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CARTA AOS ANTEPASSADOS ... DESPEDIDAS

CARTA AOS ANTEPASSADOS ... DESPEDIDAS
Rosinéia Censi Lenfers
mar. 5 - 4 min de leitura
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Queridos antepassados que vieram da Itália e Alemanha, mas também os nativos do Brasil.

Quero compartilhar com vocês um pouquinho da minha vida nesta carta para juntos compreendermos parte do nosso sistema.

Desde criança tive dificuldades com despedidas.

Nasci em Blumenau, Santa Catarina e meus avós, tanto materno, quanto paterno moravam em Taió, interior de Santa Catarina.

Quando a minha mãe estava grávida de mim, ela, meu pai e minha irmã, mudaram de Taió para Blumenau e foi um período bem difícil para eles. Tiveram que conseguir um trabalho, uma casa, conhecer a cidade, etc. Minha mãe conta que ela chorava nesse período porque sentia medo e tristeza.

Quando eu tinha uns 2 anos fiquei por 8 meses na casa dos meus avós maternos e minha irmã na casa dos avós paternos. Isso foi necessário porque meus pais trabalhavam o dia inteiro e aos finais de semana estavam construindo nossa casa própria em Blumenau. Agradeço a Deus por vocês terem me dado os meus pais, eles são pessoas especiais, do bem, honestas, trabalhadoras, sem vícios e tem muita em fé em Deus.

Nas férias escolares minha irmã e eu ficávamos o período de férias revezando na casa dos avós maternos e paternos, que moravam bem perto em Taió. O problema estava na hora de voltar para casa, eu ficava muito mal, já chorava antes e durante a despedida então, eu não conseguia nem agradecer nem falar nada, ficava engasgada no choro.

E grande parte da viagem estava chorando, não conseguia falar nada.

Em 2014, me casei e mudei para Curitiba. Acho que metade da viagem no dia da mudança vim chorando. Já em Curitiba refletia como devia ter sido difícil a vida que meus antepassados tiveram, que vieram de outro país, outro idioma, costumes, sem ter nada de material, apenas a esperança, coragem, a vontade de trabalhar e de ter uma vida digna num país abençoado como o Brasil.

O problema das despedidas continuou, cada vez que íamos visitar meus pais ou eles vinham nos visitar, na hora da despedida, o de sempre, o choro, eu não conseguia agradecer a oportunidade por termos estado juntos, uma tristeza que dói na alma.

Um fato interessante que ocorreu foi ainda em 2014, quando meu marido e eu fizemos o passeio de Maria Fumaça de Carlos Barbosa no Rio Grande do Sul, no momento em que o trem estava chegando para embarcarmos, tanto meu marido quanto eu começamos a chorar. Sentimos um misto de tristeza e emoção que não tem como explicar. No mesmo dia, ainda comentamos que talvez tenhamos sentido aquelas emoções em função dos nossos antepassados ou de outras vidas.

Em 2017 comecei a fazer Terapia e a minha Terapeuta, disse para eu ressignificar a DESPEDIDA em minha vida, que ao me despedir deveria estar alegre e grata por ter tido dias felizes ao lado da minha família, e que se eu ficasse triste quando eles forem, eles também ficariam tristes.

Enfim, por um tempo consegui segurar o choro, mas depois voltei ao mesmo comportamento.

Hoje, dia 28 de julho de 2020, não vejo minha família pessoalmente desde 09 de fevereiro de 2020 por causa da Covid-19. Quando eu puder reencontrá-los vou chorar na chegada e na despedida...

Compartilho isso com vocês porque acredito que viveram essa tristeza ao se despedirem de seus familiares, dos amigos, da sua casa, do seu país.  Acredito que trago esse comportamento de sofrer ao me despedir por conta do que vocês passaram, mas também pela dinâmica da minha vida.

Queridos antepassados é com muito carinho que quero agradecer pelas suas escolhas e a coragem que tiveram.

Sei o quanto é difícil mudar de cidade, imagino a preocupação, insegurança e medo que tiveram ao mudar de um país, e ainda numa época em que tudo era muito precário, a viagem, a comunicação, a alimentação, etc.

Que vocês recebam todo meu amor, gratidão e respeito pelo caminho que percorreram e que hoje possamos curar nosso sistema.

 

Com carinho,

 

Rosinéia Censi Lenfers

 


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