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Carta aos antepassados

Carta aos antepassados
Maria Edna Fischer
out. 16 - 4 min de leitura
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Queridos antepassados. Sou de origem alemã, ou achava ser. Nunca honrei essa origem, na verdade tinha vergonha de dizer que venho da origem alemã. Achava que era porque meu pai quando moço teve que ir pra guerra e foi por culpa dos alemães. Ou talvez porque meu pai dizia pro meu tio, seu irmão que podia ter matado parentes seus na guerra, pois ele lutava contra os alemães. E isso ainda não foi perdoado? 

Mas fazendo uma pesquisa sobre meus antepassados, descobri que meus avós paternos nasceram na Hungria. Meus bisavós maternos nasceram na Áustria. Então não sou de origem alemã? 

Meus pais sempre nos falaram que sim e nossos avós e tios falavam alemão. Bem acho que as raízes são mesmo da Alemanha. Bem, não conheci meus avós paternos, meu avô Antônio conheci por foto, tinha um bigode enorme e viveu até 91 anos, já sobre a senhora vó Ana pouco sabemos, nem fotos temos sua e, pelo que consta, a senhora não tinha o nome do seu pai. 

Na busca por notícias suas, só tem o nome de sua mãe. Quanta dor a sua, vó Ana! Quanta carência de pai, do masculino! Agora eu vejo a sua dor. A sua dor também é minha dor. Não me senti amada por meu pai, e isso era pra senhora vovó, agora eu vejo você. Sem mesmo nunca ter visto uma foto sua. 

Meus avós maternos... Ah sim, esses eu conheci. Meu avô materno também se chamava Antônio, tinha um olho só, eu não gostava de olhar, aquele olho fundo sem visão. Ele dizia que tinha caído um leite venenoso de uma árvore no olho, quando jovem e o cegou de um olho, mas o senhor era um brincalhão, dizia que se duas pessoas secassem a mão na mesma toalha ao mesmo tempo, uma morria primeiro. E eu com medo de morrer soltava a toalha rápido e o senhor caia na gargalhada. Mas era verdade, pois o senhor morreu primeiro kkkk. Pois é, o senhor veio morar conosco quando meu pai morreu, para ajudar minha mãe a cuidar da gente. Mas 6 meses depois do meu pai, o senhor também morreu. Daí ficou a vó Maria morando conosco, me lembro da senhora, vovó, todas as vezes que eu faço panquecas, porque minha mãe fazia a massa da panqueca e ia pro curral ordenhar as vacas, e a senhora fritava aquela montanha de panquecas e nós, a criançada, íamos comendo. A senhora é uma figura muito importante na nossa família. Mulher séria na verdade, sem muita conversa e ao contrário do vovô, não gostava de brincadeiras. 

A senhora era parteira e, eu e mais 5 dos meus irmãos, nascemos por suas mãos. Gratidão, vovó, por ser a primeira que me acolheu quando vim a este mundo. 

Pois é, sou a 9° filha, de 11 filhos da dona Maria e do seu Gabriel. 

Meu pai, quando o senhor faleceu, eu só tinha 10 anos. Fiquei muito triste e com medo. Mas a vida seguiu em frente e nossa mãe deu conta de cuidar e conduzir nossas vidas. 

Minha mãe, mulher guerreira. Teve 11 filhos, todos de parto normal e em casa. Sempre me perguntava, quem, em sã consciência, ia querer ter 11 filhos? 

Gratidão, mamãe, por dizer sim por nossas vidas, todas são muito importantes. Agradeço por cada um de meus irmãos e por minha vida. Gratidão!

Gratidão vovôs, gratidão vovós!!!

Gratidão bisavôs... Gratidão bisavós, por virem pro Brasil. 

Assim foi possível existir meu pai. Assim foi possível existir minha mãe. Assim foi possível existirmos - meus irmãos e EU.

GRATIDÃO!


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