Queridos Antepassados, hoje pouco sei da real história de vocês.
O que sinto e o pouco que vejo nesse sistema do qual pertenço é a falta de amor e a falta de inclusão. Vejo ainda muitos excluídos procurando o seu lugar. Vejo crianças mendigando por amor. Vejo que essas dificuldades iniciaram há muito tempo. Lá atrás, não foi com vovô ou com você vovó.
Vejo o quanto foi difícil pra vocês aceitarem a vida que tiveram. Vejo as crianças fora do casamento. Abusos e dor. Desespero e solidão. Medo e angústia.
Exaustão e vidas curtas.
Hoje vejo que começou lá atrás e não existem culpados. Certo ou errado. Não foi de agora. Repetições passadas de pais para filhos. Geração após geração. Rompimentos e perdas significativas. Vejo os assassinatos e as mortes coletivas em campos de concentração e em florestas. Roubos de terras. Raiva e ira.
Mulheres abandonadas e roubadas.
Também mulheres guerreiras que deram voz a sua voz. Que ousaram em seu tempo e foram grandes sábias diante da vida. Homens guerreiros que levaram o sustento para casa. Que cuidaram e zelaram sua família. Vejo curadores e curadoras. Fortes, destemidos e sobreviventes felizes. Crianças sendo crianças. Brincando e se divertindo.
Mulheres lindas e sábias.
Homens generosos.
A falta existiu, a falta de amor, de dinheiro, de paz, de vida.
Mas, hoje começa a ser diferente. Começa a haver reconhecimento, da dor e do amor, humildade e lealdade pelo amor. Olhando pelo e para o amor. Honrando tudo como foi, só assim a vida foi possível e chegou até mim.
Agradeço.