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CARTA AOS ANTEPASSADOS

CARTA AOS ANTEPASSADOS
Eliziane Schaefer Buch
abr. 2 - 5 min de leitura
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Queridos antepassados,

Quero dizer aqui, a todos vocês que eu sinto uma conexão muito grande com minha avó paterna.

Desde que inicie meus estudos em constelação sistêmica familiar, há 5 anos, percebi muitas afinidades com ela, e quando fui pesquisar sobre a vida dela, tomei conhecimento de muitos sofrimentos, frustações, medos e até solidão.

Esta carta vai ser dedicada à ela: minha avó Olga, que faleceu com 73 anos, teve 9 filhos, dos quais 2 morreram ainda bebes. Ela já tinha 5 filhos (Arnildo, Simildo, Rudi, Menno e Romeo) e 1 filha (Virga), quando a Anita nasceu em 1934, mas faleceu com 7 meses. 

Nessa época, vovó estava gravida novamente, de Sônio, que nasceu em 1935, mas faleceu com 4 meses. Logo em seguida mais uma gravidez, a de meu pai Hilário, e mais uma tristeza, meu avô falece abruptamente de infarte, aos 36 anos, em novembro de 1937, faltavam exatamente 3 meses para o nascimento do meu pai.

Entendo hoje muitas situações ligadas à orfandade, como o alcoolismo de meu pai, meus irmãos e alguns tios. Também vícios em jogos com dois tios, que eram os filhos mais velhos.

Quando me dei conta desta história, eu pude imaginar o seu sofrimento. Eu sinto muito vovó pelo seu destino de dor. Eu sinto muito minha avó, por a senhora não ter sido vista com o respeito que merecia.

Se eu lhe ofendi, ou desrespeitei alguma vez em sua vida eu peço perdão, eu era muito menina quando muitas vezes minha mãe vinha reclamar das suas atitudes. Mas, hoje eu compreendo o porquê da sua busca incessante pela minha companhia, quando a senhora deixou o seu quarto para vir dormir no quartinho ao meu lado.

Querida vovó, eu tenho muito amor pela senhora, eu sinto muito a sua falta, tenho muitas saudades da senhora, se eu pudesse voltar no tempo e te abraçar novamente, eu ficaria imensamente feliz.

Muitas coisas mudaram em mim, eu comecei a honrar a sua história, minha avó, e respeitar a sua dor e defender a sua memória, ainda mais porque a senhora morou muitos anos com meus pais, e minha mãe teve muitas desavenças consigo durante este período.

Hoje eu fiz a minha mãe enxergar a sua importância em nossas  vidas minha avó, porque, enquanto minha mãe trabalhava e viajava com meu pai, quem cuidava de mim e dos meus 3 irmãos era a senhora.

Sim vovó, eu vejo a senhora, gratidão por tudo o que fez por mim, gratidão pela vida, gratidão pelo alimento que preparou para mim, gratidão pelas vezes que me deu banho, que trocou a minha roupa, que me deu carinho, que me deu amor.

Gratidão minha vó, pela minha vida que veio através de meu pai.

E se eu carrego alguma dor em meu corpo em meu excesso de peso, eu entrego a senhora minha vó. Eu agradeço o tempo que esta gordura ficou comigo, já foi o suficiente, eu me despeço agora desta energia que ficou em mim, ela pode ir e ocupar o seu lugar de origem, pois agora eu já olhei e curei esta dor e posso seguir o meu caminho feliz e livre, porque já trabalhei para o meu sistema.

Logo que a senhora ficou viúva, minha avó, teve que distribuir seus filhos mais velhos para os parentes e ficou somente com minha tia Virga e com os dois menores, que eram o tio Romeo e o meu pai recém-nascido. A senhora acabou perdendo todos os bens, ficou somente com uma pequena casa, acredito que tenha até passado fome, viveu muitos anos com a ajuda de parentes e, na medida que os filhos foram ficando adultos, também foram ajudando no sustento.

Por isso quando meu pai se casou, em União da Vitória, foi buscar a senhora para morar com ele. Eu tinha 15 anos quando do seu falecimento, a senhora tinha diabetes, o último suspiro eu vi, foi um suspiro longo, profundo. Estávamos eu e minha mãe no quarto do hospital.

Meu pai faleceu com a mesma idade que a senhora, minha avó, 73 anos. Ele faleceu do coração, uma cirurgia que não deu certo, tinha as veias do coração e pernas ossificadas, impedindo o auxílio do coração artificial no momento da cirurgia. Mesmo assim, ficou 33 dias na UTI, sempre acho que ele pensou em tudo, para nos acostumar aos poucos com sua ausência.

Este ano fazem 10 anos da sua morte e 40 anos da sua, minha avó querida.

#cartaaosantepassados

 

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