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CARTA AOS ANTEPASSADOS

CARTA AOS ANTEPASSADOS
Ereni Ana da Silva de Oliveira
dez. 21 - 4 min de leitura
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Queridos antepassados,

Venho humildemente com essa carta dizer à todos vocês que vieram antes de mim que honro a existência de cada um, sabendo que sem vocês eu não teria o dom da vida. 

Não conheci vocês, exceto o vô Pedro, de quem tenho vagas lembranças.

O que sei sobre vocês são relatos dos meus pais. Pelo que ouvi não foi uma vida fácil, foi de muito trabalho, lutas, doenças, machismo, submissão, autoritarismo, violências físicas, psicológicas, emocionais e abusos. 

Quanto sofrimento tiveram de passar. Sinto muito por cada sofrimento vivido por cada um de vocês. Vejo que alguns destes sofrimentos vem sendo vividos por mim e por outros dessa geração atual. Agora com um pouco mais de esclarecimento sobre as constelações familiares percebo essa sintonia, carrego comigo doenças e sentimentos que não conseguia explicar.

Ainda não sei como me livrar das dores físicas e emocionais porque as vivencio desde criança. Sofro de insônia, doença autoimune que afeta a coluna, tendões e articulações, além de fibromialgia e depressão constantes. Vi a mãe passar pelas mesmas dores a vida inteira.

Vivia apenas para trabalhar, sem prazer e sem alegria de viver.

Eu infelizmente já notei que estou repetindo a vida dela praticamente em tudo, talvez seja um modo que meu inconsciente encontrou para ser leal a ela. Quero dizer que está pesado, tenho a sensação que carrego a vida de outras pessoas do meu passado. Quero pedir que me libertem, meus queridos e queridas, quero que se libertem de mim também.

Agradeço todo o passado, legado que me deixaram. Vivo com a sensação de que foi um peso e que fui excluída e abandonada desde criança. Tive que ser adulta ainda criança, me responsabilizando e cuidando de mim para sobreviver. Minha mãe repetiu a mesma história ficando órfã aos 7 anos. Eu vivo com a falta de amor, amor de mãe... é amor interrompido.

Talvez seja a orfandade da minha mãe que assumi para mim. Fui criada numa família patriarcal, muito rígida e violenta. Meu pai foi carrasco aos meus irmãos mais velhos. Vi minha mãe desmaiando várias vezes como fuga para não ver os filhos apanharem. Senti muito medo. Como sou a penúltima dos filhos, aprendi a me encolher, a fingir que não existia para não sofrer as mesmas coisas. Com isso sou submissa até hoje em todas as situações, tanto em casa quanto no trabalho. Mais uma vez repetindo a vida da minha mãe.

Casei, de certa forma, com meu pai. Ao mesmo tempo que protege, agride psicologicamente impondo seu autoritarismo. Não aprendi a lidar com dinheiro, pois isso era coisa rara na vida da família. Hoje não sei gastar comigo, me sentindo culpada quando compro algo para mim apesar de trabalhar desde os 12 anos. Tive bons exemplos de valores, como lealdade, honestidade, amizade, humildade...

Meus pais, na maioria das vezes fizeram o que acharam melhor, deram o que tinham e sabiam para os filhos.

Noto que o sentimento de pertencimento familiar é preponderante. Quero poder ter a escolha de não sofrer as mesmas coisas que minha mãe. Ela não merecia ter sofrido tanto, era uma boa mãe, assim como eu. Por isso quero transmitir aos meus antepassados que eles já cumpriram as suas missões.

Obrigada a cada um que veio antes de mim e me fez o que sou agora.

Agradeço por tanto!

 

Wood Cutout Primitive Hanging Heart with Key by barbsheartstrokes,


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