros amorosos.

No que tenho conhecimento de suas histórias, percebo afinidades e características marcantes em relação aos senhores e que também carrego, principalmente, o amor pela natureza e a vontade de servir.

Alguns vieram de Portugal, outros da Espanha e outros do próprio Brasil... mas caminhos os levaram para o sul do país e para interiores, em meio a natureza, criação de animais, plantio e famílias grandes.

Tenho uma vontade muito presente em servir, ser útil, trazer o bem às pessoas. Tenho um sentimento de que sou instrumento e que as pessoas podem ser muito mais felizes e leves do que são... e quando procuro conhecer um pouco mais sobre vocês, descubro um bisavô que fazia xaropes medicinais para distribuir para toda a cidade, conheço uma vó extremamente atuante na saúde pública do bairro, descubro mães zelosas e entregues por completo ao cuidado dos filhos... E isso sentindo no fundo do coração que ainda conheço pouco da história.

Quero dizer também que passar a olhar para vocês, trouxe mais união e harmonia para comigo e aqueles que dividem este plano comigo. Quando comecei a perguntar de vocês, magias aconteceram... vi espaços cheios de amor quando contavam suas histórias.

Gostaria que soubessem que honro a caminhada de cada um, e quero a cada dia me aproximar mais de todo o amor e reverência que vocês merecem, buscando honrar cada passo que foi dado, pois sei que sem eles, eu não estaria aqui... portanto, muito obrigada!

Sei que os levo em meu coração, em meus gestos, meus gostos, minhas palavras e meus sentimentos e que com isso eu siga minha vida fazendo algo BOM!

Quero dizer que esta carta também é para você, Vó... Tive o prazer de dividir este plano ao seu lado por 15 anos de minha vida e a saudade sua é presente. Quero que saiba que a maioria das minhas lembranças mais alegres de infância e adolescência são ao seu lado e que meu amor por você ultrapassa qualquer barreira. Me senti culpada por muito tempo com o sentimento de que não dei toda a atenção que você precisava e merecia nos seus últimos anos de vida... Hoje tenho consciência que fiz o meu melhor com os recursos que tinha naquela época e que esse peso não é a melhor forma de honrar o presente que é ser sua neta. Peço perdão se deixei a desejar em algo. Sinto muito pelas situações difíceis que você passou, recebo de todo o meu coração a vida que chegou até mim e sei que você está aonde estiver torcendo pela minha alegria e conquistas, dia a dia.

Queridos antepassados, hoje eu vivo com mais consciência da presença de vocês, mesmo que ainda com sentimentos incertos, mas quero reforçar neste momento o que disse anteriormente: Quando penso em quem veio antes de mim, sinto força e escuta uma espécie de voz que me diz: “Se meus ancestrais passaram pelo o que passaram, superaram e viveram a vida fazendo com que ela chegasse até mim, eu sou capaz de ser feliz e forte para seguir e encarar o que for”.

Obrigada, obrigada e obrigada!

 

Obs: Incluo nesta carta uma foto minha tirada na casa que o meu trisavô construiu quando chegou no Brasil e passou a morar em Amaral Ferrador no Rio Grande do Sul. Meu trisavô construiu, meu tataravô morou por toda a sua vida e o meu avô teve momentos marcantes de infância lá. Um dos momentos mais fortes que já vivi, foi conhecê-la na companhia do meu avô, quando andamos por cada cômodo da casa já sem teto, e ele foi narrando suas recordações de cada cantinho quando ia visitar o seu vô, meu tataravô. 


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