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CARTA AOS ANTEPASSADOS

CARTA AOS ANTEPASSADOS
Silmara Schultz
jan. 29 - 5 min de leitura
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Escrevi minha carta no dia 07, mas só hoje publico.

Exatamente hoje, dia 07 de janeiro, faz um ano desde a sua partida papai. Depois de tantas lutas pela vida e pela sua evolução, olho para trás e sinto um misto de alegria, saudade e gratidão por tudo o que pode fazer por mim, principalmente pela vida.

Me ensinou através da doença como podemos ser fortes e sermos felizes, quando vivemos a doença também como a nossa libertação. E as viagens para o tratamento, que se tornavam num piquenique no carro, com lanchinho, piadas e brincadeiras?

Enfrentou a doença, usou-a como forma de compensar o tempo que não teve conosco, enquanto nós éramos crianças. Sei que foi difícil viver sem mamãe e ainda ter que atender nossa irmã especial, por isso e por já ter na família casos de alcoolismo, não conseguiu resistir e se entregou também, trazendo junto a depressão.

Ensinamento da mamãe para nós que ficou é de seguirmos sempre juntos e se ajudando. Assim foi esse período de 17 anos desde que ela partiu. Quando olho para você mamãe, tenho muito orgulho, pois foi a oitava filha de 17 irmãos. Dentre eles, 3 abortos e mais 2 falecidos de trigêmeos, ainda bebês. Sei que teve uma vida sofrida, trabalhava na roça... Mas aprendeu muito com a vida. Ajudou a cuidar dos irmãos. Costurou roupas para eles desde nova. Era muito forte, decidida, caprichosa, talentosa e empreendedora.

O alcoolismo papai a fez sofrer muito e depois de tantos anos de trabalho a espera de sua aposentadoria, se foi, se aposentou definitivamente, vítima de um infarto fulminante. Seu coração parou, e eu vivi o momento mais terrível, que me atormentava só de pensar. Sabe mãe, desde pequena queria lhe agradar e fazer as coisas para chamar a sua atenção para mim, pois sentia que não teve tempo, já que meu irmão veio logo depois e eu sobrei. Me senti sem valor.

Como eu era a terceira filha mulher, esperava com alegria um filho homem para agradar papai. Mamãe, sempre te amei demais e tinha vergonha de dar e pedir um abraço e poder te falar o que sentia. Hoje consigo te entender melhor e posso te dizer que não é fácil cuidar de oito filhos, sendo dois com mais necessidade e sem dinheiro.

Fez o seu melhor e me ajudou a sair da depressão aos 17 anos. Eu só posso dizer te amo, gratidão. O amor que senti por você foi o melhor sentimento que existiu em mim. Está tudo certo, isto aqui é uma experiência, um aprendizado. Honro a vocês, papai e mamãe por tudo o que fizeram por mim e meus irmãos. Tomo o que me pertence e deixo a vocês aquilo que lhes pertence.

Vó Maria, mãe de minha mãe, não te conheci. Faleceu quando eu tinha 7 meses. Mas tenho orgulho de ti. Foi uma esposa presente e recebeu todos os filhos que Deus lhe concedeu, 17 ao todo. Amou-os e cuidou, seguindo exemplo de sua mãe, minha bisavó que teve 9 filhos também. Alemã de olhos claros, muito linda!

Já do senhor, Vô Aníbal, tenho algumas lembranças muito boas. Homem culto, inteligente, dono de áreas de plantação e engenho de farinha. Ainda me lembro do engenho, devia ter uns 4 ou 5 anos, quando acompanhava a mamãe. O senhor teve muitos netos, família grande espalhada por este Brasil. Amo o conhecimento e a leitura, assim como o senhor. Vejo que a mamãe teve muitos exemplos em casa, por isso sempre foi guerreira. Gratidão vô Aníbal e vó Maria, por me concederem minha mãe Jandira e por tudo o que faz parte de mim e me leva em busca do desconhecido.

Enalteço em mim o melhor de vocês. 

Também não posso deixar de ser grata a você meu avô Leopoldo. Não te conheci, mas foi por uma decisão sua que estou hoje aqui. Depois de ficar viúvo e já com 49 anos aceitou a vó Frida como sua esposa e com ela teve outros filhos. Casamento arrumado por minha tataravó, pois vó Frida não morava com sua mãe, minha bisavó.

Pelo que sei, você não viveu muitos anos, mas deixou uma família grande. Depois de seu falecimento, vó Frida continuou a cuidar de todos os filhos e netos que iam chegando.

Como era bom sentar ao ladinho do fogão a lenha e escuta-la a contar histórias folclóricas que mais tarde fui aprender na escola.

E aos que não conheci, bisavós Osório e Etelvina, João e Ana; bisavós paternos, entre eles a tataravó Marcilia, e demais membros do meu sistema familiar, eu vos agradeço por tudo o que passaram e que garantiram as gerações futuras, gratidão!


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